Capítulo 32

1.6K 84 12
                                    


— Sophia, tudo bem?

A mulher de cabelos longos e pretos chegou. Usava uma roupa social e os saltos ecoaram na minha cabeça. Fiquei perdida ali, sentada na cadeira, em plena delegacia.

— Eu sou a delegada Stevens! Vou fazer algumas perguntas à você. Ok?

Assenti, ainda em transe. Que horrível!

Ela sentou em sua cadeira, buscou um bloco de notas e uma caneta.

— Você estava dormindo quando ele entrou no quarto?

— Estava quase! Eu escutei a porta abrir mas achei que estivesse sonhando. Nós trancamos a porta! Os seguranças ficam na porta! — Rolei meus olhos.

— Quando Hilary gritou, você já estava de pé ou correu para ajudá-la?

— Eu escutei ela gritar e então, ele já estava em cima dela. Pelado! A calça do pijama da Hilary estava no chão, ele começaria... — Meu estômago embrulhou.

— Entendi. — A delegada terminou de escrever. — Você bateu nele com um computador, certo?

— Foi a única coisa que eu achei para me defender dele. Ele é forte! Podia fazer qualquer coisa! — Me defendi.

— Sim, eu entendo. — Ela me encarou. — Última pergunta, ele estava excitado quando você jogou ele no chão?

— Eu não reparei muito bem, eu só quis salvar a minha amiga. — Minhas lágrimas caíram. — Ele vai ser preso, não vai?

— Ele já foi preso, Sophia! Fique tranquila! Enquanto ao caos ocorrido, vamos entrar em contato com os pais de Hilary e os seus para avisar o que aconteceu. — Arregalei os meus olhos.

— Não. Não podem fazer isso!

— Por que não podem? Seus pais devem saber, assim como os pais de Hilary.

— Meus pais não podem saber, eles vão... Eles vão me tirar do curso, é... — Fechei meus olhos, pensando no que me ocorreria.

Por outro lado eu queria ir embora.

— Sophia, eu sinto muito que você tenha presenciado isso, ainda mais em um projeto como esse. — A delegada de lamentou. — São seus pais! Eu preciso comunicar antes que você fique em perigo de novo.

Assenti, entendendo perfeitamente o caso.

— Tem algo a mais que você queira me dizer? Fique à vontade!

— Não. — Fiquei em silêncio. — Eu posso ir agora?

— Claro! O condenador está esperando você lá fora. — Ela sorriu. — Qualquer coisa, pode me ligar nesse número. — Me entregou um cartão. — Vamos manter você e Hilary protegidas!

— Obrigada. — Tive o cartão em mãos, lendo o mais rápido que pude.

Me levantei da cadeira e sai em direção à porta, pronta para voltar ao alojamento. Fui acompanhada por um policial, que me indicou aonde o coordenador estaria.

Só não esperava escutar aquela voz, que parecia estar brigando com alguém.

— ONDE ESTÁ ELA? EU QUERO VER ELA!

— O SENHOR É QUEM?

— EU SOU O PROFESSOR DELA! ME DEIXE ENTRAR, AGORA! EU TENHO ORDENS PARA VER ELA! EU QUERO VER A SOPHIA!

Meu coração acelerou mais rápido. Sai correndo pela porta da delegacia, vendo Micael enfurecido com outro policial, que barrava a sua entrada.

Abracei Micael, com medo, chorando tudo o que tinha para chorar. Eu não desejava aquele sentimento à ninguém, ninguém!

— Você está bem? Aquele filho da puta mexeu em você? Ele te machucou? Te fez alguma coisa? — Me fez diversas perguntas, dedilhando meu rosto para ver se eu não estaria machucada.

— Eu quero sair daqui. — Voltei a chorar. — Eu quero sair daqui! — O abracei de novo.

— Nós vamos! Vou pedir ao coordenador para te levar embora. — Beijou o topo da minha cabeça. — Está tudo bem! Eu estou aqui com você. Está tudo bem! — Me tranquilizou.

Eu queria ter visto Hilary mas Micael me disse que ela ainda estava lá dentro, fazendo alguns exames necessários para ser liberada em seguida. Assisti ele conversar com o coordenador, que o liberou para me levar embora. Entrei no carro de Micael, ainda chorando em silêncio, com a cabeça dolorida por tudo o que aconteceu.

Ele entrou logo após, colocando o cinto e se preparando para dirigir.

— Eu sinto muito. — Soltou. — Você foi corajosa demais ao enfrentá-lo!

Fiquei em silêncio, em transe.

— Eu queria me desculpar por tudo o que aconteceu. Você sabe. — Coçou o maxilar. — Estava nervoso com a situação!

— Eu quero ir embora, Micael. — Pedi, bastante fria.

— Você quer ir para a minha casa? Quer dizer, o alojamento está cheio de policiais! Acredito que você queira descansar. — Me avisou.

— Tanto faz. — Fechei meus olhos, minha dor de cabeça se aumentava.

Micael ligou o carro, partindo dali. Fiquei quietinha no banco, triturando toda a cena que presenciei com Philipe em cima de Hilary. Ela estaria péssima! Eu já estava, imagine Hilary.

Também pensei na possibilidade da minha mãe receber a notícia. Eu não queria nem imaginar...

— Chegamos. — Micael puxou assunto, desligando o carro dentro da garagem.

— Obrigada. — Abri a porta e sai, o esperando para poder entrar.

Micael destrancou a porta, me deixou à vontade para fazer o que eu quisesse. Mas eu não queria fazer nada! Queria me desligar do mundo, com tudo o que vinha acontecendo. Não conseguia parar de pensar em Hilary, na situação.

— Com fome? Eu posso cozinhar para você.

— Eu gostaria de um remédio para dor de cabeça e uma cama. — Pedi, quebrando o meu silêncio.

— Tenho os dois! — Micael sorriu leve. — Vou buscar um remédio para você. — Passou por mim, indo até uma pequena farmácia que ficava dentro de uma caixa, na cozinha.

Enquanto Micael tentava me dopar, eu andei até o seu quarto, me deitando na sua enorme cama e abraçando os seus travesseiros. Não estava ligando se estávamos brigados ou então, teríamos alguma trégua. Eu queria descansar a minha mente, que pedia à todo o minuto para se desligar.

Ele voltou alguns minutos depois, tinha um copo d'água nas mãos e uma pílula na outra. Deitou ao meu lado na cama, me entregando.

— Para você! — Sorriu leve.

— Obrigada. — Tomei o remédio, devolvendo à ele o copo.

— Você está bem mesmo? Estou preocupado com você!

— Eu vou ficar bem. — Segurei sua mão. — Mas não quero falar sobre isso. Não hoje! Tudo bem?

— Claro! Claro! — Assentiu. — Só quero te ajudar e te proteger. Entendeu?

— Sim. — Senti um sono se aproximando.

— E quero me desculpar pela briga em que tivemos! Eu amo você mais do que tudo, Sophia. Quase bati minha cabeça quando me deixei levar, falando o tanto de asneira. Eu fiquei nervoso! Agi terrivelmente errado. Gostaria que você me perdoasse! E se não perdoar, tudo bem.
Eu mereci!
E irei merecer todos os castigos que você me der!

Micael foi ficando pequeno para mim, já que minha visão de fechou, me fazendo dormir. Eu não o respondi e muito menos fiz questão de brigar.
Eu descansei, amanhã seria outro dia.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora