Capítulo 59

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Harrison iria ficar com a gente. Podia ser até um título de livro mas Micael odiaria saber que eu estava pensando em fazer alguma brincadeira, com essa situação.

Os dias passaram rápidos demais e finalmente o grande e terrível dia chegou: o primeiro dia de aula.

Eu me senti em Nova Iorque, de novo. Dormi tarde na noite passada e acordei com alguém me acordando, extremamente mais forte do que Harrison, ou seja, Micael.

— Vamos Sophia, ninguém mandou você ficar assistindo série até tarde! — Me cutucou de novo, arrancando o lençol.

— Eu não quero ir! Preciso de mais uns... — Me acomodei no travesseiro fofo. — Dez minutinhos e aí...

— E aí mais nada. Vamos! — Micael bateu palmas até me acordar de vez.

Ele parecia o meu pai, credo.

Me sentei, ainda sonolenta. Eu não queria ir, de jeito algum, mas, Micael me tiraria à força daquela cama. Fui me arrastando até o banheiro, tomei um banho morno e me arrumei em uma lerdeza incrível. Escutei Micael gritar duas vezes para eu ir mais rápido, pois iria me atrasar.

Tomei café e quando vi, estava no banco do passageiro indo para o meu mais novo colégio.
Uau!

— Vai se comportar bem? — Micael fazia um questionário enquanto não chegávamos.

— Micael, você não confia em mim? — Me irritei. — Você me perguntou umas doze vezes sobre o que eu acho dos garotos do colegial. — Revirei os olhos.

— Você sabe que temos uma grande diferença de idade, não sabe? — Fez uma pausa drástica. — Eu confio em você mas tenho medo de acontecer tudo de novo.

— Tudo de novo o que? — Franzi meu cenho.

— Estupro. Meninos ousados que só querem transar com você, elogios que não são elogios. — Meu Deus, ele parece o meu pai...

— Micael, escuta só. — Toquei seu braço, me virando um pouco. — Eu amo você, estou tecnicamente casada com você, seu filho é praticamente o meu filho também, então não tem o risco de acontecer isso que você está pensando. — Fiz uma careta. — Sou honesta, verdadeira e real! — Toquei seu rosto.

Micael soltou um suspiro pesado, parou o carro um pouco próximo à entrada do colégio. Alguns estudantes passavam pelo portal, ambos rindo e conversando.

— Você vai ficar bem? — Soltei um riso, pela milésima vez a mesma pergunta.

— Vou, Micael. — Cerrei meus olhos. — Eu vou! — Segurei seu rosto, o beijando.

Ele deu um sorrisinho, antes de me entregar outro beijo, deixando claro que ficaria com saudade até o fim do dia. Nos despedimos como pai e filha no primeiro dia de aula, desci do carro e andei até a entrada do colégio.

Nada muito anormal para mim! Eu ficaria pouco tempo até as aulas terminarem.

— Seja bem vinda! — A mulher que segurava o portão sorriu quando passei. Fiz o mesmo, retribuindo.

O mundaréu de alunos procurando sua sala me deu uma lembrança de Nova Iorque. Li três papéis, colados na parede, até achar o meu nome em negrito. Ótimo! 84, terceira sala.

Caminhei até lá, ainda sim, escutando o sinal estridente tocar em pleno colégio. Observei os alunos se alinharem em suas mesas, eu me sentia um patinho feio, isolado de todos.
Enfim, o primeiro dia de aula!

— Posso sentar aqui? — Perguntei para a menina, que assentiu no mesmo instante. Deixei minha mochila no chão, me sentando na cadeira e arrumando minha mesa.

Inclinei para buscar meu caderno mas não lembro de alguém estar tão perto de mim.
Uma pessoa que usava coturno?

— Esse lugar é meu!

Subi meu olhar para saber quem era o dono da voz grossa, sexy e intimidante. Segui o coturno de couro, calça preta e por fim uma regata, da mesma cor. Os braços cobertos por tatuagens, um piercing na sobrancelha e os olhos castanhos. A pele clara chamou minha atenção, junto com os cabelos lisos e também castanhos.

Não podia negar, era lindo! Desculpa, Micael.

Ah, é, desculpa. — Me apressei em guardar o caderno de volta na mochila. — Já estou saindo. — Me levantei.

— Na verdade, eu acho que você pode ficar. — Nos encaramos. Engoli seco. — Eu posso sentar do seu lado, mesmo você odiando a ideia.

Ok, que estranho! Lindo porém estranho.

Fiquei imóvel vendo o garoto sentar ao meu lado. Colocou os pés na mesa como se estivesse em casa, largou a mochila no chão e relaxou a cabeça, inclinando para trás. Fiquei incrédula com a cena.

A professora chegou alguns minutos depois, se apresentando. O garoto rebelde ainda ficou na mesma posição, sem se ligar para o que os outros diriam, ele não estava ligando! De vez em quando, trocávamos olhares como se estivéssemos espionando.

O olhar dele era intimidante e ao mesmo tempo curioso. Amava Micael mas ele era... Diferente! Ousado! Se fosse uma matéria, eu seria primeira a estudar para saber o por quê dele ser assim.
Seria um disfarce? Insegurança? Problemas em casa? Eu não sabia dizer.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora