Capítulo 67

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— Bom dia, querida flor do dia.

Me assustei com Harry chegando de fininho. A voz sexy e rouca pela manhã. Puxou uma cadeira para se sentar ao meu lado, já que as aulas não haviam começado.

— Uau, bom dia! — Achei graça. — Chegou cedo.

— Na verdade eu detesto esse lugar, tem cheiro de boceta velha. — Me impressionei com o palavreado. — Desculpa.

— Imagina. — Abaixei o meu olhar.  — Mas enfim, o que trouxe você bem cedo nessa manhã ridícula? — Entrei em seu linguajar.

— Preciso disso para ser alguém na vida. Não é mesmo?

— Por esse lado, sim!

— E aí. Pensou no emprego? Hoje você vai lá, não vai?

— Sim, eu quase acabei me esquecendo. — Cerrei meus olhos. — Você acha que vai dar certo?

— Óbvio que sim! É um serviço tranquilo. Vai ter horas que você vai olhar e dizer: que merda.

Dei risada com Harry. Já ele, ficou sério.

— Não ria, é verdade!

— Eu nunca trabalhei, Harry. Como eu disse. — Rabisquei a última folha do meu caderno. — Vai ser uma experiência bacana, se der certo.

— Já deu certo. Você precisa ver isso! — Nos encaramos.

O sinal havia tocado, depois de algum tempo. Harry tirou sua cadeira do lugar, voltando à sua mesa e prestando atenção na aula. Fiz o mesmo, até chegar a hora da saída.

Mais tarde, depois das aulas, acompanhei Harry até o seu serviço, mais considerado: uma sorveteria.

"Ahoy" com um chapéu de marinheiro em cima do logo chamou a minha atenção. E o uniforme dele era de marinheiro. MEU DEUS, QUE LEGAL!

Fiquei esperando no salão com várias mesas e cadeiras altas, Harry sumiu pelo balcão e logo uma loira alta veio me cumprimentar.
Deveria ser a dona, não?

— Você deve ser a Sophia, não? — Demos as mãos.

— Sophia. Abrahão. — Estava nervosa. — Sophia Abrahão. — A loira deu um risinho.

— Sente-se, querida. — Me acomodou bem na sorveteria, que estava vazia.

Ajeitei minha postura diante da cadeira. Aquilo estava tão estranho.

— Harry contou que eu estou precisando de funcionários, não é mesmo?

— Sim, ele me disse sim. Aliás, o lugar é ótimo! — Assenti sorrindo, feito uma pateta.

— Que bom que gostou! — Fez uma pausa. — Eu preciso de alguém que ajude Harry nas tarefas fáceis. Ele sozinho não dá conta, preciso de uma alma feminina nesse lugar. Atendimento, enfim, você entendeu. — Ela foi sincera.

— Sou muito comunicativa! Posso ajudá-lo sem problemas. — Assenti de novo.

— Enquanto ao seu horário? Você está tranquila em fazer o mesmo horário que ele?

— Claro! Posso começar hoje mesmo, se você quiser.

— Não, hoje não. — A mulher torceu o nariz. — Vou te dar o uniforme e você pode vir amanhã com ele. Não se atrase!

— Pode deixar. — Fiquei feliz no fundo.

A mulher me deu um documento, logo após, um contrato com duas folhas para que eu lesse com calma.
Lá estavam as informações necessárias: horário de descanso, salário, normas e mais algumas coisinhas.

Mexi com Harry antes de sair da sorveteria. Ele estava abafado, cheio de louças para lavar. Não parecia o Harry que eu conhecia do colégio.

— Você já vai? — Ele fechou as torneiras.

— Já sim. Começo amanhã! — Soltei, animada. — Podemos vir juntos.

— Claro. — Secou as mãos. — Quer experimentar algum sorvete?

— Hum... Acho que sim. — Olhei os freezer's. — Quero esse! — Apontei ao vidro.

Harry me serviu em um recipiente pequeno, como degustação. Emiti um som engraçado, aquilo era delicioso!

— Bom? — Me observava com cautela.

— Maravilhoso! — Sorri. — Vou engordar de tanto querer mais disso aqui.

— Você enjoa fácil. Vai ver conforme os dias.

— Te vejo amanhã?

— Sim, senhora.

Me despedi de Harry, que ficou por lá, trabalhando. Fui de ônibus para casa, achando um jeito de contar à Micael como havia conseguido um emprego.

— Micael? — Passei pela porta. — Amor? — Coloquei minha mochila no sofá.

Aqui no quarto. — Escutei sua voz.

Andei até lá, o vendo se vestir. Micael passava a boxer, em seguida, uma calça jeans.

— Tudo bem? — Perguntei.

— Mais ou menos. Estou indo para o hospital! — Me encarou. — A mãe da Paola acabou de chegar.

— E Harrison?

— Ainda nada. Preciso ir correndo! — Beijou minha testa. — Te vejo depois, ou amanhã.

— Amanhã?

— Não sei se vou sair do hospital hoje, querida. Muitas coisas vão acontecer. — Tocou meu rosto. — Quer ir comigo?

— Eu posso ir depois? Preciso de um banho... Enfim. — Remexi minha cabeça. — Você almoçou?

— Não, mas eu estou sem fome. Preciso ir! — Foi rápido, me dando outro beijo na testa antes de sair.

Fui covarde de não contar à Micael, de novo. Bufei e avisei a casa sozinha. Sabia que agora ele não iria parar em casa. Só queria saber onde essa história iria dar.

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