Capítulo 22

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— Se esconde debaixo da mesa! Debaixo da mesa!

Micael me empurrou rápido, arrumando sua roupa logo em seguida. Passou a mão nos lábios carnudos e preparou-se para abrir a porta. Não consegui ver quem era, minha visão estava péssima debaixo da mesa.

— Senhor Borges? — Os sapatos de salto baixo ecoaram na sala. Meu coração gelou. — Posso saber o que o senhor está fazendo aqui? Trancado?

— Senhorita Gouldberg! — Micael deu um suspiro pesado. — Eu estava tirando um cochilo, não vou mentir! Fiquei com as chaves e aproveitei para descansar. Estou em horário de almoço.

— Dentro da sala desativada?

— Um ótimo lugar, por que não? Eu moro longe, demoraria uma eternidade até chegar lá.

O silêncio tomou conta por alguns segundos.

— De quem são esses materiais?

Cacete! Meus cadernos!

— São da senhorita Sophia Abrahão. Ela passou mal durante a aula. Cólicas menstruais! — Mentiu.

— Coitadinhas! Ela está na enfermaria?

— Creio que sim. Uma colega lhe levou até lá, parece que houve um acidente, se é que a senhorita me entende. — Pigarreou.

— Claro. Claro! — A mulher baixou a guarda. — Me desculpe pela invasão, é que essa sala sempre fica aberta e...

— Eu entendo! Eu peço desculpas, isso não vai mais acontecer.

Os pezinhos da mulher deram meia volta, caminhando para a porta e saindo. Soltei um suspiro de alívio, saindo debaixo da mesa com dores nas costas.

— É melhor você ir.

— Quem era essa? — Busquei os meus materiais.

— A coordenadora. Você não a conhece?

— Eu? Óbvio que não! — Dei de ombros. — Imagine se a porta estivesse aberta, hein?

— Graças a Deus não estava. — Micael alisou o meu ombro. — É melhor você ir!

— Eu vou. — Dei um beijo rápido em seus lábios. — A gente se vê depois?

— Mais tarde. Me encontre no mesmo lugar!

— Certo. — Assenti e sai, olhando para os lados, rezando para não encontrar vestígios de ninguém.

Eu estava feliz enquanto atravessava o pátio do campus, com centenas de alunos fazendo a mesma coisa que eu. Tomei um susto no mesmo instante, já que Philipe quase pulou em cima de mim, me parando.

— Oi, querida e bela. Trouxe isso!

Me mostrou uma rosa.

— Lindo, Philipe! Mas quantas vezes eu preciso te dizer que eu e você não temos mais nada?

— Somos amigos. Não somos?

— Podemos ser amigos. E amigos não fazem esse tipo de coisa. — Mostrei a rosa.

— Sou um amigo bondoso. — Me fitou de cima à baixo. — Onde você estava? Seu cabelo está bagunçado e sua roupa amassada.

— Por que você quer saber? — Sai andando. Philipe me seguiu.

— Porque você fica nervosa demais quando eu te pergunto! Onde você estava? — Me seguiu.

— Será que dá para você parar de me seguir?

Parei, o encarando. Gesticulei irritada, vendo que Philipe sorria, conseguindo o que queria.

— Sophia, você está fodida se eu descobrir que você e o professor saem juntos. — Me ameaçou. — Melhor você ficar ciente!

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora