Meu Professor - Coast

Capítulo 45

Eu dormi, bem mais do que devia. Um sono tranquilo, gostoso, mesmo que um caminhão tivesse passado por cima de mim.

Me alisei diante dos lençóis que seda que Micael tinha em sua cama, me incomodando um pouco com a claridade que vinha da janela. Ele não ousou em me acordar para voltarmos ao campus. Me deixou dormir e descansar. Amo o meu namorado!

Me aninhei no edredom confortável mas não senti a companhia de Micael ao meu lado, o que me fez acordar.

Porém, me assustei quando vi o meio metro de gente de pé, ao lado da cama. Um mini Micael com cabelos de tigela, olhinhos de índio e lábios como os do pai.

— Oi. — Ele soltou. Doce. — Por que você está pelada?

— AÍ MEU DEUS! — Me cobri rapidamente. Acordando de uma vez por todas. — MICAEL! — O chamei.

— Meu pai saiu. Minha mãe me trouxe porque tinha médico. — Realmente, ele era bem inteligente para seis anos.

— Ah... O seu, o seu pai... Saiu? — Balbuciei. — Que tal você esperar lá fora, hein? Eu preciso me trocar!

— E por que você dorme pelada?

— Porque... Porque estava calor! Você não sente calor? — Me enrolei toda nas respostas.

— Não.

Escutei a porta da frente bater.

— Harrison? — A voz de Micael ecoou pelo corredor.

— Micael! Que bom que você chegou! — Me desesperei ao escutar sua voz se aproximando.

Ele correu até o quarto, pegando Harrison no colo e o tirando de lá.

— Eu não disse para você esperar na sala? Eu liguei a televisão!

— Gumball acabou! — Harrison protestou.

— Mas tem outros desenhos ao invés de Gumball.

Passei a mão no rosto antes de sair da cama, atrás das minhas roupas. Tomei um banho antes, saindo do quarto com a cara mais sem graça de todas.

Harrison estava sentado na mesa, enquanto tomava o seu café da manhã. Micael terminava de preparar os ovos mexidos, colocando em um prato.

— Bom dia, querida. — Sorriu amarelo para mim, por conta da situação. — Me desculpe, eu...

— Está tudo bem, ele não viu nada. — Passei por Micael, dando um beijo em sua bochecha.

Harrison estava atento na televisão.

— Bom dia, Harrison. — Me agachei até ele, que não ousou dar atenção à mim.

— Bom dia. — Mastigou o pão.

— Você chegou cedo, não foi?

— Minha mamãe foi no médico. — Os olhinhos idênticos aos de Micael me encararam.

Harrison era lindo!
Fofo!
Me encantei por ele, mesmo sendo atentado e esperto.

— Você gosta de ficar aqui? — Eu deveria parar com o meu questionário.

— Gosto. — Bebeu o seu leite.

— Querida, eu vou chamar um táxi para você. Não vou conseguir ir na parte da manhã, de novo! — Micael me explicou. — Paola teve alguns exames de rotina, Harrison precisou ficar comigo.

— Tudo bem. Eu vou de táxi, não tem problema. — Sorri leve.

Me sentei ao lado de Harrison para tomar café.

— Faz tempo que ele chegou?

— Uma hora atrás. Paola chegou cedo! — Contou. — Foi uma surpresa recebê-lo de manhã.

— E você estava aonde quando acordei com ele na ponta da cama?

— Fui ao mercado.

— Aaah. — Comi meus ovos em silêncio.

Harrison tirou a atenção da TV, me observando.

— Você quer um pouco? — Ofereci.

— Eu comi pão. — Rolou os olhos. — Por que você está aqui?

— Sophia é a namorada do papai, Harrison. Eu já te contei isso, se lembra? — Micael ficou de pé, na frente da pia. Lavava uma pequena louça.

— Namorada? — Harrison torceu o nariz. — E por que você não ficou casado com a minha mamãe?

— Porque não! Casamentos acabam, Harrison.

— E por que acabou?

— Porque não deu certo.

Eu estava chocada com aquele diálogo de pai e filho.

— E por que a Sophia é a sua namorada?

— Porque eu amo ela. Assim como amei a sua mãe, mas agora, é diferente! — Micael terminou a louça.

Secou as mãos enquanto encarava Harrison, que ainda fazia o seu questionário.

— E por que você estava pelada na cama do meu pai?

— Harrison, chegou! — Micael interviu. — Já terminou o seu café? Você tem dever.

— Ah não, eu não quero fazer lição de casa. É chato!

— É necessário, Harrison! Se você não sabe, eu sou professor. Você vai me achar chato quantas vezes você quiser. — Micael ficou bravo, seguindo Harrison até outra mesa.

O fez abrir a mochila que trouxe, retirando o seu material de lá.

— Sua mãe me disse que você tem três páginas para fazer. — Abriu um livro antes de desligar a televisão.

— Mas eu não quero.

— Mas vai fazer! Pegue o lápis, vamos. — Ordenou.

Eu gostei de ver esse lado de Micael, mesmo não levando jeito para algumas coisas.
Ele se deu bem! Parecia que era pai há anos, Harrison foi sortudo de ganhá-lo como pai.

Sorri escondida vendo a guerra que foi, fazer Harrison gostar da lição de casa deu trabalho! Eu amaria ficar ali, a tarde toda, vendo os dois se comunicarem daquele jeitinho.

Porém, tinha que voltar ao campus. Me levantei da mesa após tomar café, lavei minha louça e chamei um táxi.

Estava saindo quando recebi uma ligação. O nome da minha mãe apareceu no visor. Estranhei.

— Mãe?

— Sophia, precisamos conversar! — Estava séria.

Lá vem.