Amor e Desejos {🖤Dark Romance🖤}

Capítulo 93. Corações em Chamas

Assim que Robson e Samuel saíram para se livrar do corpo, concentrei-me em terminar o sorvete. O sabor doce e cremoso era uma tentativa de normalidade em meio ao caos que tinha se instalado em minha vida. Cada colherada parecia me ancorar em um momento de tranquilidade, afastando as lembranças do que acabou de acontecer. Mas, mesmo com a colher na mão, minha mente continuava a girar em torno da decisão que tomei.
  Olhei para o pote vazio e soltei um suspiro, sentindo a adrenalina da ação ainda pulsando em minhas veias. Eu sabia que muitos iriam me chamar de monstruosa, mas não me importava. Raquel havia se tornado uma sombra ameaçadora na vida das minhas filhas e, ao final, fiz o que precisava ser feito. A justiça que não poderia ser alcançada por outros meios, agora estava em minhas mãos.

  Levantei-me da mesa e fui até a janela, observando a escuridão lá fora. As luzes da cidade piscavam, quase parecendo ignorar a gravidade do que tinha acontecido. Para o mundo, eu era apenas uma mulher com um sorvete à mesa, mas dentro de mim havia uma tempestade. Ouvindo os passos de Robson e Samuel se afastando, uma parte de mim queria gritar e perguntar se eu realmente estava fazendo a coisa certa. Mas, ao mesmo tempo, a outra parte sabia que, após tudo o que passei, não poderia deixar que a culpa me dominasse. Olhei para o relógio, contando os segundos até que eles retornassem.  Decidi ir ao banheiro e preparei um banho na banheira de hidromassagem, buscando aliviar a tensão de um dia tão intenso. 
  Acendi algumas velas aromáticas, espalhando uma luz suave e um perfume acolhedor pelo ambiente, criando o refúgio perfeito.

— Agora não resta mais ninguém — murmurei, enquanto misturava o sabonete na água, criando espuma abundante. — Estou mais que pronta para me juntar a Punho do Dragão.

  Tirei o vestido e, sem pensar duas vezes, o descartei. Entrei na banheira, permitindo que a água quente abraçasse meu corpo exausto. As bolhas traziam um conforto imediato, e o aroma suave das velas inundava o ar. Fechei os olhos, inspirando profundamente, deixando que a tranquilidade tomasse conta de mim.

  Com carinho, acariciei minha barriga e, em um sussurro carregado de amor, digo: — Vocês são a razão pela qual acordo todos os dias, a luz que agora ilumina minha vida.

  Nunca permitirei que ninguém as machuque. Vou proteger cada sonho, cada batida dos seus corações com todas as minhas forças.

  O tempo passou sem que eu percebesse; estava tão imersa no relaxamento que as horas voaram. Quando abri os olhos, Robson estava parado à minha frente, me observando em silêncio.

— Oi, amor — cumprimentei, oferecendo um sorriso sereno.

  Robson permaneceu quieto por alguns instantes, surpreso, seu olhar fixo em mim. 
Parecia tentar absorver a cena:
Eu relaxando no banho, cercada por velas e espuma, enquanto o contraste com os acontecimentos recentes pairava no ar.
  O ambiente era quase irreal, uma tentativa de fuga da brutalidade que permeava nossas vidas.

— Você está tão... tranquila — ele finalmente quebrou o silêncio, a voz baixa e cautelosa.

  Sabia que havia uma sombra entre nós, mas naquele momento só queria que ele deixasse tudo de lado e se juntasse a mim.

— Precisava de um momento para mim — respondi, tentando esconder a ansiedade que pesava em meu peito. — Foi um dia difícil, e estou exausta.

  Robson se aproximou da borda, sua expressão se suavizando enquanto me observava. A água envolvia meu corpo, mas o peso em seu olhar me deixava inquieta.

— Nem imagina o quanto eu gostaria de relaxar também — ele disse, começando a tirar a roupa.

— Então vem — estendi a mão, convidativa.

  Ele entrou na banheira, e por um breve momento, a tensão que nos cercava pareceu se dissipar. A conexão entre nós se fortaleceu ali, como se tentássemos esquecer, ainda que por pouco tempo, o caos ao redor.

— Eu te amo, Cristina — Robson murmurou, o olhar intenso como se buscasse respostas dentro de mim.

— Eu também te amo — respondi, sincera, envolvendo-o com meus braços.

— Você sempre me surpreende — ele disse, me encarando com um meio sorriso.

  Sorri de volta, provocando: — É como você me disse uma vez! Sou uma caixinha de surpresas — olhando bem no fundo dos seus olhos avisei. — Não vou permitir que me machuquem, e isso vale para você também.

— Eu entendi o que você quis dizer. Você sabe que nunca teria coragem de te machucar novamente, te fiz uma promessa e não vou falhar — ele respondeu, inclinando-se e me beijando de forma intrigante.

  O beijo que se seguiu foi carregado de uma urgência que inflou o ambiente. Nossos lábios, antes suaves, logo se encontraram em uma intensidade maior, como se quiséssemos capturar cada segundo, cada batida de nossos corações.  
  Suas mãos exploraram minha pele, trazendo uma sensação de conforto e segurança, como se tudo o que eu precisasse estivesse ali, com ele.

  Olhei diretamente em seus olhos e, com determinação, disse: — Quero participar da próxima reunião do Punho do Dragão. — Minhas unhas deslizaram pelos seus músculos. — Estou pronta para ser oficialmente uma justiceira.

  Robson me fitou por um momento, medindo minhas palavras. — Tem certeza disso? — seu tom estava mais suave agora.

— Tenho. — Respondi, com determinação. — Quero fazer justiça.

Ele respirou fundo, relaxando os ombros.
— Então está decidido. Você se junta a nós na próxima reunião — ele sorriu, e a tensão em seu rosto finalmente se dissolveu. — Será na semana do Natal.

  O toque dele selava um pacto silencioso entre nós, um compromisso de enfrentar o que estivesse por vir. E enquanto nossos lábios se encontravam mais uma vez, percebi que, por mais obscuro que fosse o caminho adiante, a certeza das nossas emoções seria suficiente. 
  Naquele momento, com as velas aromáticas e sua presença ao meu lado, era tudo o que eu precisava.

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