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   - E você e o Hugo? Estão bem? Maya pergunta, deitada ao meu lado na cama.
   - Não sei, eu espero que sim. Digo me virando para ela. - Vou conversar com ele amanhã e tentar resolver nosso pequeno problema.
   - No salão você me disse que estava tudo bem. Ela diz, se sentando.
   - E está tudo bem. Reafirmo. - Apenas uma discussão tosca que tivemos.
    - Bom, espero que vocês se resolvem. Maya pega sua bolsa e levanta da cama. - Eu estou indo. Tenho coisas pra fazer de manhã.
   - Quer que meu motorista te leva? Pergunto, ficando de frente para ela.
   - Não precisa, já pedi um Uber.
   - Ok. Acompanho Maya até a porta e a me despeço dela com um abraço.
        Ao fechar a porta, vejo minha mãe deitada no sofá, vendo televisão. Hesito em ir até lá, mas vou mesmo assim.
   - Oi. Digo com uma voz baixa.
  - Oi filha. Minha mãe se senta no sofá, para eu que eu possa me sentar ao lado dela.
   - Papai me contou. Pude ter demorado bastante pra tentar processar tudo isso, mas eu tenho que assumir minhas responsabilidades.
   - Eu sinto muito por você ter descoberto isso. Ela pega em minhas mãos. - Eu nunca quis te magoar e esconder isso foi uma forma de não te deixar triste.
   - Mas eu merecia saber disso mesmo se fosse me magoar. Solto minhas mãos da sua. - Eu tinha esse direito. Levo meus olhos ao chão, tentando evitar contato com ela.
   - Você tá certa meu amor. Ela vira meu rosto para ficar rumo ao dela. - Tomei decisões precipitadas e me arrependo profundamente disso.
   - Por que tratou Hugo daquela forma? Tomo coragem para perguntar.
      Nesse momento, minha mãe para de olhar para mim, como se estivesse ficando com vergonha.
   - Eu sinto muito por aquilo. Ela fala com uma voz fraca. - Eu nunca quis tratá-lo dessa forma.
   - E por que você tratou? Pergunto.
   - Eu não sei. E sei que nada do que eu falar vai justificar minha atitude. Ela volta a olhar para mim.
   - Olha mãe, eu não quero que você goste dele, só que você o respeite. Falo para ela. - Talvez eu esteja disposta a esquecer isso, pra tentarmos ter uma relação amigável novamente. Você é minha mãe e eu não posso ignorar isso.
   - Eu estou disposta a fazer o que for necessário para que você possa me perdoar novamente. Minha mãe da um leve sorriso para mim. - E pra começar, por que você não convida o seu namorado para jantar aqui em casa algum dia desses?
   - Ele não é meu namorado, mas posso convidá-lo. Digo a ela.
   - Ok. Fico feliz.
       Ficamos em silêncio olhando olho a olho durantes uns segundos. Cheguei perto dela e a abracei fortemente. Nem me recordo do nosso último abraço. Senti como se a minha vida estivesse completa, como seu precisasse daquilo. Depois de uns minutos em um abraço quente como aquele, nos separamos e pude ver um sorriso ainda maior em seu rosto. Antes de eu partir para o meu quarto, ela me da um beijo na minha testa.
   - Eu te amo filha, te amo muito. Ela sussurra no meu ouvido.
   - Eu também te amo mãe. Digo a ela.
       Vou para o meu quarto e deito me na cama. Olho para o teto e me volta o momento em que acabará de acontecer. Tanto tempo que eu não tinha uma conversa que durasse mais de um minuto com a minha mãe, quanto tempo que eu não abraçava ela porque a mesma vivia ocupada. Senti saudades disso, saudades da verdadeira Vanessa. Da minha verdadeira mãe.

O Lado Duro do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora