O Lado Duro do Amor

PÁGINA 52

LYDIA

    Acordei com a cara toda inchada de tanto chorar ontem. Olho pro lado na esperança de que tudo não passou de um sonho e que o Hugo estaria do meu lado, mas apenas vejo a Maya com seus lindos cabelos preto cobrindo seu rosto. Saio da barraca para tomar um pouco de ar e vejo Hugo saindo da barraca do Ben. A gente troca olhares por algumas frações de segundos e quando percebo que ele parece querer vir na minha direção, me afasto dali o mais rápido possível. Vou até a mesa do café da manhã para pegar um pedaço de bolo.
   - Bom dia. Berry fala chegando ao meu lado e pegando um suco de laranja.
   - Bom dia. Respondo educadamente.
   - Você está bem? Ele pergunta.
   - Estou sim, obrigada.
      Me viro para ir ao banco comer o pedaço de bolo que estava em minha mão e acabo trombando sem querer em alguém.
   - Opa, perdão. Digo.
      Quando a pessoa vira para mim, vejo que era a Gaby. Acabei jogando suco na roupa dela.
   - Olha o que você fez! Ela grita tentando secar a roupa com a mão.
   - Desculpa, eu não te vi aí. Respondi apavorada.
   - Aposto que você quis descontar em mim por causa do beijo que o Hugo me deu. Ela fala enquanto pega um papel para se limpar.
     Pego um outro copo de suco que estava na mesa a minha esquerda e a jogo de propósito em sua roupa dessa vez. As pessoas que estavam ao redor, pararam tudo que estavam fazendo para olhar.
   - VAI SE FUDER! Gaby grita.
   - Da próxima vez, vê se cala a boca. Digo saindo de lá.
      Sento no banco para comer o pedaço de bolo que eu tinha pegado e vejo Maya vindo na minha direção, toda sonolenta.
   - Bom dia amiga.
   - Bom dia. Ela responde com uma voz baixa.
     Maya me disse ontem que o professor tinha falado que hoje teria uma festa, já que é o nosso último dia aqui. Não tô muito animada pra isso, levando em conta as divergências dos últimos dias. Mas por outro, talvez essa festa seja perfeita pra eu relaxar um pouco e tirar esse problemas da minha cabeça. De qualquer forma, eu trouxe um vestido de praia ideal pra esse momento, já que a festa vai ser ao ar livre.
    Alguns alunos estavam ajudando os professores a organizar as coisas para a festa, montar e colocar as coisas nos lugares. Outros estavam tão ansiosos que pareciam nunca terem ido em uma festa em toda a sua vida. Fiquei na minha barraca lendo meu livro, porque eu não estavam no clima de me socializar. Maya estava com Ben em algum lugar por aí, fazendo sei lá o que.
    Tem uma parte do livro da Evelyn Hugo que fala "𝑛𝑢𝑛𝑐𝑎 𝑑𝑒𝑖𝑥𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑡𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑡𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑢𝑚𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟" e isso mexeu comigo de uma forma intensa. Será que Hugo me ama? Será que ele apenas me usou por um período de tempo? Será que ele achava que eu fosse uma qualquer? Será mesmo que ele queria ter um relacionamento comigo? Porra, o meu medo de se relacionar com alguém e me machucar, volta a tona e dessa vez parece que eu levei uma flechada no coração. Por um lado, quero ouvir o Hugo, o que ele tem pra falar. Mas por outro lado, tenho medo das minhas perguntas terem respostas na qual eu não quero ouvir.
     Guardo meu livro na minha bolsa e vou caminhar um pouco pra me distrair. Estou com saudades dos meus pais. Do meu quarto e de São Paulo. Acampar é bom, mas só quando é divertido. Fora isso, quando tudo tá uma merda, parece um pesadelo infinito.