Capítulo 7

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Ficar de castigo me lembrava a infância, em todos os aspectos. Eu não aguentava mais ficar dentro daquela biblioteca idiota, com livros velhos do tempo da minha bisavó.

— Vem cá. — Chamei a atenção da bibliotecária, que mexia em seu celular. — Vocês não tem A Culpa É Das Estrelas? — Torci o nariz.

— É livro de astrologia? — Levantou uma sobrancelha, confusa pelo título.

— Esquece. — Dei de ombros e voltei a caminhar pelo palácio de livros em minha volta.

Eu deveria estar estudando mas não aguentava mais matérias com Marketing Empresarial. Talvez, se trocassem os professores eu pegaria mais gosto pela matéria.

— Oi.

Micael apareceu ao meu lado, um pouco cansado. Escorou na prateleira.

— Vou voltar para a mesa e estudar. — Ia saindo mas sua mão forte me parou.

E que mão! Meu olhar subiu rapidamente ao seu, com medo pela iniciativa totalmente estranha. Se estava fazendo isso no meu ombro, imagine no meu corpo.
Acalme-se Sophia!
Acalme os hormônios!

— Eu queria pedir desculpas à você por hoje mais cedo. — Umedeceu os lábios. — Eu não deveria ter feito aquilo.

— Mas fez! — Relembrei o acontecido. — Por que você me odeia?

— Eu não te odeio! Por que eu te odiaria? — Franziu o cenho.

— Porque você fica pegando no meu pé toda a hora. — Rolei os olhos. — Não vejo você fazendo isso com outras alunas.

— Eu sinto que você é uma ótima aluna, Sophia. — Mexeu em seus cabelos. — Por isso pego muito no seu pé, você ainda não sabe administrar isso em você.

— Eu fui inteligente o suficiente para fazer a prova e passar nessa prisão promocional.

Micael soltou um riso.

— Enquanto ao Philipe?

Me fisgou com aquela pergunta idiota.

— O que tem ele?

— Vocês estão namorando?

— Não, eu e o Philipe somos colegas de campus. — Me senti desconfortável. — E por que você quer tanto saber? Está com ciúmes?

— Eu? Por que eu teria ciúmes de você? — Blefou.

— Por que está blefando?

— Eu perguntei primeiro, senhorita Abrahão.

Nos encaramos em tensão. Eu não aguentava mais dividir o mesmo ambiente que Micael, era um saco!

— Quantos anos você tem? — Cheguei mais perto, observando suas feições impecáveis.
Caramba, que gostoso!

Trinta.

— Trinta? — Levantei uma sobrancelha.

— Sim. Trinta. — Rolou os olhos.

— Você é casado, professor Borges?

— Heidi.

— Tem filhos?

— Dois.

— Pare de mentir!

— Está vendo? Você é mais inteligente do que parece! Sabe quando eu estou mentindo. Sabe os jeitos que precisa rever quando fala comigo.

Os olhos castanhos me intimidaram como se eu estivesse nua em sua frente. Eu nunca senti atração em homens mais velhos, eu sentia nojo quando via filmes onde a protagonista beijava alguém com mais de trinta anos. Mas Micael era diferente! Ele não transparecia que tinha apenas trinta anos. Mas sua inteligência e soberania falava muito mais alto.

— Você me fará ir para a cadeia fazendo isso. — Chegou mais perto.

— Fazendo o que? — Olhei seus lábios carnudos. — Eu gosto de sentir isso.

— Sentir o que, senhorita Abrahão?

Caiu seu corpo sob o meu, encostando em minha pele enquanto suas mãos apoiavam na prateleira cheia de livros. Inalei o perfume másculo e sexy, aproveitando do momento para sugar todas as informações precisas. Eu faria terrores hoje à noite, meus dedos tremeriam mais do que o normal.

Minha respiração estava ofegante, porém, em silêncio, prendendo ao máximo para não cometer qualquer loucura dentro daquela biblioteca. Imaginei que ali não havia câmeras, Micael estava dando passos arriscados demais.

— Você quer sair daqui, não quer? — Me perguntou. Eu estava morrendo de tesão só de cheirar o seu perfume por um bom tempo.

— Eu quero. — Fechei os meus olhos.

— Escuta. — Me fez abri-los novamente. — É loucura o que eu estou fazendo mas vou te tirar daqui, para conversarmos!

Prestei atenção em todos os detalhes, não podia perder essa oportunidade única de sair daquele inferno com um gostoso.

— Como eu vou sair daqui?

— Espere meia hora depois do toque de recolher. Eu vou estar no condomínio de trás, onde quase não tem alunos. — Me explicou. — Ficarei de carro por lá, te esperando.

Eu estava com medo, excitada e ansiosa. Poderia acontecer algo de ruim comigo? Poderia! Eu não conhecia Micael à tempo demais. Ele era meu professor! Se alguém nos visse, daria péssimo para todo o mundo.

— Não conte à ninguém, entendeu?

— Claro! Não vou contar à ninguém. Eu mal tenho amigos. — Droga! Hilary ia ser a primeira pessoa para quem eu iria contar.

— Ótimo! — Saiu de cima de mim. — Te vejo à noite.

Me deixou na biblioteca, com as pernas bambas e a calcinha úmida. Fiz a icônica cena de menininhas apaixonadas, descendo meu corpo até o chão, arrastando minhas costas na prateleira velha do local.
Eu iria sair com Micael Borges.
Eu iria sair com o meu professor.

Fiquei bastante ansiosa pela noite, estudando o máximo que podia para as horas passarem rápido. Quando Hilary entrou no quarto, perto do toque de recolher, eu já estava de banho tomado, fingindo usar um pijama para despistar qualquer pergunta. Deitei na cama e me cobri no edredom, apagando meu abajur e ainda vendo o de Hilary aceso.

O toque de recolher ecoou pelos corredores. Hilary apagou o abajur um tempo depois, dormindo em seguida. Sai da cama em passos de fantasma, retirando meu pijama e colocando minha roupa de ataque: calça jeans, uma blusa de alça e tênis.

Foi como assaltar um banco! Eu tinha que ser estratégica e rápida na saída, qualquer um poderia me ver, ainda mais se tivesse alguém supervisionando depois do toque de recolher.

Fiz o que Micael havia mandado, andando rápida até o condomínio distante do meu alojamento. Sorri quando avistei um carro parado exatamente onde combinamos.

Entrei no banco do passageiro, vendo Micael sem trajes de professor ousado e sexy. Mais lindo ainda, meu Deus.

— Oi. — Sorri animada. — Demorei muito?

— Não. Alguém te viu? — Estava com medo.

— Não. Ninguém me viu! — Fiquei corada.

Micael ligou o motor do carro, saindo dali.

— Para onde vamos? — Fiquei interessada e com medo.

Entrei no carro do meu professor e não sabia para onde estávamos indo. Que legal!

— Sair. Eu sei que você quer conhecer Malibu! — Sorriu leve.

Estava envergonhada e corada o caminho inteiro. Micael me levaria para conhecer a cidade, coisa que jamais pensei que aconteceria.
Os riscos? Milhares! Mas ele não parecia estar ligando.

Só espero que essa saída não custe caro no final das contas.

Meu Professor - Coast Onde histórias criam vida. Descubra agora