— Oi, a-amor.Balbuciei e apertei com força o buquê, mais precisamente, amassei o cartãozinho que Harry havia escrito.
— De quem são essas rosas? — Andou até mim, franzindo o cenho.
— Essas rosas? São para o Harrison. — Sorri amarelo. — Parece que alguém deixou aqui, da família de Paola, sabe? — Estava suando frio. Mentir não era fácil! Ainda mais para Micael.
— Não, não sei. — Micael analisou o buquê. — Aconteceu alguma coisa? Você está muito estranha.
— Jamais. — Blefei, jogando o meu cabelo para trás. — Sabe de uma coisa? Precisamos de um café! Eu quero ver o Harrison de novo. — Mudei de assunto.
Disfarçadamente guardei o envelope dentro do bolso da minha calça jeans, rezando para que Micael não fizesse mais nenhuma pergunta. Ele ainda sondou o buquê três vezes, até desencanar a pessoa que havia me entregado. Durante a volta, ele tentou pensar em parentes que Paola tinha próximos à ela, mas cansou quando o médico lhe parou, perto do quarto de Paola.
— Micael, precisamos conversar de novo. — Não tinha a cara muito boa.
Encarei o chão e deixei Micael ir, sumindo com o médico em um dos quartos. Fiquei horas naquele corredor, esperando por respostas. Mas ninguém vinha com nenhuma.
SETE HORAS DEPOIS.
Eu cochilei algumas vezes e me assustei quando vi a escuridão da janela. Já havia anoitecido, Micael ainda estava com o médico e ainda sem notícias de Paola, ou Harrison.
Bocejei e o vi caminhando em minha direção. Fiquei de pé rapidamente, cruzando meus braços.
— Desculpa a demora. — Beijou minha testa. — Estávamos conversando.
— Tudo isso? — Me acostumei com a claridade do corredor. — Eu acabei dormindo.
— Quer ir para a casa? Você precisa descansar! Já passou tempo demais nesse hospital. — Micael colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— E você? O que aconteceu lá dentro?
— O médico me deu um ultimato. — Coçou o cenho. — Eu preciso conversar com o Harrison até amanhã de manhã. Os aparelhos de Paola serão desligados!
Um nó desceu pela minha garganta. Quando vi, as lágrimas sondaram o meu rosto e Micael ficou com uma cara de por quê terrível. Foi como se Harrison estivesse em meu corpo, sofrendo por perder a mãe desse jeito.
— Isso é horrível. — Sequei minhas lágrimas.
— É sim. Eu pensei tanto que não quero imaginar a dor do meu filho. Preciso ser forte para o suporte! — Foi corajoso em dizer aquilo.
— Vou te ajudar com todo o suporte do mundo. — Segurei sua mão.
— Obrigado por isso, querida. — Beijou meus dedos. — Vamos indo?
— Vamos.
Descemos de mãos dadas até à porta do hospital. Micael me levou para casa, onde pude descansar melhor depois de um banho quente e relaxante.
Pedimos pizza naquela noite. Estávamos cansados demais para ir ao fogão, cozinhar algo.
— Sabe o que eu estava pensando? — Deixei meus talheres em cima do prato, sem fazer tanto barulho. — Como Harrison vai se adaptar aqui? Quer dizer... Os primeiros dias vão ser intensos. — Fiquei em transe.
— Ele vai ser obrigado a se adaptar, Sophia. Aqui é a casa dele agora. Já conversei com a mãe de Paola, não vamos na justiça para ver quem irá ficar com Harrison.
— Menos mal.
— Você está com medo?
— Por que eu teria medo?
— Não sei como anda a sua cabeça mas... Você namora uma pessoa mais velha, que tem um filho, que acabou de perder a mãe. — Micael rolou os olhos, cansado. — Como você se sente nesse mundo diferente que é o meu?
— É estranho mas normal. Estou me acostumando! — Sorri leve. — Vamos ser uma ótima família. Já disse que todo o suporte que você precisar, eu vou dar. Principalmente ao Harrison!
— Vou ficar com ciúmes. — Soltou um risinho.
Passei meus dedos na mão de Micael, que estava pousada em cima da mesa. Me levantei em seguida, apertando a faixa do roupão e verificando meu cabelo, que estava enrolado em uma toalha.
Ele demorou mais um pouco na cozinha, guardando a louça e tomando banho, por fim.
Me troquei, colocando meu pijama enquanto penteava os meus cabelos. Meu corpo pediu para deitar, era terrível ficar mofando em uma cadeira de hospital, ainda mais sem poder fazer nada.
Adormeci alguns minutos depois, nem percebendo se Micael estava ao meu lado.
Meu cansaço foi maior.
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Meu Professor - Coast
RomanceDurante as férias de verão, Sophia ganha um curso promocional na Califórnia. Mas ela não esperava se apaixonar pelo o seu professor, treze anos mais velho, moreno e de olhos castanhos.