Ficar na casa da Mel estava sendo mais difícil do que eu pensei. Eu sabia que estava sendo um incômodo à parte, mesmo limpando o apartamento, lavando a louça e às vezes cozinhando para os dois.Eu ficava sozinha a maior parte do tempo, já que Mel ia para faculdade e Chay saía para trabalhar, com seu irmão.
Naquela semana um mar de emoções tocou a minha vida. Eu havia ganhado uma proposta de emprego! Chay havia arrumado para mim, na empresa de um dos seus tios. Eu praticamente ficaria relendo contratos e revisando problemas, na frente de um computador, em uma sala refrigerada. O salário era ótimo e eu poderia começar na mesma semana em que combinamos.
Já faziam três dias que eu estava trabalhando, na pequena empresa. Até agora, tudo ok. Estava gostando do meu trabalho que não era nada difícil. Ainda.
— Bom dia, Sophia! — Marco apareceu na minha mesa. Bebia seu famoso café gelado.
Ele não lembrava o Chay e muito menos alguém da família dele. A barriga de cerveja deixava a desejar, fora a barba ralada e os dentes amarelos.
— Bom dia, Marco. — Sorri leve. — Algum problema?
— Eu preciso que você leia todos esses documentos e me entregue um por um, separado. — Explicou. — Consegue fazer isso até o meio-dia?
— É... — Encarei o relógio, que indicava onze e vinte. — Meio-dia?
— Exato.
— O documento tem seiscentas folhas, Marco. — Rolei meus olhos. — Mas acho que consigo.
— Ah, você acha?
Meu riso foi morrendo aos poucos.
— Escuta aqui. — Marco aproximou da minha mesa. — Eu pago você para ser a minha serva. Entendeu? Se eu mandei você fazer essa bosta, você vai fazer essa bosta. Está entendendo?
É, meu emprego acaba de ser uma merda!
Estava tudo um mar de rosas, impossível nada acontecer durante esse processo.
— Obrigado. — Marco debochou, me deixando de lado, saindo da minha mesa.
Respirei fundo, acalmando meus ânimos e me apressando para entregar os documentos até meio-dia.
Eu trabalhei bastante durante à tarde, resolvendo mais problemas pelo telefone. Não via a hora de dar o meu horário, sumindo das grosserias de Marco.
Quando sai do escritório, já estava anoitecendo. Fui de ônibus até o apartamento de Mel, desejando tomar um banho quente, comer algo e dormir na minha cama.
Mas tudo mudou quando passei pela porta, vendo ela totalmente eufórica atrás de mim.
— AINDA BEM QUE VOCÊ CHEGOU! — Correu até mim, tinha uma carta nas mãos.
— O que aconteceu? — Encarei ela, depois, Chay. — Não me diga que você está grávida? — Abri meus lábios.
— Não, jamais! — Mel negou com a cabeça. — É melhor ainda.
— Ela vai ficar fazendo suspense até você acertar o que é. — Chay deu de ombros, deixando de lado a euforia de Mel.
— Nossa, sem graça! — Remedou. — Isso chegou para você. — Balançou o envelope em minha frente, logo após, me entregando.
Li o emblema do vestibular, rasgando rapidamente o envelope que continha a carta dentro. Meus olhos passavam tão rápidos pelas letras miúdas que eu tive dor de cabeça.
— E AÍ? — Mel juntou as mãos.
— EU PASSEI! — Quase amassei a carta. — EU PASSEI! EU PASSEI! EU PASSEI! EU PASSEI! — Sai pulando, abracei Mel, que fez o mesmo comigo.
— AMIGA, QUE FELICIDADE! MEUS PARABÉNS. — Beijou o topo da minha cabeça. — EU SABIA QUE VOCÊ IA CONSEGUIR.
— Parabéns, Sophia. — Chay não estava muito empolgado. Idiota.
— Quais cursos você entrou?
— Então, a carta está dizendo que eu posso escolher entre vinte cursos. — Sorri de orelha à orelha. — E eu posso pedir transferência também.
— Que legal! Se der, podemos estudar juntas na mesma faculdade.
— Amiga, já pensou? — Imaginei esse fato acontecer. — Íamos reviver os velhos tempos de escola.
— EU JÁ QUERO QUE ISSO ACONTEÇA! — Mel bateu palmas. — Mas primeiro você precisa ver qual curso quer fazer.
— Eu ainda preciso pensar. — Reli a carta novamente, extremamente feliz. — Qual curso você acha que combina comigo?
— Sei lá, tem tantos. — Mel levantou os ombros. — Você precisa se identificar com algum primeiro, não pode meter os pés pelas mãos.
— Eu estava pensando em direito. O que você acha? — Encarei Mel, que me analisou.
— Nada a ver.
— Sério? — Me entristeci.
— É que eu nunca te vi tão séria. — Soltou outro riso. — Eu acho melhor você pensar bastante antes de fazer a inscrição.
— É, também acho. — Pensei comigo mesma.
Mas eu não consegui pensar no que queria, já que estava me imaginando em todas as profissões possíveis. Um aperto no peito me pegou quando li as opções de marketing. Eu não tinha cara de quem faria marketing! Marketing me lembrava Micael, e eu não queria isso para a minha vida. Jamais.
Minhas opções estavam sendo Direito e Psicologia. Mas eu não queria fazer nenhuma delas. Acho que Mel tinha razão, eu jamais combinaria com Direito.
E se eu fizesse... Marketing? Sem ser digital.
Eu gostei do curso que Micael havia me dado, fora que tinha diploma. Eu poderia investir, ganhar dinheiro e esfregar na cara dele que eu havia passado por cima, me tornado uma tremenda profissional.
— Não, Sophia. Marketing jamais! Direito. Tem que ser Direito. — Falei comigo mesma, deixando de lado essa ideia maluca de escolher marketing.
Fiquei remoendo isso até a hora de dormir.
Na verdade, eu não consegui dormir! Pensar no curso que iria escolher foi mais forte do que meu sono. Amanhã chegaria destruída na empresa, e claro, levaria uma coça daquelas de Marco.
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Meu Professor - Coast
RomanceDurante as férias de verão, Sophia ganha um curso promocional na Califórnia. Mas ela não esperava se apaixonar pelo o seu professor, treze anos mais velho, moreno e de olhos castanhos.