Capítulo 57

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— Haaaaarrisooooon. Junte os seus brinquedos!

Soltei um riso sincero enquanto virava meu corpo de um lado para o outro, me espreguiçando. Abri meus olhos, me acostumando com a claridade.

Estava nua quando me enrolei no lençol para andar até à suíte, tomando um banho quente e confortável. Escovei meus dentes e coloquei uma roupa fresca, pronta para saber o que aconteceria naquele dia.

Minhas aulas no colégio novo só começavam na semana que vem, e Micael seguia pilhado para arranjar um novo emprego.

— Bom dia, Soph. — Harrison abraçou minhas pernas. — Você não sabe o que aconteceu! — Subiu o rosto para me olhar. — Minha mãe está voltando, ela ligou para o meu pai e ficou chorando no telefone.

— Bom dia, Harrison. — Balbuciei, assustada com tanta informação. — Por que sua mãe estava chorando? — Fiz cafuné em seus cabelos.

— Harrison anda um fofoqueiro de mão cheia! — Micael apareceu, não tinha uma cara muito boa. — Bom dia, querida. Dormiu bem? — Sorriu para mim.

— Bom dia. — Sorri leve. Impossível ter dormido mal. — Quais são as novidades por aqui? — Levantei minha sobrancelha.

— Paola está voltando de sei lá aonde, disse que vem buscar o Harrison na caída da noite. — Andamos até a mesa do café. — Você acredita?

— Acredito. — Assenti enquanto me sentava. — Paola me parece fazer o que cumpre. Quer dizer... — Despejei o café na xícara. — Não posso mais me meter nesse assunto, como combinamos. — Resmunguei.

— Na verdade você pode, aquele dia eu me equivoquei. — Micael colocou as mãos no rosto, um pouco cansado pelas situações.

— Papai, eu não quero ir embora. — Harrison roubou dois cookies da mesa, saindo correndo até à sala.

Achei engraçado, não entendendo o por quê dele ter feito isso.

— Você está com medo da Paola? — Bebi meu café enquanto observava as feições de Micael mudar.

— Medo por que?

— Medo! Ela vai voltar, não sabemos o que aconteceu. — Levantei os meus ombros. — Ela te disse algo a mais?

— Não, Sophia. Conversamos somente sobre o Harrison! — Esbraveceu.

— Eu não quis dizer isso, Micael. — Rolei meus olhos. — Eu só quero saber o que está acontecendo de fato, o Harrison é inteligente! É difícil conviver com uma mãe que é cheia de problemas. Eu me preocupo com ele! — Soltei, desafogando meus sentimentos.

Micael arqueou uma sobrancelha para me encarar.

— Acho incrível você se preocupar com o Harrison, de verdade. — Segurou minha mão. — Eu jamais pensei que seria assim.

— Eu ainda sou de menor mas você pode se surpreender comigo. — Sorri maliciosamente. Micael fez o mesmo, negando com a cabeça.

— Ok, essa conversa nós podemos deixar para mais tarde. — Tirou suas mãos da minha. — Hoje eu tenho o dia cheio! Vou fazer uma entrevista de emprego em uma faculdade.

— Faculdade? — Me surpreendi. — Que legal! Tem mais informações?

— Por enquanto é somente a entrevista de emprego, eu não sei muito bem o que vai acontecer. Mas acredito que vá dar certo! — Disse confiante. Sorrimos uns aos outros.

— Não tenho dúvidas. — Joguei um beijo para Micael.

Harrison dormiu durante a tarde, Micael foi fazer a sua entrevista de emprego e eu fiquei sozinha, literalmente. Pintei minhas unhas, pranchei meus cabelos, tentei fazer um bolo que não deu certo e fiquei a maior parte do tempo observando Harrison dormir. Estava quase caindo no sono também, mas escutei a campainha tocar.

Só não esperava encontrar Paola.

— Você. — Ela passou por mim. — Preciso pegar meu filho e ir!

— Paola, espera aí. — Toquei seu ombro.

Paola me olhou de cima à baixo, não gostando que eu havia feito isso com ela.

— Precisamos conversar! — Engoli seco.

— Eu não tenho nada para conversar com você. Aliás, você é só namorada do Micael, não é nada do Harrison. — Cuspiu as palavras.

— Por favor, eu quero conversar tranquilamente com você. Ok? Sem farpas. — Rendi minhas mãos. — Eu sei que você está cheia de problemas, assim como eu também estou. — Lembrei da briga com os meus pais.

Paola foi cedendo aos poucos, abrindo espaço para uma conversa franca.

— Eu não tenho nenhum problema. — Deixou uma lágrima cair.

— Ah, não? Se não tivesse, não estaria chorando.

— Garota...

— Paz, por favor. — Voltei a render minhas mãos. — Eu quero te ajudar, Paola! Independente de tudo, eu também sou humana.

— E como eu vou acreditar em você?

— Acreditando. — Respirei fundo. — Você pode contar comigo, assim como pode contar com o Micael também. — Assenti. — Será que agora a gente pode conversar?

— Já estamos conversando. — Soou grossa.

Paola ficou alguns segundos em silêncio, tentando baixar a guarda para falar comigo. Soltou um suspiro, logo após, chorando horrores em seguida.

— Meu namorado é ciumento demais. — Fungou. — Ele acaba perdendo o controle e... — Remexeu as mãos, chorando em silêncio. — Eu tive que ficar fora porque eu não aguento o Harrison presenciando isso, entende?

— Ele bate em você? — Paola assentiu. — E você já tentou denunciar em algum lugar?

— Não adianta. Ele é mais poderoso do que eu! Ele pode até me matar se algo sair de casa e... Eu não quero nem pensar. — Bagunçou os cabelos.

— Paola, você precisa de ajuda! Eu sei que é difícil por conta do Harrison mas você não pode viver em um ambiente desse tipo. Ele é uma criança!

— Eu sei, é por isso que...

— O Micael sabe disso?

— Não, eu preciso contar mas não tenho coragem. Ele também me mataria.

— Sou a favor de você marcar uma conversa com ele...

— Sophia, eu já tenho uma decisão! — Nos encaramos.

— E então? Você pensou em alguma coisa que a gente possa te ajudar?

— Eu vou ir embora e deixar o Harrison aqui. Com você! — Arregalei meus olhos. — Eu vou ter que abandoná-lo.

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