Capítulo 50

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— Acho que hoje era para ser o dia mais importante da sua vida.

Micael comentou enquanto mexia em um saleiro pequeno, desanimado. Fomos até uma lanchonete perto do campus, tentar comer alguma coisa depois do acontecido.

— Não exagera, é só um curso. — Soltei, com minha voz embargada.

— Tem certeza que não quer comer alguma coisa?

— Eu não quero fazer nada, Micael. Acho que podíamos ir embora, que tal? — O encarei, bem triste. Um turbilhão de pensamentos passando pela minha cabeça.

Estava dividida naquela situação mas não podia manter silêncio aos meus pais. Pena que fui tratada da pior forma possível.

— Ir para a casa? Claro que não! — Esbraveceu. — Você precisa comer! Não vou te deixar de estômago vazio.

— Eu estou sem fome.

— Querida. — Micael segurou em minhas mãos. — Olhe para mim, sério! — Chamou minha atenção.

Subi meu olhar azul à Micael, querendo chorar.

— Você fez o que devia ser feito! Eu sei que são seus pais mas sua mãe não deveria ter te tratado desse jeito. — Rolou os olhos. — Ela faria isso se você fosse de maior, tenho certeza.

— Eu não sei, Micael. Minha mãe é imprevisível demais! — Massageei minhas têmporas. — Eu só queria deitar em uma cama, me trancar em um quarto e pensar em tudo o que aconteceu hoje.

— Sophia, parou! Por favor.

Tive a atenção em Micael.

— Sua vida agora é outra! Seus pais tecnicamente deixaram você, doa a quem doer. — Foi rude. — Precisa seguir sua vida. Estude! Alcance objetivos! Sua mãe vai voltar atrás quando ver que você está em outro patamar. — Levantou uma sobrancelha.

Por um lado isso era bem importante. Era a cara da minha mãe voltar a falar comigo quando eu estivesse bem estabilizada.
Aquilo me deixou... Leve.
Micael era um ótimo conselheiro.

— Viu só? Já consigo ver um sorriso se aproximando. — Tocou o canto dos meus lábios enquanto sorria.

— Mais ou menos. Eu ainda vou remoer isso por uma semana. — Soltei.

O garçom chegou com dois pratos. Me enjoei ao ver as panquecas com mel junto com ovos e bacon. Deveríamos estar almoçando mas Micael sentiu vontade de tomar café, em pleno horário da tarde.

— Vamos falar sério agora. — Buscou os talheres. — Eu mandei um e-mail para a transferência dos seus documentos, acredito que amanhã já devo ter um retorno. — Mastigou a panqueca. — Quer um pedaço? — Ofereceu.

— Quando vou começar no colégio novo?

— Semana que vem. As férias de verão acabaram! — Sorriu leve. — Tudo novo, vida nova.

— Nem me fale. — Revirei meus olhos. — E você?

— O que tem eu?

— Vai continuar dando aulas no campus?

— O verão acabou, querida. Eu enviei alguns currículos em uma faculdade bastante conhecida na cidade. Também estou esperando retorno!

— Por que não ficam com você?

— Porque são férias de verão, Sophia. — Micael cortou o bacon. — O curso só funciona nas férias de verão.

— E o que você fazia antes do curso?

— Dava aula em um colégio. Aceitei a proposta do curso e foi a melhor coisa que fiz na minha vida! — Sorrimos. — Você não concorda comigo?

— É, eu devo concordar sim. — Roubei um bacon do seu prato. — Fiquei com fome.

— Eu sabia. — Terminou de comer.

Assisti Micael comer toda a comida que estava na mesa, finalizando com um sorriso no rosto. Ele pediu a conta, saindo dali comigo, dando uma volta em alguma praia que não estava tão cheia.

Fiquei muito feliz quando entramos novamente em seu carro, partindo para a sua casa. Eu não estava animada para ir em lugar nenhum! Eu queria minha paz, sossego, remoer tudo o que tinha acontecido hoje. Principalmente com a minha mãe.

— Cansada? — Micael trancou a porta quando passou.

Retirei os meus sapatos, aliviando meus pés no tapete fofo de Micael.

— Um pouco. — Suspirei.

Recebi Micael em cima de mim, enquanto me deitava no sofá. O beijo furioso se iniciou mas tive que parar, eu não estava com cabeça nenhuma para fazer qualquer coisa que passasse dali.

— Desculpa. — Pedi entre beijos, encostando minha mão em seus ombros.

— Tudo bem. — Micael soltou um suspiro pesado, saindo dali. — Eu vou tomar um banho.

Deixei ele ir, sem dizer nada. Afundei minha cabeça nas almofadas, chorando em silêncio antes que Micael voltasse. E quando vi, adormeci diante do sofá, não ligando para mais nada.

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