Capítulo 5: Deixe-os comer bolo

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"Boticário! Boticário! Venha depressa!" Um homem abatido batia furiosamente na porta da cabana. Maomao, sem parecer nada satisfeita, rolou para fora da cama e abriu a janelinha da entrada de um jeito que deixava claro que considerava isso um incômodo.

Um homem imundo de meia-idade estava do lado de fora - não parecia alguém com dinheiro. Ela estava prestes a fechar a janela e fingir que não tinha visto nada.

"Eu sei que você pode me ouvir!"

Droga.

Ela não queria lidar com isso. Por que ele viria à loja dela, afinal? Provavelmente havia ido ao velho dela uma vez, puxou suas cordas do coração até que alguma caridade surgisse. Era por isso que o pai dela nunca tinha dinheiro.

"O que aconteceu com o velho que costumava ficar aqui?"

"Ele se foi. Foi em busca de fortuna."

"O quê? Não me encha o saco!"

O homem bateu com raiva na porta da casa em ruínas, mas Maomao apenas lhe deu um olhar frio. Ela até se pegou grunhindo "Pfah", um pouco contra a vontade.

"Você deveria estar administrando uma farmácia! Você nem tem nenhum remédio?"

"É, estou administrando uma farmácia, certo. Como um negócio. Isso significa que o dinheiro fala." Maomao dificilmente se oporia a ver o homem, se ele tivesse dinheiro - mas ele não parecia estar aqui com esse tipo de boa fé.

"Você pegaria dinheiro dos pobres e necessitados?!"

"Se você não pode pagar, então vá embora. É por causa de gente como você que vasculha por aí que eu tenho que morar nesta cabana." Maomao deu um bom baque na porta para espantar o homem. Chou-u se escondeu atrás dela, segurando uma panela de sopa e uma concha. Se alguma coisa acontecesse, ele as bateria para fazer o máximo de barulho possível. Ele podia ser insolente, mas tinha uma cabeça decente nos ombros. Seria barulhento o suficiente para trazer alguém da Casa do Cálice Verde.

O visitante, porém, ficou em silêncio. Maomao odiava esse tipo de pessoa. Se as pessoas pensassem que você lhes daria doações, elas não hesitariam em tirar vantagem de você.

O rosto sujo do homem se contraiu em uma carranca quando viu que Maomao não ia ceder. Ele se apoiou fracamente na porta. "Se é dinheiro que você quer, eu pago. Não imediatamente, mas juro que pagarei. Então, por favor, venha ver... Meu filho..."

A velha rotina de desmoronar em prantos. Legal. Ainda assim, o homem ficou sentado lá com a cabeça baixa, sem sinal de se mover. Agora não podemos sair pela porta, pensou Maomao.

"Ei, Sardas..." Chou-u, ainda segurando os utensílios de cozinha, estava olhando para ela.

Isso é ridículo, pensou Maomao, mas apesar de sua frustração, ela pegou um pincel da mesa e mergulhou-o em um pouco de tinta. Ela abriu um armário velho e surrado, revelando um maço de papel e algumas tiras de madeira. Ela pegou uma das tiras e anotou alguma coisa nela, depois a jogou no homem.

"Você pelo menos sabe escrever seu nome?"

De repente, o homem disse: "Não... eu não posso."

"Imaginei." Em seguida, ela jogou uma faca para ele. "Use isso para marcar. Só o polegar é suficiente."

O homem olhou para a tira de madeira, mas não conseguiu ler o que estava escrito. "O que diz?" ele perguntou.

"Que você vai pagar pelo tratamento. É uma nota promissória."

Com relutância, o homem pressionou a faca na ponta do polegar e depois fez uma marca de sangue na tira.

"Parece muita coisa," murmurou Chou-u de trás dela, mas ela deu um leve empurrão nele com o pé para calá-lo.

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora