Capítulo 41

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Acordei mais cedo no dia seguinte, fazendo minhas higienes matinais e me vestindo. Desci um pouco antes do horário, tentando pegar Micael quando chegasse.

Mas meu plano deu um pouco errado, porque ele não tinha vindo. Eu estava começando a estranhar!

O professor substituto e chato nos entregou todas as atividades que Micael havia deixado no jeito. Eu realmente estava preocupada quando comecei a fazer minhas lições, não estava prestando a atenção, eu queria saber de Micael.

Me levantei da mesa, indo até o professor substituto, tentando arrancar algo dele.

— Professor, tudo bem? — Cerrei meus dentes. — O senhor sabe o que aconteceu com o professor Micael?

— Ele faltou. — Você jura?

— Sim, eu sei. É que... Ele não é de faltar! Ele odeia faltas! — Assenti, bem curiosa para saber.

— Deve ter acontecido algo na casa dele. Não sei! — Deu de ombros. — Já fez a sua atividade?

Revirei meus olhos e voltei para a minha mesa, fazendo as atividades.

Na parte da tarde, liguei para Micael novamente mas o mesmo não me atendia. Comecei a ficar bastante preocupada, me dando a ideia de fugir do campus, de novo.

Chamei um táxi indo até a sua casa. Eu queria saber o que estava acontecendo!

— Micael? — Bati em sua porta quando cheguei. As janelas estavam fechadas, porém, o carro estava na garagem. — Micael, abre essa porta!

Alguns minutos se passaram, Micael abriu. O rosto inchado de tanto dormir, os cabelos bagunçados e... Ele estava de ressaca?

— Sophia? — Franziu o cenho. — O que está fazendo aqui? Era para você estar no campus.

— Eu quero saber o que está acontecendo. — Entrei à força.

Vi as garrafas de vinho em cima da mesa, porém, apenas uma taça.

— Você bebeu? Está de ressaca? — Perguntei.

— Eu bebi. — Colocou as mãos na cabeça. — E agora estou de ressaca. Satisfeita? — Soou grosso.

— Não! Por que você está agindo desse jeito? O que ela te disse?

— Sophia, eu não quero falar disso agora. Tudo bem? — Fez uma careta quando passou a mão na cabeça, pela segunda vez. — Eu só quero dormir e esquecer que eu existo. Pode ser?

— Micael, eu preciso saber o que aconteceu com você. — Cheguei mais perto. — Essa doida chega aqui do nada e você some, o que está acontecendo?

— Eu ainda não posso te falar. — Nos encaramos. — Não agora.

— E por que não?

— Porque não dá, Sophia. — Rolou os olhos. — Eu preciso me organizar primeiro e depois te contar.

— Você está me deixando com medo. — Segurei sua mão.

Micael me puxou, me dando um abraço apertado. Beijei o seu ombro.

— Não gosto de ver você assim, sabia? — Soltei.

— Eu vou ficar bem! — Sorriu leve. — O professor substituto é legal? — Mudou de assunto.

— Ele é um chato. — Micael riu. — Senti falta de você hoje.

— Eu também senti. — Nos entreolhamos. — É que eu não podia sair daqui mesmo.

— Mas o que aconteceu? Por que você não pode me contar ainda?

Micael balbuciou antes de falar algo, me chamou para sentar no sofá, ainda sério.
Eu realmente estava ficando com medo.

Você me ama? — Micael me perguntou.

— Claro! Amo você. Agora me conta o que aconteceu! — Voltei ao assunto.

— Vou te explicar. — Micael respirou fundo. — Quando eu e Paola nos separamos, ficamos naquele processo de idas e voltas sem fim, ela praticamente ficou morando na minha casa um bom tempo, até achar um lugar.

Meus olhos fixaram em sua face, prestando a atenção.

— Quando ela perdeu o bebê, nós ficamos arrasados! E aí depois veio a separação, idas e vindas, a gente não sabia muito bem o que estava fazendo.

Meu coração gelou por cinco segundos.

— Eu fiquei um bom tempo sem ver a Paola, o que me surpreendeu quando ela apareceu aqui. — Micael se lembrou. — Mas não sabia que ela apareceu cheia de surpresas.

— Micael, desembucha! O que aconteceu com ela?

— Paola me trouxe um documento de registro. Ela engravidou nesse meio tempo.

Fiquei sem palavras!

— Ela me pediu um teste de paternidade. Mas eu tenho noventa e nove por cento de chances de ser o pai. — Micael ficou sério, tinha os dedos enlaçados uns aos outros.

— Impossível! — Me levantei. — Há quanto tempo vocês estão separados?

— Há muito tempo! Foi aquilo que eu disse...

— Micael, impossível!

— Sophia. — Ele cerrou os olhos.

— Como ela chega do nada dizendo que tem um filho seu? Nada a ver! É muito tempo!

— Sophia, o garoto é a minha cópia! Não tem o que tirar.

Ok, eu não tinha palavras para descrever o que eu estava sentindo. Micael abaixou a cabeça, pensando no que estava acontecendo em sua vida.

Eu? A mesma coisa! Eu não conseguia dizer mais nada.

— Então você é o pai da criança?

— Marcamos o exame de DNA na semana que vem. — Me contou. — Mas eu tenho quase certeza...

— Entendi. — Respirei fundo. — Sua vida vai virar um caos, não é mesmo?

— Minha vida já está um caos. — Me encarou. — Eu realmente não esperava receber essa bomba, tudo de uma vez.

— Se sua cabeça está confusa, imagine a minha. — Sentei ao seu lado novamente, bufando.

Micael me observou, franziu o cenho.

— Pensei que você ficaria brava.

— Por que eu ficaria? Isso acontece. Quer dizer, não era para acontecer mas acontece. — Levantei os meus ombros. — Se o filho for seu, você vai ter um bebezinho.

— É, vou ter um bebezinho. — Micael não estava feliz com a situação. Nem mesmo eu estava. Seria um caos para nós dois! — Pensei que você iria me deixar.

— Por conta da situação? Claro que não! Eu sei que é complicado você se relacionar, ainda mais tendo uma criança, mas, estou tranquila com isso. — Sorri leve. — A menos que ela tente intervir algo na sua vida.

— Paola? Eu não quero nada com ela! Se realmente for isso, ela será somente a mãe do meu filho.

Aquilo me fez sorrir. Micael não gostava mais de Paola, o que dava chances para seguirmos à diante com o nosso namoro, agora, um pouco conturbado.

— Então o teste de DNA é na semana que vem?

— Sim. Marcamos para a semana que vem! — Micael avisou. — Vou morrer até lá!

Eu também, Micael.
Eu também!

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