Capítulo 21: Como tudo começou

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Houve um apito penetrante. Jinshi sentiu sua ansiedade diminuir um pouco. O apito era o sinal de que a missão havia sido cumprida: vários sons curtos se houvesse algum problema, um longo se tudo estivesse bem. Lihaku devia ter tirado Maomao da fortaleza em segurança.

Jinshi emergiu de um longo corredor. Ele se lembrou das plantas que estudara no caminho para cá: à sua frente deveria haver uma grande sala aberta, um escritório e depois os aposentos.

Basen estava bem atrás de Jinshi. Normalmente, esse seria o lugar de Gaoshun, mas Gaoshun tinha seu próprio trabalho a fazer. Mas Basen tinha o hábito de ficar um pouco irritado ao substituir o pai.

"Não fique tão tenso", Jinshi o aconselhou, falando suavemente para que apenas Basen o ouvisse. Dois outros oficiais os seguiram.

"Deixe-me ir na frente, então", disse Basen. Jinshi entendeu o que ele queria dizer - ele queria que Jinshi estivesse protegido tanto na frente quanto atrás. Jinshi riu baixinho, então foi abrir uma porta pesada, mas de repente foi tomado por um mau pressentimento. Ele disse aos outros para recuarem, para não ficarem na frente da porta. Então ele a empurrou e imediatamente se encostou na parede.

Um rugido quase ensurdecedor passou por ele.

"O que foi isso?!" Basen exigiu, carrancudo.

"Nada que eu não esperasse."

Se estivessem produzindo pólvora aqui, poder-se-ia pelo menos supor que usariam feifa na luta. Havia restrições sobre onde tais armas poderiam ser usadas - elas eram vulneráveis ao mau tempo e, mesmo em bom estado de funcionamento, a feifa demorava para ser recarregada. E era necessário pelo menos tanto espaço quanto o que havia aqui nesta fortaleza.

Era exatamente como Jinshi havia previsto - na grande sala além da porta, alguns homens tentavam freneticamente recarregar suas armas. "Vamos lá!" Jinshi gritou. No mesmo momento, os homens na sala tentaram abandonar suas armas e sacar suas espadas, mas era tarde demais.

Feifa eram fundamentalmente destinadas a serem usadas com várias pessoas disparando alternadamente. Esses homens erraram com sua primeira saraivada e não havia tempo para recarregar balas novas. Eram cerca de cinco, todos vestidos com roupas deslumbrantes. Jinshi reconheceu vários rostos. O cheiro característico de pólvora inundou a grande câmara com piso de laje.

"Onde está Shishou?" ele perguntou. Ele presumiu que todos nesta sala fossem membros do clã Shi. Seus soldados os haviam abandonado quando viram que era uma batalha perdida; o feifa era uma última tentativa de virar a maré. "Não se sente falante?"

"N-Nós não sabemos! Este nunca foi nosso plano!" um dos homens soltou, seus olhos fixos em Jinshi. Ele gritava com tanta animação que cuspe saía de sua boca. Basen rapidamente se moveu para detê-lo, com medo de que ele pudesse se jogar em Jinshi. "Fomos enganados! Éramos apenas idiotas!" o homem gritou de onde Basen o pressionava contra o chão.

"Você é descarado!" Basen, enfurecido, empurrou o rosto do homem ainda mais forte contra o chão. "Temos provas, provas, de que vocês canalharam desviaram fundos nacionais para reconstruir esta fortaleza! E você ficou aqui com armas em punho contra nós - mesmo que esse fosse o seu único crime, você sabe o que isso implicaria!" Basen pressionou a lâmina de sua espada nua contra o pescoço do homem.

O homem, agora praticamente espumando, parecia completamente desesperado.

"E-eu juro, não sabíamos! Eu não sabia! Ele disse que isso era para o benefício do país. Fizemos tudo pela nossa nação..."

Plissssssssh. A espada caiu - e faíscas voaram ao bater no chão de pedra. O homem, com os olhos praticamente saltando da cabeça, cessou sua tagarelice. Uma mancha escura se espalhou pelo chão embaixo dele. Os outros homens ficaram em silêncio, talvez não querendo ser colocados na mesma situação ignominiosa, mas o medo em seus olhos era completo.

Kusuriya no Hitorigoto - "The Apothecary Diaries"Onde histórias criam vida. Descubra agora