Capítulo 29

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Voltamos ao inferno que estava no campus. Policiais, carros de TV, jornalistas, advogados e mais algumas pessoas que perambulavam por aí. Micael saiu apressado à noite, mas não me disse quem havia estuprado a garota.

Quando voltei, no dia seguinte, a notícia correu de outra forma: não era o garoto certo! As buscam iriam correr mais tarde. Por enquanto, as aulas seguiam normais, com segurança vinte e quatro horas no alojamento das meninas.

— E aí. — Hilary apareceu ao meu lado. — Você ficou sabendo de mais alguma coisa?

— Ainda não. — Caminhamos até o campus. — Falaram que não foi o garoto que estuprou. Quem será que foi?

— Essa é a pergunta que eu mais escutei hoje de manhã. — Soltou um risinho. — E o gato? — Disse um pouco mais baixo.

— Eu dormi na casa dele. Ontem!

— Eu sei. — Hilary rolou os olhos. — Transaram?

— Não. — Eu não iria contar à Hilary sobre os fatos acontecidos. Foi vergonhoso demais! — Estou com pena da garota.

— Todo mundo está com pena! Os pais vão transferi-la para outro campus. O New York Times está em cima, pagando uma nota preta. — Fofocou.

— Como você fica sabendo de tanta coisa? — Franzi meu cenho.

— As notícias correm! Enquanto você estava com o gato, muita coisa aconteceu com ela.

Segurei meu riso enquanto nos separávamos para irmos em nossas salas. Peguei um corredor extenso, caminhando tranquila. Sorri ao reconhecer o cheiro másculo do perfume.

— Bom dia, está atrasada! — Ficou atrás de mim.

— Não estou não! Sua aula começa daqui à sete minutos, ou seja, estou adiantada. — Sai por cima.

— Quem era aquela?

— Minha colega de quarto. — Não havia parado de andar. — Será que podemos...

— Não! Continue andando. — Disse sério. — Já sabe, não sabe? Não quero você andando depois...

— Eu sei, eu sei. — Estava cansada de saber. — Quando vamos nos ver de novo?

— Vai ficar difícil agora, Sophia. — Micael soltou um suspiro. — Me espere na biblioteca hoje, depois da quarta aula.

— No mesmo lugar? — Parei em frente à porta.

Encarei Micael que tinha o semblante derrotado.

— Eu não posso ficar fazendo isso. — Olhou os lados, bem rápido. — É perigoso demais!

— Ninguém sabe que a gente está junto. — Falei, quase sussurrando. — Ninguém nunca viu a gente, a não ser o Philipe.

— Exatamente! Aquele sequelado que não tem o que fazer.

— Eu não quero ficar assim com você. — Me lamentei. — Eu sinto saudade!

— Eu também sinto, mas preciso me proteger e proteger você. O caso é sério! Se alguém souber disso, posso até ser acusado pelo caso de estupro.

— Deus me livre, Micael. — Balancei a minha cabeça.

— É por isso que precisamos tomar cuidado. Entendeu? — Assenti. — Agora vamos!

Entrei na sala indo até o meu lugar. Micael se acomodou em sua mesa, esperando que todos os alunos entrassem.

— Bom dia, turma! — Ficou de pé, esperando os que faltavam. O sinal já havia tocado. — Vamos entrando.

— Professor, a gente ainda vai continuar tendo aula? — Uma menina perguntou.

— Por que não teríamos? — Micael juntou as mãos, dando um sorriso amarelo. — Sobre o fato trágico que aconteceu ontem, a polícia já está atrás. Todos estão seguros agora!

— Eu fiquei sabendo que o New York Times vai cancelar o curso. — O garoto da última fileira soltou.

Micael me encarou rápido, pasmo. Fechou o rosto e não tentou acreditar na notícia que havia acabado de receber.

— Não acreditem em falsas notícias. Esperem o comunicado oficial. — Deu às costas, escrevendo na lousa. — Alguém fez a atividade que eu pedi na aula passada?

Bufei, preocupada com toda aquela situação. Se o curso realmente acabasse, eu voltaria para casa! E se eu voltasse para a casa, ficar ao lado de Micael seria bem mais difícil.

Tivemos todas as aulas naquela manhã. Micael se alterou um pouco, nervoso, com perguntas estranhas sobre a garota que foi estuprada. A realidade era que ninguém sabia quem foi e a polícia ainda estava em cima do caso.

Sai às pressas indo até a biblioteca, antes que alguém me visse. Agradeci por não ter ninguém, muito menos a bibliotecária que mais mexia no celular do que trabalhava.

Escutei alguns barulhos vindo do segundo corredor.

— Odeio quando você faz entradas triunfais, sabia? — Sorri mas logo meu encanto desapareceu.

Philipe estava escorado na prateleira, me encarando, maléfico. Soltou um risinho.

— Então é aqui o seu ninho de amor com o professor Borges?

— Não acredito! Você aqui?

— Pensou que era o Micael?

— Não! Até porquê eu não vim encontrar ele. Eu não tenho nada com ele! — Cruzei meus braços, tentando manter a calma.

— Que engraçado. — Philipe levantou os ombros. — Não foi isso que a câmera de monitoramento gravou ontem.

— Como? — Franzi meu cenho.

Philipe levou um smartphone até mim, com uma gravação minha e de Micael saindo, logo após a notícia que deixou o campus agitado. O caminho certo até seu carro apareceu na tela, extremamente gravado e em cores.

— Onde você conseguiu isso? — Cerrei meus dentes.

— Não interessa! — Philipe guardou o celular. — O que interessa agora é que essa gravação vai para a polícia e você vai ser mais uma garotinha sem o namoradinho pedófilo.

— QUAL FOI, PHILIPE?

— QUAL FOI, PORRA NENHUMA! — Gritou. — O Micael vai sair daqui hoje preso, ou eu não me chamo Philipe.

— Você não seria capaz... — Fechei meu punho.

— Foi ele quem estuprou a garota. Foi ele! E eu tenho provas. — Balançou o aparelho.

— FILHO DA PUTA. — Parti para cima de Philipe, que me segurou.

— Eu preciso ir. A polícia deve estar me esperando! — Sorriu maléfico, de novo. QUE ÓDIO! — Até mais, senhorita Abrahão. 

Eu não acredito nisso!

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