Capítulo 17: Taibon

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"Diga-me, se puder: meu remédio já está pronto?"

Exatamente uma vez por dia, Maomao tinha permissão para sair do quarto em que estava confinada - para ser levada, sob guarda, até Shenmei.

O quarto de Shenmei era tão luxuoso que ninguém jamais acreditaria que ficava no meio de uma fortaleza. O chão era coberto por um tapete grosso de fabricação estrangeira, e a mobília também era exótica. Aromas de chá, flores e mel flutuavam no ar.

A dona do quarto estava reclinada em uma poltrona confortável, uma dama de companhia polindo as unhas de sua mão esquerda. Um jovem ajoelhou-se perto dela, massageando seus pés. O quarto estava impregnado do cheiro de incenso. Atrás de Shenmei havia uma grande cama na qual algumas mulheres estavam se revirando e rindo. Havia outro odor no ar também: álcool. O quarto exalava pura decadência.

Maomao fungou audivelmente. É algum tipo de mistura, ela pensou. Uma base de água de almíscar, cortada com vários outros ingredientes. As mulheres deitadas na cama pareciam estranhamente letárgicas - difícil dizer se era embriaguez ou outra coisa.

Loulan estava atrás de Shenmei, mastigando um lanche. Suirei estava penteando o cabelo. Em algum outro ambiente, elas poderiam parecer duas irmãs compartilhando um momento doce. Aqui, elas pareciam apenas patroa e serva.

"Acredito que vai demorar um pouco mais", respondeu Maomao.

"Graças. É mesmo?" Com um aceno de seu leque, Shenmei mandou Maomao sair do quarto.

Uma vez que estava de volta ao corredor, Maomao soltou um profundo suspiro.

Então ela viu um rosto familiar olhando em sua direção.

"Ei, farmacêutica." Aquele tom impertinente - era Kyou-u. (Ela nunca havia lhe dito especificamente o nome, e ele não havia sido apresentado a ela, por isso a chamava simplesmente de "farmacêutica".) Atrás dele estava uma dama de companhia que ela considerava sua cuidadora, junto com quatro outros meninos.

"Sim? Como posso te ajudar?" ela perguntou educadamente.

O que ela queria dizer era: Sim, o que é, seu pirralho? Mas dificilmente era a hora ou o lugar. Até Maomao tinha senso de autopreservação, e com a dama de companhia - e seu guarda corpulento - presente, ela não podia se dar ao luxo de insultá-lo.

"Eca, nojento!" ele exclamou.

Eu quero tanto dar um tapa nele. Maomao prometeu a si mesma em particular que na próxima vez que estivessem sozinhos, daria nele uns cascudos daqueles. Embora, infelizmente, não parecesse que teria essa chance tão cedo.

"Se você não precisa de nada de mim, senhor, eu gostaria de voltar para o meu quarto."

A situação de Maomao estava longe de ser ideal, mas ela não se opunha ao que realmente estava fazendo. Ela recebeu um suprimento de medicamentos que teria servido admiravelmente até mesmo em um consultório médico adequado - mesmo que muitos deles estivessem ficando velhos. E ela estava emocionada por ter tantos materiais escritos para trabalhar. Quem quer que fosse o farmacêutico anterior a ela, era muito talentoso.

"Ei, havia outras mulheres lá?"

"Sim, senhor."

Quero dizer, pelo menos vale a pena mencionar. Elas não estavam em um estado bom para serem vistas por uma criança. Tal dissolução não era para os olhos de meninos pequenos. É verdade que, quando tinha a idade de Kyou-u, Maomao já estava mais familiarizada com a cópula de homens e mulheres do que, digamos, de gatos ou cachorros, e qualquer constrangimento que ela pudesse ter sentido antes com o pensamento já havia desaparecido há muito tempo. Mas isso era diferente.

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora