Capítulo 3: A Caravana

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A estação estava mudando, trazendo um calor e uma umidade desagradáveis.

Maomao refletiu sobre a rapidez com que o tempo passava enquanto coletava ervas perfumadas para usar para afastar os insetos.

"Acho que é hora de mudar o guarda-roupa", disse Hongniang, a dama de companhia chefe da Consorte Gyokuyou, e se ela achava que era hora, então era hora. Assim, as damas de companhia se viram trabalhando duro entre as roupas.

"Tantas modas antigas e deselegantes!" Yinghua bufou, parada na frente de uma cômoda. Ela, Maomao e Ailan estavam cuidando desse trabalho enquanto Guiyuan cuidava da jovem princesa. "Ailan, pegue aquela coisa na prateleira de cima para mim!" Yinghua instruiu, esticando o pescoço para olhar para a prateleira. Ailan era a mais alta delas, um fato que a deixava constrangida, mas que era bem conveniente para alcançar coisas em lugares altos. Depois de puxar um baú do topo da prateleira, Maomao e Yinghua (bem mais baixas) inspecionaram o conteúdo. Elas separaram as roupas em diferentes categorias e as colocaram em varais para arejar à sombra.

"Hmm. Acho que esta não seria muito embaraçosa", disse Yinghua. Ela estava separando as roupas em que alguém ainda poderia ser pega morta e aquelas em que não poderia. Para Maomao, todas as roupas pareciam igualmente suntuosas, mas Yinghua estava acostumada às coisas boas e se mostrava mais criteriosa. "Esse tipo de coisa costumava ser muito popular. Mas é melhor evitar modismos. Uma vez que eles passam, você fica com coisas que não pode usar."

Maomao pegou as roupas consideradas não mais viáveis e as enfiou de volta no baú, depois saiu cambaleando para o corredor com ele. Essas roupas podiam estar velhas ou desatualizadas, mas ainda pertenciam a uma das consortes superiores. Eram feitas do melhor material e seriam refeitas ou consertadas e depois doadas a outras pessoas. Não para as damas de companhia do Pavilhão de Jade pessoalmente, mas sim para suas famílias. As damas de companhia às vezes recebiam palitos de cabelo ou outros acessórios, mas roupas como essa não eram algo que se pudesse desfilar no palácio traseiro.

Os artesãos retrabalhariam as roupas e, em suas novas formas, seriam distribuídas na cidade natal de Gyokuyou.

Puxando outra caixa, Ailan disse: "Sabe, eu ouvi dizer que novas damas de companhia virão em breve", como se o pensamento tivesse acabado de lhe ocorrer. "Com Lady Gyokuyou grávida, precisaremos de mais mãos por aqui, mas chamaria a atenção se fôssemos o único lugar a conseguir novas mulheres. Então, em vez disso, eles vão dar a todas as consortes a chance de expandir suas retinues."

A boca de Yinghua se abriu ligeiramente com isso. "O quê, de repente? Quero dizer, fico feliz em saber disso, mas..."

"Eles encontraram um bom motivo", disse Ailan. "Pense nisso. Quando uma consorte aparece com mais de cinquenta atendentes, como as outras mulheres devem se sentir?"

"Sim, vejo o que você quer dizer", disse Yinghua, seu rosto escurecendo brevemente. Maomao também entendeu o que Ailan estava falando. Ou melhor, de quem: Consorte Loulan, que havia entrado no palácio traseiro com tremenda fanfarra. Para a consorte favorita do imperador, ao contrário, ter apenas cinco mulheres simplesmente não parecia bom.

"Yinghua chegou a tentar se virar com menos mulheres?" disse Yinghua.

"Cuidado, Yinghua, ou vai provar novamente do martelo de ferro de Hongniang", respondeu Ailan. Yinghua prontamente tapou a boca com as mãos. Maomao, enquanto isso, concentrava-se apenas em colocar as roupas indesejadas em baús e carregá-las para fora. Assim elas seguiram em frente, conversando e trabalhando, até descartarem quase metade das roupas de verão.

"Nós nos livramos de muita coisa", disse Maomao, confusa, "mas como vamos nos virar agora?"

"Não se preocupe", disse Ailan com um sorriso. "Já encomendamos alguns novos conjuntos de roupas do artesão."

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora