Capítulo 66

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Aquela situação era tão cruel que eu tive dor de barriga por, pelo menos, três vezes enquanto acompanhava Micael no hospital.
Minhas pernas estavam impacientes, eu precisava fazer alguma coisa.

— Amor. — Toquei o ombro de Micael. — Não quer ir para casa? Você precisa comer, descansar.

— Não posso sair daqui. — Sentou ao meu lado. — O médico...

— Eu sei o que o médico disse, eu sei! — Rolei meus olhos. — Mas não adianta nada você ficar aqui, sem fazer nada.

— Quero notícias do meu filho.

— O médico já disse para você, Micael. — Bati minhas mãos na coxa. — Não tem o que fazer. Devemos rezar para que tudo ocorra bem. Principalmente com a Paola!

Micael ficou em silêncio, dedilhando a palma da sua mão, atordoado por não ter muito o que fazer.

— Vamos para casa? — Massageei seu músculo. — Eu vou cuidar de você! — Beijei sua bochecha.

Ele me olhou de canto, aceitando a ideia por estar cansado.

Saímos do hospital e fomos direto para casa. Micael seguia cansado, com olheiras, bocejando, não vendo a hora de tomar um banho quente e ter a cama confortável acomodando seu corpo. Naquela noite, tive a excelente ideia de cozinhar para ele.

Eu sabia cozinhar mas minha mãe não gostava de me deixar na cozinha. Sabia o básico, mas eu gostava de fazer doces. O que causava discussão em casa quando morávamos juntas.

Ajeitei as panelas no fogão, gostando de sentir o cheiro delicioso que subia por minhas narinas. Arrumei a mesa de jantar e segui até o banheiro, vendo que Micael tomava banho no banheiro social, por conta da banheira.

Me escorei no batente da porta, sorrindo ao vê-lo relaxar na água quente. Não tão relaxado.

— O jantar está pronto! — Entrei no banheiro.

— Obrigado por isso. — Me sentei na beirada da banheira. Micael escorou sua cabeça em minha coxa, fechando os olhos.

— Sabia que você precisava descansar. — Mexi em seus cabelos úmidos. — Aquele hospital está acabando com você!

— Estou preocupado, Sophia. Não queria deixar o meu filho lá, ainda mais desacordado. — Ficou em transe. — E Paola...

— Eu não sei como reagir. — Me encarou. — Eu liguei para a mãe dela durante o dia. Estão viajando para Malibu em emergência! Vamos conversar o que será feito.

— Você já pensou em algo para dizer à mãe dela?

— Ainda não. — Micael engoliu seco, com medo de dizer algo. — E você? Como foi no colégio hoje?

Respirei fundo e aquietei minha língua para não dizer sobre Harry, e muito menos o quase-emprego que ele havia me arrumado. Micael já estava cheio de problemas, não queria envolvê-lo em mais.

— Ah, foi normal. — Dei de ombros. — Os primeiros dias são aqueles... Chatos! — Micael soltou um riso.

— Já sabe o que quer fazer quando acabar as aulas?

— Ainda não! Eu não tive muito tempo para pensar. — Mexi em meus cabelos, deixando os de Micael. — Essa história da minha mãe me deixou um pouco confusa. Fora isso também. — Cerrei meus olhos. — É muita coisa para uma menina de dezessete anos.

— Quase dezoito! Seu aniversário é na semana que vem. — Micael me fez lembrar.

Uau! Eu havia esquecido do meu aniversário completamente.

— Jura? Quer dizer. — Balancei minha cabeça. — Eu não quero nada.

— Você não gosta de comemorar o seu aniversário?

— Eu gosto mas esse ano eu não quero nada. — Segurei na mão de Micael. — Por favor!

— Ok. Nada de aniversários! — Micael e eu sorrimos leve. Ganhei um beijo suave nos lábios, seguido de um beijo demorado.

Parei o que estava fazendo, alisando a ponta do nariz de Micael e me levantando da beirada. Avisei ao mesmo que o jantar estava pronto, onde ele assentiu, se afogando dentro da cerâmica grande e brilhosa, com a água, agora, morna.

Caminhei até à suíte, tomando meu banho antes de fazer companhia para ele no jantar. Tentei relaxar mas foi impossível! Harry, Harrison, quase-emprego e Paola eram as palavras chave da minha ansiedade.

Tanto que eu acabei vomitando sem querer.

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