Micael me segurou pelos braços, me tirando de cima de Lorelai, que estava toda descabelada. Ela chiou alguma coisa mas não consegui identificar, eu ainda estava com raiva.— SOPHIA, CHEGA! — Micael ainda segurava o meu braço, os dedos afundando em minha pele clara. — EU QUERO SABER O POR QUÊ DE VOCÊ ESTAR AQUI. — Estava gritando comigo.
— VOCÊ VAI DEIXAR ASSIM, MICAEL? ESSA LOUCA ADOLESCENTE. — Lorelai levantou-se do chão.
— Lorelai, eu acho melhor você se retirar antes que venham até aqui. Estamos alterados demais! — Micael assentiu para ela, que arrumou os cabelos e saiu rapidamente, grunhindo de raiva.
Remexi meu corpo contra as mãos de Micael, que ainda segurava o meu braço. Fui chacoalhada como um milkshake, levando um tranco do mesmo.
— E VOCÊ. — Apontou para mim. — EU QUERO SABER O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!
— SEU CACHORRO, IMUNDO, SAFADO, BANDIDO. — Cuspi as palavras. — VOCÊ MENTIU PARA MIM! DISSE QUE NÃO TINHA TRANSADO COM ELA.
— É, EU TRANSEI. EU NÃO TENHO NADA COM VOCÊ. — Me jogou em cima da cama.
Colocou as mãos no rosto, respirando fundo, tentando se acalmar.
— Com quem você veio?
— Eu...
— COM QUEM VOCÊ VEIO? — Aumentou o tom de voz, me deixando com mais medo.
— Com o Harry. — Me sentei na cama, juntando os joelhos.
— Ah, com o Harry. — Debochou. — Enquanto ao Harrison? Com quem ficou o Harrison? — Colocou as mãos na cintura, tremendo de ódio.
— Com uma babá. Ela é uma babá profissional! Pagamos ela pelo final de semana inteiro. — Expliquei. — Harry teve a ideia!
— Harry isso, Harry aquilo, Harry é meu amigo, Harry é a puta que pariu. — Micael gesticulou. — Sophia, qual é a sua? Você está fazendo o que da sua vida, pode me dizer?
— Eu sabia que você estava com ela, Micael. Você mentiu para mim! — Sai da cama. — Eu queria saber se você estava mentindo para mim.
— Você também mentiu para mim! A partir do momento que começou a trabalhar e amigou de um sujeito estranho, com piercing na sobrancelha que não tem aonde cair morto.
— Você nunca vai esquecer isso, não é mesmo?
— Jamais! E sabe de uma coisa? Eu cansei desse seu comportamento de adolescente mimada. — Micael fez uma careta. — Amo você, mas pareço o seu pai! Preciso ficar puxando a sua orelha, porque você só faz cagada.
Chorei em silêncio, sentindo o nó que doía em minha garganta. Micael estava sério em minha frente, me ofendendo com suas palavras.
— Eu é quem cansei, Micael. — Soltei. — Não me procura mais, tá legal? Eu cansei! — O empurrei, saindo do quarto.
Ele não disse nada, me deixou ir. Desci as escadas de emergência correndo, querendo sumir dali. Quando atravessei a rua, Harry estava do outro lado, sentado em um banco de praça. Levantou-se quando me viu chegar naquele estado.
— O que aconteceu?
— Me leva para casa, por favor. — Estava desnorteada.
— Eu não acredito! Você pegou os dois metendo?
— HARRY!
— O QUE? Para você estar assim, o único motivo foi esse.
— Eu quero ir para casa, por favor.
Abracei Harry que foi sensível comigo, me levando para onde estávamos. Não ficamos por lá aquela noite, ele achou um jeito de voarmos de volta à Malibu, me tirando daquele pesadelo.
Não contei nada do que estava prestes a fazer. Era difícil para mim dar esse passo, desistir de tudo e todos. Começando por Harrison, onde eu tecnicamente me despedi dele, com palavras que ele não se sentisse triste futuramente.
Eu dormi em um hotel barato naquela noite, melhor do que a pensão em que estávamos. Não tinha muito dinheiro, então, não poderia gastar com hotéis em beira de estrada. Ainda mais em Malibu, onde as coisas eram caras.
Harry se disponibilizou para minha estadia novamente em sua casa, e eu acabei aceitando. Até conseguir terminar as aulas, que estava no fim. Três semanas e estávamos livres!
É claro que eu dei alguns ajustes em sua casa. Começando por uma boa faxina e alguns móveis novos. Comprei com o dinheiro do décimo terceiro de Harry, ele xingou mas acabou cedendo no fim. Foi uma ótima escolha comprar um sofá novo.
— Podemos pedir pizza? — Harry jogava uma bola de beisebol no alto.
— De novo? Eu fiz o jantar! — Me concentrei em alguns livros.
— Por que você não para de ler isso? Tá me dando agonia.
— Harry, eu preciso estudar! O vestibular é depois de amanhã.
— E você já decidiu o que quer fazer?
— Eu decidi que vou escolher depois do resultado. Não quero encher a minha cabeça com isso. — Voltei a prestar atenção nos livros.
Harry continuou jogando sua bola de beisebol.
— Você tirou aquela ideia maluca da cabeça? — Me perguntou, puxando assunto e não se dando conta que estava me atrapalhando.
— Não. — Suspirei, fechando o livro em minha frente. — Eu conversei com a Mel. Vou morar na casa dela até conseguir um emprego em Nova Iorque.
— Não quer tentar voltar para a sua casa?
— Minha mãe jamais quer um contato descente comigo. — Me entristeci. — Eu decidi isso! Foi minha escolha! — Pensei em tudo o que aconteceu.
— Não faz sentido. — Harry pensou. — Você vai fazer o vestibular e ir embora para Nova Iorque. E se você passar?
— Posso pedir transferência para lá. É muito simples!
— Que coisa de doido. — Jogou a bolinha no chão. — Nada a ver você sair daqui.
— Harry, eu não posso ficar morando com você sem um emprego.
— Na verdade você pode. — Se levantou. — Só não quer.
— Amigos, entendeu?
— Eu sei. Poderia ter um sexo à parte mas vamos só ser amigos. — Rimos leve.
— Isso aí. Eu não quero mais transar pelos próximos cinco anos da minha vida!
— Tudo isso? Meu Deus! — Riu da minha cara. — Você vai ter teia de aranha lá embaixo.
— HARRY!
— Sou sincero. — Rendeu as mãos.
— Bobo.
No final, eu estava triste por Harry ficar sozinho novamente. Eu gostava da sua companhia, e ele estava me ajudando mais do que tudo. Depois dos fatos ocorridos, eu jamais pensei que ele me ajudaria de novo.
Talvez eu pensaria mais um pouco sobre deixá-lo aqui e ir embora novamente para Nova Iorque.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Professor - Coast
RomanceDurante as férias de verão, Sophia ganha um curso promocional na Califórnia. Mas ela não esperava se apaixonar pelo o seu professor, treze anos mais velho, moreno e de olhos castanhos.