Capítulo 10

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Acordei sonolenta pela noite de ontem, Hilary não estava mais no quarto e também não fez barulho para me atrapalhar. Fiz minha higiene matinal, coloquei minha roupa e sai para a aula.

Cheguei no refeitório mas não consegui comer nada, não estava com fome, o que era estranho. Tapeei o estômago com uma maçã junto de aveia e mel, correndo para a minha sala. A voz conhecida me atormentou de novo, fazendo meu corpo parar em meio ao corredor, como um déjà vu.

— Sophia? — Philipe sorriu para mim, ansioso.

— Oi Philipe, tudo bem? — Fui simpática.

— Tudo! Eu cheguei antes para o caso daquele professor não atrapalhar a gente. — Sorriu envergonhado. — Vai fazer o que hoje?

— Depois da aula? — Philipe assentiu. — Acho que vou estudar um pouco, repassar algumas matérias já que estou de recuperação. — Menti.

— Nossa! — Philipe se chocou um pouco. — Que pena! Se quiser, eu posso te ajudar.

— Acredito que não. — Rolei meus olhos e apoiei minha mão no ombro de Philipe. — Obrigada por ser assim, você é legal, Philipe.

— Você quer sair comigo?

O sinal tocou. Fiquei incrédula com o seu convite, procurando palavras para responder Philipe, o mais rápido que eu conseguia.

— Podemos conversar depois? — Estava com medo de Micael chegar.

— Te vejo no refeitório, pode ser?

Assenti rápida e sai, com medo de Micael estar chegando, já que não o vi passar pelo corredor naquele horário.

Quando entrei na sala, o mesmo já estava passando alguma coisa na lousa branca. Quis me matar com o próprio olhar ao me ver chegar atrasada, com uma cara de cachorrinho que caiu da mudança.

— Está atrasada, senhorita Abrahão. — Parou de escrever.

— Me desculpa! Eu demorei no caminho. — Sentei no meu lugar.

— Se não ficasse conversando, talvez não chegaria atrasada. — Cruzou os braços e me encarou. A sala toda estava vendo aquele show grátis de humilhação.

Por que ele fazia isso? Não parecia o homem do "sonha comigo".

Abri meu caderno e copiei sua pauta, com ódio por dentro. Eu não conseguia desvendar Micael, era muito doido.

No intervalo, sentei no pátio do campus para tomar um sol, tentando não esquentar a minha cabeça com Micael e suas loucuras. Philipe apareceu, tinha uma rosa na mão, me fazendo estranhar e corar ao mesmo tempo.

— Para você! — Me entregou o pequeno embrulho.

— Obrigada. — Fiquei sem reação. Nunca havia ganhado uma rosa. — Você é muito gentil, Philipe.

— Tem certeza que você precisa ficar estudando?

— É... Eu preciso mesmo. — Encarei a rosa rapidamente. — Na verdade, acho que podemos passear um pouco. — Mudei de ideia.

Se Micael estava fazendo isso, eu faria muito pior com ele.

— Sério? — Philipe mudou de rosto, ficando feliz em segundos. — Você gosta de praia?

— Gosto de parques de diversão.

— Eu também me amarro em parques! Podíamos ir naquele que está montado no píer.

— Perfeito! — Sorrimos. — Podemos ir hoje?

— Claro. Que horas eu posso buscar você na porta do alojamento? Quer dizer, precisamos ficar na encolha.

Philipe também sabia de toda a burocracia para sair daquele ninho de gente. Pensei em como escapar de novo, sem que ninguém me parasse em alguma ronda noturna.

— Podemos sair depois do sinal. — Me lembrei de ontem. — Pode ser?

— Claro! Claro! — Philipe estava aceitando tudo. — Te vejo na entrada?

— Sim. Vou esperar por você!

O que eu estava fazendo? Eu estava marcando um encontro com Philipe, um garoto que eu mal conhecia. A máquina de refrigerante idiota me fez conhecê-lo, ainda mais para fazer ciúmes em Micael, que odiaria receber essa notícia.

Assenti corada e sai de perto, andando com minha rosa na mão, no meio de todos os alunos do curso. Escutei o sinal bater mas não consegui chegar até a sala, já que alguém me puxou para outra sala desativada.

Uma escuridão, mesas quebradas e algumas mesas sem pintura. Micael segurava o meu braço, soltando em seguida.

— EI! Você está ficando maluco?

— Quem te deu essa porcaria? — Não gostou de ver a rosa.

— Não te interessa. — Rebati.

— Me interessa sim! Já disse para você que não pode namorar aqui.

— E quem aqui está namorando? Eu não posso ganhar uma rosa? É crime?

— Sim! — Cerrou os dentes.

— Micael, será que você pode me desprender daqui? O sinal já bateu.

— Eu não quero você saindo com aquele moleque. Está entendendo? — Me ameaçou.

— E por que não?

— Porque ele não é companhia para você, eu já disse!

Ficamos frente à frente, próximos de um beijo. Meu coração quase saiu pela boca.

— Se você não me tirar daqui, eu vou gritar. E se eu gritar, vai ser pior!

Micael soltou um suspiro pesado, saindo primeiro do que eu, andando firme até a sala.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora