Capítulo 19

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Mastiguei minha batata frita murcha enquanto assistia Hilary sentar em minha frente, colocando sua bandeja na mesma mesa que a minha. Tinha um sorriso no rosto, tirando os fones de ouvido que faziam parte de si mesma.

— E aí, colega de quarto que eu mais vejo no campus do que no quarto. — Soltou um risinho.

— Oi. — Disse sem ânimo. Estava sendo péssimo me esconder de Philipe o tempo todo!

— O que aconteceu? Está deprimida? — Roubou uma batata minha.

— Philipe não me deixa em paz. — Escorei minha cabeça em minhas mãos. — O que eu faço?

— Simples, termina tudo com ele.

— A gente não namora, Hilary! — Fiquei agoniada. — Ele não entende que eu não quero nada com ele. Será que é difícil?

— Para o Philipe deve ser. — Deu de ombros. — É por isso que eu não namoro, muito menos beijo. Quem dirá transar! — Riu sarcástica.

— Hilary. — Semicerrei meus olhos, lhe fitando. — É sério!

— Você deveria chamar ele para conversar, dizer a real. — Bebeu o suco. — Está ridículo você fugindo como uma Zé ninguém em meio ao campus.

— Verdade, não é? — Torci meu nariz.

O sinal tocou, me tirando toda a liberdade e paz do meu almoço. Não fiquei furiosa, já que iria me encontrar com Micael, na biblioteca. O sorriso no meu rosto nasceu imediatamente, Hilary estranhou.

— Do nada? — Estranhou quando me levantei, pegando minha bandeja vazia.

— Preciso ir! — Fiz charme.

— Acho que o Philipe rodou. — Rolou os olhos. — Posso saber quem é o príncipe encantado?

— Te vejo mais tarde, colega de quarto! — Acenei para Hilary, que negava com a cabeça enquanto me via ir embora.

Joguei minha bandeja no local apropriado, lavei minhas mãos e escovei meus dentes, verificando se estava com bafo em seguida.
Perfeito!
Dentes escovados e cabelos arrumados para ver Micael.
Legal!

Ele era estrategicamente perfeito quando o assunto se resumia em biblioteca e à sós. Entrei no imenso ambiente, dando de cara com ele, na primeira mesa. Estava sentado, largado, lindo e sexy como sempre. Tinha alguns livros na mesa, que trouxe consigo mesmo, assim como eu.

Corei quando ele se levantou, deixando seus livros e verificando a porta de vidro, fechada.

— Olá, senhorita Abrahão. — Ele estava se segurando para não me dar um beijo.

Oi. — Ainda estava corada. Por que? — Vamos ficar em frente à porta? — Cutuquei.

— Tem uma mesa lá no fundo, naquele mesmo lugar. — Me avisou, indo na frente.

Ele andou até a mesa em que estávamos outro dia, sentou-se primeiro, me vendo colocar minha mochila em cima e sentar ao seu lado. Quando íamos começar a se agarrar?

— Então... — Levantei meus ombros.

— Fiquei com saudade. — Tocou o meu rosto. — Você almoçou?

— Sim. — Sorrimos. — E você?

— Fiquei sem fome! Estava corrigindo algumas atividades.

— Me deu zero? — Toquei seus dedos grossos. Micael soltou um riso.

— Um oito ponto seis, eu diria. — Fiquei boquiaberta.

— Micael, eu sou uma ótima aluna! Por que você me trata desse jeito? — Tirei satisfações.

— Desse jeito como? Eu estou te preparando para o futuro. — Soltou, sincero. — Imagine se eu fosse um babaca que te acha linda e desse dez, toda vez que te visse, hein? — Cruzou os braços. — Imagina, que lindo! — Foi irônico.

— Acontece que você não é assim. — Rolei meus olhos. — Mas tô cansada de fazer tudo perfeito e você odiar as minhas coisas.

— Não fica assim. — Fez carinho no meu maxilar. — Você precisa ser mais forte! Sua prova para algum concurso será cem vezes pior do que isso.

— Eu não quero fazer marketing. Com todo o respeito! — Sorri amarelo à ele.

— Ah não? — Levantou uma sobrancelha.

— Amo você! — Toquei sua mão. — Mas a matéria é terrível.

— Como é que é? — Brincou comigo, se fingindo ofendido. — Minha aula é incrível! Os alunos me adoram.

— Adoram tanto que chegam a amar. — Fui me aproximando.

Micael me parou, querendo rir. Abri meus olhos e não entendi o porquê do afastamento. Não iríamos nos beijar, caramba?

— Aqui não, Sophia. Já falei!

— Por que? — Fiz uma careta. — Não tem ninguém! Estamos sozinhos!

— Mas pode chegar gente a qualquer momento. Eu não estou com a chave da biblioteca dessa vez.

— Droga. — Bufei. — E quando vamos ficar juntos?

— Já estamos juntos. — Achou graça. — Eu estou aqui, com você.

— Não desse jeito, Micael. — Revirei os meus olhos.

— Certo. — Ele pensou rápido. — Quer ir lá em casa de novo? Podemos fazer um programa legal que não seja estudar, já que você odeia a minha matéria.

— Meu Deus, como você é dramático. — Foi minha vez de rir, roubando um beijo rápido de seus lábios.

Micael se surpreendeu, querendo me xingar por não ter escutado suas orientações. Me levantei, segundos depois, buscando minha mochila e me despedindo dele, que não entendeu nada.

— Onde você vai? — Me observou de pé.

— Para o quarto! Temos uma noite cheia hoje. — Sorri, um pouco sapeca. — Quero que você me mostre os seus fetiches. Se lembra? — Sussurrei.

— Aaaaah, os meus fetiches! — Micael entrou na onda, pela primeira vez. — Certo. Irei mostrar os meus fetiches de um homem com trinta anos. Não vá se assustar! — Nos encaramos.

Eu tentei pensar em o que um homem de trinta anos gostava na cama, mas parei. Minhas pernas iriam ficar moles como gelatina em segundos, não podia ser assim.
Olhando assim, nem parecia que eu ainda era virgem!

— Te vejo mais tarde?

— Sim, senhorita Abrahão. — Sorriu.

Sai de lá feliz. Iríamos ir para a sua casa, de novo.

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