Capítulo 31

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— Ei!

Hilary estava no portão do alojamento, desesperada.

— Onde você estava? Por que está suja de areia?

Passei por ela sem falar absolutamente nada. Hilary me seguiu, como se fosse a minha mãe.

— Está com raiva de mim?

— Eu não quero falar com ninguém! — Subi as escadas.

— Sophia, poxa! — Me puxou pelos braços. — Estava chorando? O que aconteceu?

— Eu não quero falar sobre isso. — Tentei segurar o meu choro mas não consegui. Hilary me deu um abraço, em meio à escada.

Contei tudo à ela quando chegamos ao quarto. Sua expressão era cômica e sua raiva por Micael cresceu dentro de si. Hilary me consolou, após dizer que tinha me avisado.

— Que escroto, sério. — Me encarou, pensando. — Você vai deixar barato assim?

— Você queria que eu fizesse o que?

— Sei lá! Eu ia pegar geral só para ver ele engolir o próprio ódio. — Hilary pensou.

— Eu não quero mais ficar aqui. — Contei à ela, que se chocou.

— E você vai ir para onde?

— Eu quero voltar para Nova Iorque. — Pensei. — Eu estava gostando de ficar no curso mas agora eu não quero mais.

— Por causa do Micael? Me poupe, Sophia.

— É sério! Fora que ele vai ficar pegando no meu pé.

Lembrei que Micael tinha arrumado a minha transferência.

— Eu odeio Marketing Empresarial. — Resmunguei.

— Primeiro: o curso acaba daqui há dois meses. Segundo: você não vai morrer de amor, Sophia! Ele é só mais um homem que usou você, assim como os outros. — Hilary soltou, bastante tranquila.

— Eu gosto dele.

— Então acha um jeito de não gostar mais. Ele te deu um pé, amiga. — Rolou os olhos. — Se esse negócio de estupro não estivesse acontecendo, poderíamos sair para beber.

— Eu não quero fazer nada! Eu só quero pensar na minha vida e o que eu vou fazer. — Me joguei na cama, encarando o teto.

O dia seguinte me veio! Eu não queria sair da cama. Estava deprimida! Como uma adolescente em crise. Quis jogar o celular longe quando o desesperador tocou, me fazendo levantar e ir à luta.
E minha luta seria me encontrar com Micael, até minha transferência ser feita.

Fiz minha higiene matinal, vesti uma roupa e desci até o refeitório, sem esperar por Hilary que ainda dormia. Tomei café tranquilamente até chegar um pouco atrasada para a aula.
Micael passava algo na lousa branca e não me encarou após me ver entrar.
Ele simplesmente ignorou.

— Vinte e cinco minutos para me entregarem, turma. — Avisou, guardando a caneta e sentando de volta ao lugar.

Eu tentei focar na aula mas era praticamente impossível. Micael não saía da minha cabeça, assim como seus olhos ficavam me observando durante toda a aula. Não trocamos quaisquer palavra, principalmente sobre as matérias. Foi horrível!

Horas depois.

Fomos liberados quando tudo acabou. Micael ainda ficou na sala, corrigindo algumas atividades, porém, não ousou em falar comigo quando passei por sua mesa. Voltei ao alojamento, cansada, triste... Não queria mais fazer nada, absolutamente nada!

Passei pela porta e vi Hilary mexendo no computador.

— E aí. — Sorriu leve, retirando os fones de ouvido.

— Oi. — Respondi, sem ânimo algum. — Chegou agora?

— Uns trinta minutos. Minhas aulas estão péssimas! — Soltou um risinho. — Vai ficar com essa cara de sofrida?

— E eu tenho outra cara? — Retirei o meu tênis.

— Eu sei que você está sofrendo mas não vale a pena. — Hilary negou com a cabeça. — Você é nova! Depois do curso vem a faculdade e então, gatinhos novos para você transar bastante. — Aquilo me fez rir.

Eu não queria gatinhos novos, eu queria o Micael.

— Ele nem falou comigo hoje. — Me lembrei.

— E nem vai falar! Os dois estão machucados. — Me encarou. — Ele já te transferiu?

— Ainda não. — Bufei. — Sério Hilary, eu não quero mais ficar aqui. Vou ligar para minha mãe e dizer que estou voltando, chega de sofrer!

— E o que você vai falar para a sua mãe? Estava adorando o curso e agora não quer nada?

— Não sei. — Pensei. — Mas eu não quero mais ficar aqui! Eu não quero mais ver o Micael e ficar remoendo as palavras que ele me disse. Eu não quero! — Me levantei, indo até o banheiro.

— Para de ser assim, Sophia. O curso já está acabando! — Voltou a mexer no computador.

Fiquei com Hilary até o toque de recolher. Ela me ajudou a distrair a mente, conversando comigo e me fazendo rir. Até pintamos as unhas!

O sinal havia tocado, avisando que já era tarde e então, deveríamos dormir. Me aninhei no edredom confortável, fechando meus olhos e me aprontando para cair no sono.

Porém, algo me distraiu e não me fez dormir de uma vez. Escutei a maçaneta da porta ser aberta mas acredito que eu estaria delirando. Voltei a fechar os meus olhos novamente, tentando dormir.

Estava quase lá, mesmo pensando em Micael, caindo em sono, quando escutei Hilary soltar um grito abafado. Arregalei meus olhos e sai da cama às pressas, vendo alguém lhe segurar pelos braços e ficar em cima de si, sem a parte de baixo.

— SOCORROOOOOOOOO! — Hilary gritou, desesperada. Estava sem a calça do pijama, somente de calcinha, com os cabelos bagunçados.

Fui automática ao buscar o computador na escrivaninha, arremessando na cabeça da pessoa que estava tentando estupra-la. Minhas mãos tremularam quando vi o corpo estirado no chão, seminu. Acendi a luz correndo, assustada.

— SEU IMUNDO! — Gritei, chorando bastante.

Corri até Hilary, que chorava bastante, também trêmula.

— Você está bem? Ele te machucou?

— EU VOU MATAR VOCÊ, SEU FILHO DA PUTA! — Ela gritou, chutando Philipe.

Eu jamais pensei que seria ele. Jamais!

— HILARY, CALMA! — Segurei suas mãos. — Vamos sair daqui, vem! — Segurei a mesma, puxando para sair do quarto e buscar ajuda.

Em menos de cinco minutos, um batalhão de seguranças, coordenadores e a polícia fecharam o quarto em que estávamos dormindo. Todos do alojamento assistiam a cena: Philipe sendo levado para a delegacia, algemado, pronto para ser preso.

A pergunta que não queria calar: por que ele não havia feito isso comigo? Por que ele não tentou me estuprar?

Eram muitas perguntas, o que me faz vomitar no jardim do alojamento, antes de irmos até a delegacia dar um depoimento.

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