Capítulo 5: Fungo Cadavérico (Primeira Parte)

24 4 0
                                    

Maomao agora ensinava Xiaolan a ler e escrever na lavanderia quase todos os dias. Evidentemente, Xiaolan não era a única empregada que queria melhorar sua alfabetização, pois cada vez mais mulheres podiam ser vistas dando olhadinhas nos caracteres rabiscados na poeira e tentando imitá-los. "Cada vez mais", porém, na verdade, significava apenas cerca de cinco pessoas, incluindo Xiaolan; as outras ainda estavam perfeitamente felizes em passar o tempo fofocando como sempre fizeram.

O lamentável da mudança estudiosa de Xiaolan era que Maomao ouvia menos dos rumores do palácio. Portanto, a primeira vez que soube dessa história específica foi com o charlatão.

"Uma das servas do palácio desapareceu?"

"É o que dizem. Uma terrível reviravolta", disse o charlatão, acariciando sua barba rala. Maomao tomou um gole de chá indefinido enquanto escutava. "O tempo de serviço dela estava quase acabando, e ela até havia economizado um dote razoável, então ela deveria se casar e sair do palácio traseiro. Eu me pergunto o que poderia ter acontecido a ela."

O boato dizia que a mulher havia conhecido um funcionário público em uma das festas do jardim no ano retrasado e que eles se comunicavam por carta desde então. Era a velha rotina de "mande-lhe um grampo de cabelo". Mulheres capazes, mesmo que não servissem a uma das consortes superiores, podiam ter permissão para sair do palácio traseiro para ajudar em tarefas específicas. Para uma pessoa tão distinta desaparecer simplesmente, era muito estranho.

"Não quer dizer que nunca aconteça", murmurou o charlatão. Com essas palavras, Maomao sentiu como se pudesse roçar a escuridão dentro do palácio traseiro, e ela não gostou. Um jardim com duas mil mulheres deve ter suas sombras. Ocasionalmente, mulheres até se suicidavam por problemas com colegas no palácio, embora Maomao nunca tivesse conhecido pessoalmente ninguém que o fizesse. Outras vezes, a "família" de uma mulher pode achar conveniente que ela deixe o serviço do palácio, e ela desaparecia sem aviso e sem sequer uma palavra de despedida. Havia um entendimento tácito de que tais desaparecimentos não seriam investigados de perto. Nesse caso, porém, como a mulher deveria se casar, estranhas especulações começaram a surgir.

"Supostamente, a garota foi comprada pela própria Matrona das Servas, então ninguém quis bisbilhotar demais", disse o médico enquanto mordia um biscoito de arroz.

"Céus", respondeu Maomao. Ela apenas tentou continuar com seu trabalho habitual. A história não tinha nada a ver com ela.

Pelo menos, ela não pensava assim.

Quando Maomao voltou ao Pavilhão de Jade, encontrou nobres muito elegantes no pátio, onde alguns móveis haviam sido mudados para criar um chá da tarde que simplesmente exalava alta sociedade. De um lado da mesa estava Gyokuyou. Sua barriga havia inchado substancialmente agora, mas ela estrategicamente usava os arbustos ao redor para desfocar a protuberância quando podia; ela também usava roupas que escondiam o formato exato de seu corpo. Isso impediria que as pessoas soubessem que ela estava grávida de relance. Hongniang estava ao lado de sua senhora, parecendo tensa.

Ficando dentro de casa para sempre seria outra coisa que levantaria suspeitas, então ela estava se deixando ver aqui. Mesmo assim, qualquer pessoa que fosse descobrir, já teria feito isso há muito tempo, pensou Maomao. A questão era se "qualquer um" significava bom ou ruim.

Quando viu que Maomao estava de volta, Gyokuyou sugeriu que entrassem. Ela se levantou, e Hongniang caminhou ao lado dela para esconder o perfil da consorte. Ela sabia exatamente de qual ângulo sua senhora seria mais óbvia.

Jinshi lançou um olhar para Maomao.

Algo deve estar acontecendo, ela pensou, e as seguiu para a área de recepção do pavilhão. "Com licença, por favor", disse ela ao entrar. A Consorte Gyokuyou a olhava com sua habitual excitação inquieta, enquanto Hongniang mal conseguia esconder o quão cansada estava. Quanto a quem convocou Maomao, ele estava sentado em uma cadeira tomando um chá friamente.

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora