Epílogo: O Eunuco e a Cortesã

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"Hora de trabalhar. Vamos." A velha madame apressou Maomao para dentro de uma carruagem de aparência distinta. O trabalho desta noite era aparentemente um banquete para algum nobre. Maomao só podia suspirar quando chegaram a uma grande mansão no norte da capital. Ela era apenas uma entre várias acompanhando suas "irmãs" para o banquete. Todas estavam vestidas com roupas deslumbrantes e maquiadas de forma ostentosa. Quando contemplou o fato de que estava maquiada para se parecer com elas, Maomao se sentiu estranhamente enjoada.

O grupo delas foi conduzido por um longo corredor, subiu uma escada em espiral e entrou em uma grande sala. Lanternas penduradas no teto e borlas vermelhas festivas pendiam por todos os lados. Alguém tem dinheiro para gastar, pensou Maomao.

Cinco pessoas estavam sentadas em fila na sala. Eram mais jovens do que ela esperava. Pairin lambeu os lábios quando viu os rapazes à luz bruxuleante da lamparina. Ela foi recompensada com um gentil soco na lateral de Joka. Quando queria, a "irmã" sexy de Maomao podia ser muito rápida para as coisas, o suficiente para fazer até a madame jogar as mãos para o alto.

Quem dera ele tivesse feito essas apresentações antes! Os homens neste banquete eram supostamente altos funcionários do palácio; Lihaku tinha sido o intermediário.

E com ele envolvido, pelo menos uma parte dos lucros deveria ir para pagar as dívidas de Maomao. De resto, ela havia recebido uma quantia substancial de indenização, mais do que ela esperava, então escapou de ser forçada a vender seu corpo, mas a madame ainda a colocava em bicos estranhos como este.

Velha bruxa. O jeito que ela cacarejou quando soube... A velha parecia realmente querer fazer de Maomao uma cortesã. Ela a vinha manobrando para isso há anos. Ela continuava dizendo a Maomao para parar de perder tempo com remédios, mas isso nunca iria acontecer. O quê, ela simplesmente trocaria seu interesse de produtos farmacêuticos para cantar e dançar? Nem a pau.

Enquanto Maomao observava a sala, ela viu que tudo era extremamente ornamentado: cada garrafa de vinho e cada esteira era da mais alta qualidade. Certamente eles não notariam se eu pegasse um móvel como lembrança, ela pensou, mas então balançou a cabeça. Não, não, isso não daria.

Chamar cortesãs para sua residência particular era substancialmente mais caro do que dar um banquete no bordel. Ainda mais quando as cortesãs convocadas eram mulheres, qualquer uma das quais poderia cobrar o salário de um ano em prata por uma única noite. Pedir às três "princesas" da Casa Verdigris - Meimei, Pairin e Joka - para estarem presentes ao mesmo tempo era o mesmo que anunciar que o dinheiro não era problema.

Maomao era apenas uma daquelas que foram trazidas para apoiar as três estrelas da noite. Ela aprendeu a ser educada, mas não sabia cantar nem tocar o erhu. E dançar? Isso estava fora de questão. O melhor que ela podia esperar era ficar de olho nas bebidas dos convidados e garantir que nunca secassem.

Maomao forçou os músculos do rosto a formar um sorriso enquanto começava a servir vinho no copo vazio de alguém. Sua única salvação era que todos estavam tão arrebatados pelo canto e dança de suas irmãs que nem a olhavam. Uma pessoa até começou um jogo de Go com um membro da equipe de apoio.

Enquanto todos riam, bebiam e apreciavam o show, ela notou uma pessoa olhando para o chão. O que, entediado? Maomao se perguntou. Era um jovem vestido com seda fina; ele apoiava uma pequena xícara de vinho em um joelho, bebendo ocasionalmente. Uma melancolia cinza se agarrava a ele. Vão pensar que não estou fazendo meu trabalho, pensou Maomao, que tinha um jeito de levar a sério tudo o que fazia. Ela pegou uma boa garrafa cheia de vinho e se sentou ao lado do jovem melancólico.

Sua franja escura e elegante escondia grande parte de seu rosto. Por mais que tentasse, ela não conseguia ver a expressão dele.

"Deixe-me em paz", disse ele.

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora