Capítulo 15

2.3K 95 7
                                    


Recebi um e-mail perguntando o porquê de não ter ido à aula, de tarde. Respondi dizendo que estava com cólicas, pressão baixa e dores no corpo. Me indicaram ir até a infernaria do campus, mas óbvio que não fui.

Quando a noite chegou, Hilary me incentivou à fugir do alojamento para passear no píer, quase no mesmo lugar onde eu e Philipe havíamos ido ontem. Chegamos um pouco tarde, conversamos e depois, dormimos.

— Sophia Abrahão?

Me assustei quando a mão do novo professor de Marketing Digital fez um barulho imenso na minha mesa. Uma folha com um texto enorme ficou ao me ver, me fazendo franzir o cenho. Eu tinha cochilado em plena aula, estava morrendo de sono!

— Sim? — Estava assustada por ter acordado daquele jeito.

— Assine nessa coluna, vou levar até a diretoria!

— Por que? — Porquê ele havia me pegado dormindo? Derrrr.

— Você faltou ontem, não fez os deveres de casa e ainda por cima está dormindo em plena aula! — Cruzou os braços. — Vou levar até a diretoria para...

— Deixe comigo, Richard.

A voz máscula de Micael ecoou pela sala, todos os alunos começaram a falar em uníssono, se perguntando o que havia acontecido. Foi um choque para todos!

Vi ele deixar o seu material em cima da mesa, cumprimentar o professor e por fim, me observar.

— Micae...

— Deixe comigo! Você pode se ausentar, se quiser. — Soou simpático. — Eu comando por aqui.

— Você não havia pedido transferência? O que aconteceu? — O professor estava incrédulo ao ver Micael ali, perguntando mil coisas ao mesmo tempo.

— Mudei algumas coisas, Richard. Está tudo sob controle! — Esboçou um sorriso. — Pode me dizer o que estava passando à eles? Eu termino por aqui.

Meu corpo tranquilizou ao ver Micael, ali, de pé, ajeitando o seu material e se preparando para começar uma aula digna. Sorri de orelha à orelha, dobrando o papel posto em minha mesa, guardando no meio do meu caderno.

Mas fui surpreendida pela mão de Micael, fazendo absolutamente a mesma coisa que o antigo professor havia feito.

— Advertência, senhorita Abrahão!

— COMO É QUE É? — Arregalei os olhos. — O que eu fiz agora?

— Faltou na aula ontem, não trouxe atestado médico e por fim, estava dormindo em plena aula. — Micael rolou os olhos. — Assine na coluna a cima e deixe na minha mesa. — Saiu andando.

Só pode estar de brincadeira, né?

— Turma, abram seus livros na página cento e oitenta! — Avisou.

Eu não estava acreditando naquilo!

Fechei meu livro quando a aula acabou, vendo todos os alunos se levantarem e saírem. Fiquei com ciúmes quando uma ordinária safada conversou com Micael, jogando risadinha e saindo, bem depois. Fechei minha cara, peguei o meu material, saindo. Ele me parou.

— Ei, ei, ei! — Me parou. — Não vai falar comigo?

— Vai me dar advertência e ficar de gracinha com essas safadas?

— Que? — Ele riu. — A advertência foi ordem do campus. Ariadna é minha aluna também!

— Olha o nome da infeliz. — Revirei os olhos. — Nome de safada, quenga, puta!

— SOPHIA! — Micael ficou bravo, se levantando. — Isso é coisa de se dizer?

— Desculpa. — Cruzei meus braços e encarei o chão. — Agora advertência é demais, você não acha?

— Foi você quem faltou, não posso fazer nada! São ordens! — Levantou os ombros.

— É. São ordens! — Dei de ombros. — Vou tentar ficar mais calma, afinal, temos jantar hoje. Pensa que eu esqueci?

— Só quero que você não comente isso aqui no campus, por favor. — Pediu. — As paredes tem ouvidos!

— Ok! — Rendi minhas mãos. — Eu preciso me segurar antes de falar com você.

— Também acho. — Ri leve.

— Acho que eu vou indo. — Soltei um suspiro. — Nos vemos mais tarde?

— Naquele lugar. Não se atrase!

Assenti e sai, sem me despedir dignamente de Micael. Quase soltei suspiros apaixonados pelo corredor, quando Philipe me parou, querendo saber o motivo da minha felicidade, em plena manhã.

— Olha só, alguém viu o passarinho verde! — Sorriu para mim.

— Bom dia, Philipe! — Meu sorriso foi morrendo. — Como você está?

— Bem. E você? Soube que recebeu uma advertência.

— Nossa. — Me impressionei. — As notícias correm por aqui, não é mesmo?

— Na verdade sua colega de classe comentou e eu apenas escutei. — Soltou um risinho. — Fora isso, você está bem?

— Estou sim! Eu preciso ir...

— Vamos nos ver hoje?

— Philipe...

— Não me...

— Philipe, eu preciso mesmo ir. Ok? Mais tarde conversamos.

Sai rápido antes que Philipe fosse mais ágil, andando em passos largos até o meu alojamento. Esperando que a noite caísse rápido para poder ver Micael.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora