Capítulo 43

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— Eu preciso falar com a minha mãe primeiro.

Foi a única resposta que eu consegui falar à tempo.

— Sua mãe? Ela não vai gostar muito!

— Para você ver. — Dei de ombros.

— Você não quer ficar, não é mesmo? — Micael entristeceu.

— Micael, olha só para a gente. — Me afastei dele. — Você agora tem um filho. Eu não terminei o colegial e ainda sou de menor.

— Você faz aniversário daqui há dois meses. Pode muito pensar como uma adolescente de maior!

— É, mas os meus pais precisam saber que eu estou me mudando, definitivamente. — Gesticulei. — E ainda tem a parte que...

— A parte que? — Micael levantou uma sobrancelha.

— Eu estou namorando você. Minha mãe vai ter outro filho se eu contar essa atrocidade! — Pensei alto, fazendo uma careta após encarar as feições de Micael. — Desculpa. — Mordi a ponta dos meus dedos, nervosa.

— Atrocidade? — Micael cruzou os braços. — Namorar comigo é uma atrocidade?

— Micael, entenda! Você é mais velho! Para os pais sempre é um choque, apesar de tudo. — Minha mãe surtaria ao pensar nessa possibilidade. — Eu juro que vou conversar com ela, tudo bem?

— Eu não quero que você me prove nada, Sophia! Eu só quero que você seja feliz, porém, comigo. Nos amamos, isso que importa! Não é mesmo?

— Lógico. Você tem razão! — Assenti. — Mas vamos ir com calma. Eu vou conversar com ela sobre a possibilidade de, enfim, morar aqui em Malibu quando o curso acabar.

Micael sorriu, se aproximando para me dar um beijo. Finalizamos minutos depois, com selinhos.

— Quer ir para a casa mais tarde?

— Desde quando você ficou rebelde?

— Desde quando minha vida ficou um caos, eu descobri que tenho um filho e quero relaxar com a minha namorada. — Mordeu o meu pescoço. — Falando nisso, você foi ao médico? — Nos encaramos.

Fiquei em transe ao lembrar do mico no ginecologista!
Hilary me passou um ginecologista bastante famoso em Malibu, me acompanhou na consulta enquanto morria de vergonha. Eu nunca mais queria passar por aquilo, nunca mais! Mas era importante, necessário. Fora o mico, estava tudo certo.

— Eu fui. — Revirei os olhos. — Ele me examinou.

— Óbvio! Médicos fazem isso. — Micael riu. — E aí?

— E aí que nada demais! Ele me perguntou do anticoncepcional. — Revirei os meus olhos, de novo.

— E te receitou algum?

— Sim.

— E por que você está revirando os olhos? Foi tão ruim assim?

— É que... Eu vou ficar presa por um remédio? Eu odeio tomar remédio!

— Sophia, pensa pelo o lado bom. — Micael segurou os meus braços. — Você não sabe ainda o que é fazer sexo de verdade, querida.

— Então aquilo foi mentira? Misericórdia! — Gesticulei. — Eu sou muito cabeça de vento, Micael!

— Mas vai parar de ser, entendeu? Eu vou te lembrar todo o santo dia de tomar os anticoncepcionais. — Disse sério. — E ai de você esquecer, Sophia.

— Eu não vou esquecer. — Me entristeci. — Se é pelo bem da humanidade, eu irei tomar.

— Isso ai. Você vai ver que vai ser bom até para você!

— Vai mesmo? — Fiz um olhar de deboche. — Parei. Eu sei que vai ser. — Suspirei.

Micael negou com a cabeça antes de me dar outro beijo. Saímos da sala alguns minutos depois, combinando de sair mais tarde.

Estava abrindo a porta do alojamento quando senti meu smartphone vibrar diante do bolso da calça. Sorri animada, passando pela porta com tudo e atendendo a vídeo-chamada no mesmo instante.

— AAAAAAAA, SÓ ASSIM PARA FALAR COM VOCÊ, NÃO É MESMO?

Mel apareceu vibrante do outro lado da tela. Sorridente e feliz, como sempre!

— Eeeeei! Como você está? E as férias?

— Eu já voltei! E quando você volta? Nunca mais ligou, nunca mais mandou mensagem. Sua mãe andou contando as coisas que aconteceram por ai.

— É, eu acabei me emboscando. Quer dizer. — Fechei os meus olhos. — Minha colega de quarto acabou se dando mal.

— E quando você volta?

— Mês que vem. — Senti um aperto no peito. — Amiga, você precisa me ajudar! Eu não aguento mais guardar isso para mim.

— Aí meu Deus, o que você aprontou?

— Vai me deixar eu contar sem ficar gritando como uma doida?

— Depende da situação.

— Ok. Vou contar! — Me preparei.

Fiquei em torno de uma hora contando todos os detalhes da minha relação com Micael. Pulei a parte de ter perdido a virgindade com ele, mas contei à Mel que não era mais virgem. Os detalhes desse dia poderia ficar guardados somente comigo.

— Cacetada, Sophia! E agora?

— E agora que ele quer que eu more aqui. Depois do curso acabar! Eu não sei o que fazer, estou desesperada.

— Como você vai morar aí sendo que ele tem um filho e é quase da idade do seu pai?

— Obrigada por lembrar esse mísero detalhe.

— Cara, eu acho loucura você falar com a sua mãe sobre isso. Ela vai odiar a ideia! Fora que vai denunciar esse homem por pedofilia.

— Nada a ver, Mel. — Fiquei com medo. — Até lá eu já vou estar de maior, ela não pode mandar em mim.

— Pode sim, ela é a sua mãe!

— Você precisa me ajudar e não ficar piorando a situação.

— A situação já está piorada, Sophia. Não tem o que fazer. Você precisa agilizar antes que esse homem faça algo com você.

— Eu gosto dele, Mel. Eu amo ele!

— Aí meu Deus, eu não estou escutando isso.

— Vai me ajudar ou vai piorar as coisas?

— Um conselho que eu te dou: se você quer realmente ficar por aí, converse com a sua mãe e veja o que é melhor para você! Mas eu ainda acho loucura você se prender por um cara que é dez anos mais velho.

— Que tabu, hein Mel? E daí se ele é mais velho do que eu?

— Muita coisa, minha filha! Mas a vida é sua e você precisa tomar uma decisão sobre isso.

— Exatamente. — Fiquei irritada. — Obrigada por você me dar ótimos conselhos. — Soltei em deboche.

— De nada. Mas pensa bem! Olha a burrada que você vai fazer, se for seguir o seu coração. Você só tem dezessete anos, tem o mundo pela frente ainda, Sophia.

Por um lado, Mel tinha razão. Eu estava me prendendo rápido demais à Micael, que já tinha muita experiência de vida, mais do que eu.

Por outro lado, eu não queria deixá-lo. Meus planos seriam terminar o colegial em Malibu, começar uma faculdade e me juntar com ele.
Ganharia total apoio do mesmo, porém, minha família não iria gostar nada disso.

Começando pela minha mãe.

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