O Lado Duro do Amor

PÁGINA 82

HUGO

    - E esse tal de baile, você vai participar Ben? Falo para ele, enquanto jogávamos vídeo game.
   - Maya me convenceu a participar. Não tive como recusar. Ele diz sem tirar os olhos da televisão.
   - No meu caso, eu tive que convencer a Lydia. Felizmente consegui. Digo enquanto meu personagem morria no jogo. - Desisto, você me vence toda hora. Falo colocando o controle no sofá e indo a cozinha.
   - Você que não sabe jogar. Ben fala dando risada e indo atrás de mim.
   - Quer água? Pergunto a ele, enquanto abro a geladeira.
   - Sim. Ben fala se sentando na cadeira.
   - Quem diria em. Falo entregando o copo a ele. - Daqui a 2 meses a gente já vai terminar nosso primeiro ano de faculdade. Aconteceu tanta coisas esse ano.
   - Concordo. Ben diz. - Só quero ter paz agora sem nenhuma confusão. Ele completa.
   - Eu vou pedir Lydia em namoro no baile. Solto isso como uma no ar.
   - Até que enfim ta tomando atitude. Ben diz em sequência. - Achei que ia esperar que a Lydia te pedisse em namoro. Ele ri.
   - Engraçadinho. Dou uma risada sarcástica e irônica.
   - E como você vai fazer isso? Ben pergunta pra mim.
   - Não sei, mas eu sei que irei pedi-la no dia do baile.
   - E as alianças? Comprou?
        Nesse momento eu congelei. Esqueci do item mais importante quando você vai pedir alguém em namoro ou casamento. As últimas semanas foram tão pesadas para mim, que esqueci completamente de comprar as alianças de namoro.
   - Puts! Esqueci totalmente. Digo ao Ben escondendo o rosto por vergonha.
   - Quanto mais você cresce,  pior fica seu raciocínio em Hugo. Ben gargalha.
   - Eu vou comprar ainda essa semana. Ou semana que vem... Mas vou comprar.
   - Bom. Ben se levanta. - Contando que você tenha as alianças até o dia do baile, tá tudo certo.
   - Sim. Digo me levantando também.
   - Tenho que ir, vou resolver outras coisas. Ben vai em direção a porta e a abre.
   - Beleza, tchau. Digo fechando a porta.
    Vou ao meu quarto, pego o meu notebook e sento me na cama, me apoiando na cabeceira. Abro ele e vou direto no Google. Pesquiso por lojas de alianças em São Paulo e começo a ir em busca de alianças de namoro com preços acessíveis.
      Depois de um tempo vasculhando a Internet, lembro das alianças de namoro de meus pais. Meu pai disse que ainda as guarda em uma caixa no sótão. Coloco o notebook na cama e vou até lá para achá-las.
      O lugar estava muito cheio de pó. Era uma escuridão, então usei a lanterna do celular para me locomover lá dentro. Comecei a me guiar e direcionar o celular pra todo lado tentando iluminar o máximo possível que eu pudesse. Fui mechendo nas caixas mas não consegui achar.
       Depois de uns minutos procurando alguma coisa prateada que se parecesse com uma aliança, vejo uma caixa no alto da estante. Ela estava com o nome da minha mãe "Vanessa Marques". Peguei uma escada que estava a minha direita e subi para pegá-la.
       Ela estava com pouco pó, mas ainda sim tinha poeira. Passei a mão nela para limpar um pouco e abri. Assim que eu a abro, vejo várias fotos dela com meu pai, algumas coisas minhas de quando eu era pequeno e outras coisas pessoais dela. Vejo a caixinha da aliança no fundo da caixa, pego ela e guardo no bolso.
        Quando eu estou prestes a fechar a caixa, vejo algo que me chama a atenção. Bem do lado direito da caixa, encima de umas fotos tinha uma carta escrita por um tal de "Fernando Cunha". Talvez seja um cara que era apaixonado pela minha mãe na adolescência e mandou essa carta depois que ela o recusou. Peguei a carta e comecei a ler.

                𝟏𝟒 𝒅𝒆 𝒇𝒆𝒗𝒆𝒓𝒆𝒊𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝟐𝟎𝟎𝟏.

   𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒂 𝑽𝒂𝒏𝒆𝒔𝒔𝒂

     𝑸𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒎𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒂𝒓 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒂𝒕𝒊𝒕𝒖𝒅𝒆 𝒉𝒐𝒓𝒓í𝒗𝒆𝒍, 𝒔𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒇𝒖𝒊 𝒊𝒓𝒓𝒆𝒔𝒑𝒐𝒏𝒔á𝒗𝒆𝒍 𝒂𝒐 𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒊𝒓 𝒏𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒎𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄ê 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒓𝒆𝒄𝒊𝒔𝒂𝒗𝒂 𝒅𝒆 𝒎𝒊𝒎. 𝑭𝒖𝒊 𝒗𝒖𝒍𝒏𝒆𝒓á𝒗𝒆𝒍 𝒂𝒐𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒆𝒋𝒐𝒔 𝒅𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒏𝒆, 𝒏ã𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒆𝒈𝒖𝒊 𝒓𝒆𝒔𝒊𝒔𝒕𝒊𝒓 𝒆 𝒕𝒆 𝒑𝒆ç𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒅ã𝒐. 𝑵ã𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒎𝒆 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒐𝒆 𝒉𝒐𝒋𝒆 𝒐𝒖 𝒂𝒎𝒂𝒏𝒉ã, 𝒎𝒂𝒔 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒎 𝒅𝒊𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒔𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂, 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒎𝒐𝒔 𝒅𝒆𝒍𝒂. 𝑽𝒐𝒄ê 𝒎𝒆𝒓𝒆𝒄𝒆 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒏ã𝒐 𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒊𝒂, 𝒒𝒖𝒆 𝒏ã𝒐 𝒅𝒖𝒗𝒊𝒅𝒆 𝒅𝒐 𝒂𝒎𝒐𝒓 𝒑𝒐𝒓 𝒗𝒐𝒄ê. 𝑵ã𝒐 𝒅𝒆𝒊𝒙𝒆𝒊 𝒅𝒆 𝒕𝒆 𝒂𝒎𝒂𝒓 𝒆 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒗𝒐𝒖. 𝑺𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒏ã𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒎𝒆 𝒗𝒆𝒓 𝒆 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒐. 𝑺𝒆𝒊 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒂𝒎𝒃é𝒎 𝒏ã𝒐 𝒒𝒖𝒆𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒖 𝒗𝒆𝒋𝒂 𝒏𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒇𝒊𝒍𝒉𝒐. 𝑺ó 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄ê 𝒄𝒖𝒊𝒅𝒆 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒐 𝒃𝒆𝒎 𝒅𝒆𝒍𝒆, 𝒒𝒖𝒆 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒂 𝒎ã𝒆 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒊𝒏𝒄𝒓í𝒗𝒆𝒍 𝒏𝒂 𝒗𝒊𝒅𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒎𝒆𝒏𝒊𝒏𝒊𝒏𝒉𝒐. 𝑨𝒎𝒐 𝒗𝒐𝒄ê, 𝒂𝒎𝒐 𝒐 𝑯𝒖𝒈𝒐, 𝒂𝒎𝒐 𝒗𝒐𝒄ê𝒔!

                              𝑪𝒐𝒎 𝒈𝒓𝒂𝒕𝒊𝒅ã𝒐, 𝑭𝒆𝒓𝒏𝒂𝒏𝒅𝒐.

   - Pera, então esse Fernando é meu verdadeiro pai? Pergunto pra mim mesmo com o coração acelerado e uma cara de espanto.