Capítulo 40

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A morena bonita ainda me encarava de cima à baixo. Micael tinha o cenho franzido quando ela passou pela porta, entrando na sala. Tinha uma mala ao seu lado, média.

— Parece que as coisas mudaram. — Olhou ao redor.

— Sempre mudam! — Estava bravo. — O que você está fazendo aqui?

— Nós precisamos conversar sobre alguns assuntos.— Estava muito séria. — Sua namorada? — Me encarou.

— Não te interessa, Paola.

Então o nome dela era Paola...

Nossa, para quê tanta grosseria?

— Porque eu não confio em mais nada do que você fala. — Micael cruzou os braços. — Posso saber o que é essa mala?

— Minha mala! Eu preciso de um lugar para ficar, até conversarmos. — Rolou os olhos.

— Na minha casa você não fica. — Micael abriu a porta novamente. — Nós não temos mais nada, Paola! O que eu tive com você no passado, já foi.

— Não foi não.

Micael e ela se encararam seriamente. Fiquei desconfortável com a situação, vendo os dois discutirem em minha frente. Sai rápida de fininho, buscando minha roupa que ainda estava no chão da sala.

Eu precisava ir!

Me troquei rapidamente, ajustando meu sutiã e meu shortinho curto. Penteei os meus cabelos e calcei meu tênis, saindo para fora do quarto e voltando à sala. Os dois ainda estavam discutindo.

— Você quer falar? Pode falar! Vamos! — Micael sentou no sofá, bastante estressado. — Por que você voltou, Paola?

— Vamos conversar assim? Na frente dela? — Apontou para mim. — Vem cá, quantos anos você tem? Isso é pedofilia, sabia?

— Paola, Paola! — Micael cerrou os olhos, massageando as têmporas. — Sophia é minha namorada e você não tem nada a ver com isso. Mais alguma coisa?

— Micael, a gente precisa alinhar as coisas, você precisa conversar seriamente comigo. Seja evoluído!

— Logo você falando de evolução? — Riu sarcástico.

— Será que podemos conversar à sós?

— Olha, eu já estou indo! — Rendi minhas mãos, entrando na discussão. — Eu chamei um táxi. Tudo bem?

— Como assim você chamou um táxi, querida? Eu posso muito bem te levar. — Micael se levantou, falando comigo.

— Não, não. Eu estou bem! — Sorri leve. — Paola, o prazer foi meu em te conhecer. — Ofereci minha mão, mas no fundo, queria esganar ela.

— O prazer também foi meu, Sophia. — Demos as mãos.

Micael queria ir atrás de mim mas foi interrompido por Paola, que queria conversar seriamente com ele.

Estava cansada de tanta discussão! Peguei um táxi e voltei ao campus, já que não podia demorar tanto em plena luz do dia.

Não tive mais aulas com Micael durante a tarde, e também, não tinha o visto pelos corredores, o que me deixou preocupada. Eu confiava em Micael, mas não a ponto de sua ex-noiva chegar e ficar sozinha com ele.

Fiz o caminho do alojamento quando me encontrei com Hilary. Corri até ela, lhe dando um abraço.

— Ei! — Toquei os seus cabelos. — Como você está?

— Indo. — Esboçou um sorriso. — E você? Como está indo as aulas?

— Indo também. Nada mudou, quer dizer, eu mudei de quarto desde de... Enfim. — Fiquei sem graça.

— Sophia, não precisa ficar escondendo. — Hilary foi certeira. — Isso aconteceu, não tem como apagar igual à uma memória de computador.

— Desculpa. — Segurei suas mãos. — O que está fazendo por aqui?

— Eu vim buscar a minha transferência. — Balançou o papel que estava consigo. — Minha mãe não quer que eu pise mais nesse lugar.

— Então você vai embora mesmo? — Aquilo me entristeceu.

Eu adorava a companhia de Hilary, mas depois do acontecido, o melhor era ela sair dali. Sua cabeça deve estar mais confusa do que de todos!

— É o jeito, Sophia. — Me abraçou. — Não vai chorar de saudade, hein?

— Eu vou chorar sim. — Já estava chorando! — Podemos marcar um dia de nos ver?

— Claro! Se quiser, podemos marcar um dia de você ir em casa. Depois que o curso acabar, é claro!

— Sim, eu super topo. — Demos outro abraço. — Se cuida, menina. Amo você!

— Também amo você. — Ela sorriu antes de me abraçar novamente.

Segurei meu choro mais uma vez, assistindo Hilary sair com o seu papel de transferência em mãos. Fiz o caminho ao meu novo quarto sozinha, chegando no ambiente aconchegante, com outra cara desde o acontecido.

Minhas coisas já estavam lá, prontas para serem arrumadas no novo armário. Fiquei mais ou menos o resto do dia tentando ajeitar tudo, com preguiça de dobrar algumas roupas que estavam dentro da mala. Ajeitei também os meus livros e por fim, tomei um banho.

Depois de me trocar, verifiquei meu smartphone e não achei nenhuma mensagem de Micael. Estranhei de imediato, ligando para o mesmo. Eu queria saber o que havia acontecido, depois de tanto tempo.

— Micael? — Me deitei na cama. — Onde você está? Fiquei preocupada que você não ligou.

— Oi, querida. — Sua voz não estava muito boa.

— Oi. — Soltei um suspiro. — Você está bem?

— Mais ou menos. Podemos conversar amanhã?

— O que aconteceu? Ela ainda está na sua casa?

— Amanhã nós conversarmos, amor. Preciso ir!

— Mi... — Ele desligou a ligação.

Fiquei com raiva, roendo minhas unhas e tentando dormir.

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