Capítulo 74

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Uma semana depois.

Hoje era o meu aniversário. Um aniversário de merda, eu deduzi assim.

Todos estavam de luto por Paola em casa, principalmente Micael, que me surpreendeu. Harrison havia saído do hospital, onde ficou com a gente, na sua mais nova casa.

Micael tomou café em silêncio comigo naquela manhã, sem dizer nada, sem soltar um comentário e simplesmente...

— Feliz aniversário, querida.

Disse neutro, mordendo seu pão de forma enquanto esfregava os dedos para limpar as migalhas. Levou a xícara de café até os lábios, bebendo.

— Obrigada. — Ajeitei minha postura. — Eu já vou indo. — Me levantei.

— Onde você vai?

— Para a aula! — Disse óbvia. Ali que eu não iria ficar. — Você vai para a faculdade?

— Mais tarde, quer dizer... Eu pensei que ficaríamos juntos hoje. — Rolou os olhos.

— Eu preciso ir! A semana de provas já começou. — Não havia mentido sobre a semana de provas, mas havia mentido sobre ir para o colégio naquela manhã.

— Tudo bem. Eu volto da faculdade mais tarde. A babá está chegando para ficar com o Harrison. — Avisou.

Mais uma extrema novidade: tínhamos uma babá, que ficava com Harrison durante esse período de repouso. Micael garantiu que arrumaria uma escola em período integral ao garoto, para ficarmos livres de uma estranha cuidado de Harrison.

Sai de fininho com a mochila nas costas, caminhando até o ponto de ônibus. Mandei mensagens à Harry, que respondeu no mesmo instante, aceitando faltar no colégio para passar o aniversário junto comigo. É claro que tínhamos que trabalhar depois, mas o momento de diversão seria maravilhoso para os meus dezoito anos.

— Feliz aniversário ou Happy Birthday, honey? — Harry caminhou em minha direção, me entregou uma caixinha pequena e dourada.

— Obrigada. — Fiquei ansiosa em abrir.

Só não esperava ter aquilo lá dentro.

— Ah, eu... Obrigada mas eu não uso isso. — Devolvi a caixinha.

— Ah, qual é? Você fez dezoito anos! É um tapa, você não vai ficar usuária disso.

— E você usa isso?

— Quase toda a noite. É o único jeito de relaxar! — Harry segurou a caixinha novamente.

— Você deve ser a única pessoa que consegue disfarçar o cheiro de maconha. — Caminhamos pela areia, juntos.

— Você fica expert depois de uns anos. — Soltou um risinho. — E aí, como foi a sua manhã mais velha?

— Recebi um parabéns mais seco que o Saara de Micael. Harrison está dopado com remédios em recuperação e a babá chegaria mais tarde. Um ótimo aniversário! — Debochei.

— E suas amigas de Nova Iorque?

— Devem ligar mais tarde. Eu ainda não entrei nas minhas redes sociais. — E nem estava ligando se me mandassem ou não. — Só fiquei triste pela situação!

— Da mulher morrer? — Assenti. — É melhor do que ela ficar vegetando em cima de uma cama. Você não concorda?

— Eu concordo mas... — Paramos de andar. — Eu fiquei insegura com o Micael. — Contei.

— Por que?

— Ele é a pessoa que mais está de luto pela Paola. Ele odiava a Paola! — Blefei. — Será que no fundo ele ainda sente algo por ela? — Mordi a ponta dos dedos.

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