Capítulo 9

2.4K 116 25
                                    


— Está entregue, senhorita Abrahão.

Puxou o freio de mão e desligou o carro, parando em frente ao campus. Não sabia como agir naquele momento. Realmente, parecíamos dois namorados.

— Não gosto quando me chama de senhorita. — Tirei o cinto.

— Educação. — Sorriu sarcástico.

— Também sou educada, se o senhor quer saber!

— Não me pareceu. — Suspirou. — Melhor você subir e dormir, amanhã temos um dia cheio.

— Conteúdo empresarial de novo? Ah, claro! Estamos fazendo marketing digital, o pior curso da grade. — Debochei.

— Você é incrível, não é mesmo? — Micael queria me estrangular. Seu riso sarcástico não segurava suas emoções. — Quer que eu perca o controle com você?

— Você vai me bater por acaso?

— Se fosse homem, eu gostaria.

— Uau! Professor Borges bate em aluna no campus de Malibu. Daria uma ótima manchete, sabia? — Gesticulei.

— Você já namorou?

Do nada.

— Que?

— Você já namorou? Já teve algum namorado?

— Não. — Estava ficando irritada.

— Deve ser por isso. Agora está tudo explicado! — Apertou o volante com uma mão. — Passar bem, senhorita Abrahão. Amanhã temos um longo dia.

— Para você também, professor Borges.

Destranquei a porta do carro mas parei com tudo. Eu não podia sair daquele jeito, sem explicações, sem nada ser encaixado. Por que ele queria sair comigo? Por que ele queria saber algo de mim? Um cara de trinta anos, arrogante e sexy.

Só tinha uma explicação: ou ele estava caído por mim ou então, ele havia transado com a minha mãe em outros carnavais.

— Alguém problema? — Me perguntou, assim que me viu paralisada dentro do carro.

— Você já transou com a minha mãe? — Franzi meu cenho.

Micael fez uma careta cômica, inexplicável! Gargalhou gostosamente e levantou os ombros sem entender. Eu era uma tola!

— Por que essa pergunta do nada? E não, eu nunca transei com a sua mãe! — Rendeu as mãos.

— Ótimo. — Rolei os olhos. — Então por que você pega tanto no meu pé?

— Porque você é especial, senhorita Abrahão. — Nos entreolhamos.

Ok, ok, ok. Batimentos cardíacos? Pirando! Eu não podia ficar nervosa, se não, desmaiaria à qualquer momento.

Fui rápida demais ao inclinar meu corpo para frente, fechando os olhos e fazendo como nos filmes. Senti algo quente dedilhar meus lábios, mas não foram lábios alheios. Os dedos de Micael me pararam.

— Até amanhã, senhorita Abrahão. Sonhe comigo!

Sem reação fiquei, sem reação sai de lá. Abri a porta do carro com as pernas trêmulas, batendo a porta e correndo para dentro do campus, no meio da escuridão. Sonhe comigo... MEU DEUS! EU IRIA MAIS DO QUE SONHAR COM ELE.

Subi as escadas na pressa, me deparando com Hilary acordada. Puta que pariu.

— É... Oi. — Sorri amarelo para ela.

— Onde você estava?

— Eu sai, quer dizer, eu fui tomar um ar. — Não podia me embolar naquele momento.

— Fiquei preocupada! Você não atendeu o celular.

— Estava no mudo. — Corri para o banheiro.

Fiquei trancada por alguns minutos, tomando um banho e me enrolando em um roupão felpudo, antes de voltar para o quarto novamente. Hilary estava sentada na sua cama, fazendo uma ronda com os olhos.

— Foi à praia?

— Não, por que?

— Tem areia no seu tênis. — Fez uma careta.

— Foi a areia de fora, quer dizer, na entrada do campus...

— Qual é, Sophia? Eu sei que você foi dar um rolê com algum garotinho do campus. — Soltou um risinho. — Só não pode dar mole, viu? Se alguém te pega, é advertência na certa.

— Ninguém vai me pegar, fica tranquila.

Hilary não era idiota, ela sabia que eu estava saindo com alguém, mas sabia que esse alguém era Micael.

Me troquei, sequei os meus cabelos e deitei na cama, demorando para dormir, já que não conseguia tirar Micael da cabeça. Em todos os quesitos.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora