Capítulo 64

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O cheiro de éter me fez ter certeza que, sim, eu estava em um hospital. Pedi informações no balcão grande do lugar, com centenas de funcionários andando de um lado para o outro, ambos de branco.

A informação que tive foi: Paola e Harrison ainda estavam em estado grave. Procurei por Micael na imensidão do corredor, subindo andares pelo elevador, até achá-lo.

Ele estava em um corredor pouco movimentado. Sentado na cadeira acolchoada, como se fosse uma poltrona. As mãos juntas em frente ao rosto, como se estivesse rezando baixinho. As pernas balançando, em nervosismo. Me aproximei dele, tocando suas costas, o consolando.

— Amor. — Chamei sua atenção. — O que houve de fato? Eu procurei por notícias.

— Paola caiu do teleférico junto com Harrison. Parece que a trava de segurança não estava bem posicionada, o que fez os dois caírem. — Estava aflito ao contar. — Harrison caiu na neve, mas ainda está desacordado. Os médicos o deixaram em observação com aparelhos. Paola já está em estado grave!

— Estado grave? — Me gelei.

— O impacto da caída fez com que ela batesse a cabeça fortemente. — Me choquei. — Ela ainda não acordou!

— E...

— E ninguém sabe se vai acordar.

Uma onda de tensão caiu sobre mim. Micael estava gelado, aflito pela situação. Mordi a ponta dos meus dedos, com medo de falar alguma abobrinha, já que estava nervosa, no mesmo estado que Micael.

Ficamos um bom tempo ali, esperando respostas. Médico entrava, médico saía. Troca de plantão... E Micael sempre ali, perguntando tudo sobre Harrison, se já havia acordado, respirado sem aparelho, mexido os pés. TUDO!

— Você precisa comer alguma coisa. — O abracei de lado.

— Estou sem fome.

— Mas precisa comer! — Nos encaramos.

— Eu não quero comer, Sophia. Eu só quero saber se meu filho está bem, se vai sair daqui... — Micael segurou o choro, respirando fundo. — Sério, não dá! — Levantou-se, andando de um lado para o outro. — Eu vou morrer se não tiver mais alguma notícia do Harrison.

— Micael, calma! O médico acabou de te dizer que ele está reagindo aos remédios. Só está desacordado! — Tentei acalma-lo. — Não vamos chegar em nada desse jeito. A única coisa agora é esperar!

— Eu vou morrer até lá. — Bufou.

Um homem apareceu diante ao corredor. Um pouco novo, cara de quem não trabalhava e muito menos alguém honesto. Parou perto de nós, com as mãos no bolso.

— E aí. — Mexeu a cabeça. — Alguma notícia da Paola?

— Quem é você? — Micael franziu o cenho.

— O marido dela. — Disse com convicção. — Eu disse para ela não viajar...

— Você tem a audácia de vir até aqui ainda? Faça-me o favor!

— Micael! — Me intrometi. — Isso não é hora e nem lugar para discutir esse assunto da Paola.

— Só que esse rapaz ainda tem coragem de saber se ela está bem. Onde você estava quando deixou os dois viajarem sozinhos? — Se alterou.

— Eu nem sabia que ela ia para Aspen! Ela sumiu com o moleque, não disse para onde iria. Parecia até que ia fugir!

— Moleque não! O nome dele é Harrison. — Micael partiu para cima. Tive que parar, chamando alguém.

Dois enfermeiros entraram no meio, separando algo que iria começar. Micael nervoso de um lado, e o outro completamente tranquilo de outro. Óbvio que não ligava para Paola.

— O senhor pode se retirar, por favor? — O enfermeiro disse ao marido de Paola, que resmungou antes de sair à força.

Xingou Micael diante do corredor, até entrar novamente pelo elevador, indo embora. Micael colocou as mãos no bolso, andando de um lado para o outro, ainda nervoso.

— Está vendo? É por isso que eu não posso deixar ela sozinha!

— Ela quem? Paola? — Me surpreendi.

Eu sabia que o vínculo de Paola e Micael era Harrison, mas não sabia que ele soltaria isso, a essa altura do campeonato.
Fiquei com uma pulga atrás da orelha...

Você entendeu, Sophia.

— Não, eu não entendi. Mas não vou conversar sobre isso com você. Depois que Paola melhorar, nós conversamos sobre isso. — Fiquei brava no mesmo instante.

Micael deu de ombros, se fechando em seu mundinho antes de perguntar sobre Harrison novamente.

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