CAPÍTULO 18. Silêncios Queimam

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Acordei por volta das 08:00 da manhã tomei um banho, e durante minha rotina de higiene, recebi uma chamada de vídeo da Fernanda

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Acordei por volta das 08:00 da manhã tomei um banho, e durante minha rotina de higiene, recebi uma chamada de vídeo da Fernanda.

— Oi, bom dia, Cristina! Tentei te ligar ontem às 21:30, mas você não atendeu — disse Fernanda animada.

  Com entusiasmo, respondi: — Ontem saí com o Robson, fomos para uma festa e depois para uma boate.

— Uau, você realmente está mudando. Você não curtia essas coisas? — Observou Fernanda, feliz.

— Só me distraí um pouco com ele. — Retruquei com um sorriso.

  Fernanda persistiu no assunto sério: — Cristina, eu pensei em algo. Não abrirei outra loja; usarei o dinheiro para pagar os honorários do Dr. Robson, o seu patrão e te ajuda a levar o Paulo à justiça.

— Fernanda, não sacrifique seu sonho novamente. Deixe como está, é melhor assim. — implorei, com lágrimas nos olhos.

  Nesse momento, tive uma atitude inesperada com a minha irmã: — Acho melhor a gente não se falar por enquanto, até o dia do seu casamento. Esse assunto ainda mexe comigo, eu ainda sinto muita vergonha. É melhor deixar quieto. Eu te agradeço muito.

  Fernanda, zangada, diz: — Você não pode esconder que foi violentada para sempre, e não desliga, não faço isso.

  Um silêncio mortal no quarto é interrompido apenas pela respiração.  
  Quando olho para trás, vejo Agatha na porta, visivelmente chocada ao escutar toda a conversa.
  No tenso silêncio que se seguiu, Agatha permaneceu paralisada na porta, visivelmente chocada.

  Ao tentar dissipar a tensão, comecei a dizer: — Agatha, eu…, mas antes que pudesse terminar, Fernanda, ainda na chamada, pediu para não desligar. Em seguida, desliguei.

  Agatha quebrou finalmente o silêncio: — Eu não sabia, Cristina. Sinto muito. Enquanto eu tentava explicar, ela apenas balançou a cabeça e saiu do quarto. Consegui puxá-la de volta para dentro e fechei a porta.

— Eu desconfiava que você escondia alguma coisa, mas não pensei que fosse tão grave. — disse Agatha, andando para lá e para cá.

— Agatha, por favor, não conte para seu pai, implorei enquanto sentia meu coração acelerar. — Agatha continuou andando de um lado para o outro, claramente chocada com a revelação.

— Cristina, você foi abusada pelo seu ex-marido? Foi ele quem causou todas essas cicatrizes em você? — Perguntou Agatha, com uma mistura de incredulidade e preocupação em seu rosto.

  Com lágrimas nos olhos, supliquei mais uma vez: — Sim, fui violentada e espancada de todas as formas imagináveis. Mas por favor, não conte para ninguém sobre isso.

  Agatha me olhou com tristeza e indagou: — Ele utilizou o quê para causar essas cicatrizes?

  Entre lágrimas, respondi: — Eles também usaram uma chapinha de cabelo e até um soprador térmico.

  Ela ainda parecia chocada: — Eles! Então, não foi apenas o seu ex? Cristina, você ainda sente alguma coisa por ele? É por isso que reluta em levá-lo à justiça?

  Com uma mistura de raiva e repulsa, respondi: — Não! Eu não sinto nada além de ódio, nojo e desprezo por ele. A única razão pela qual não o denunciei é porque aqui no Brasil, o dinheiro fala mais alto. Ele é rico, Agatha. — Minhas palavras saíram carregadas de emoção, evidenciando a dor que carregava dentro de mim.

— Tudo bem, eu vou guardar o seu segredo, me desculpe, eu não queria ter escutado a sua conversa com a sua irmã. — Disse Agatha, mais calma.

— Não tem problema, às vezes acontece, antes você do que o seu pai. — Respondo com um sorriso para quebrar o clima.

  Agatha faz uma pergunta: — Você sabia que meu pai defende vítimas de abuso?

  Respondo com sinceridade: — Não, não sabia, se eu soubesse, não teria aceitado esse emprego.

— Por que você não quer contar para ele? — pergunta Agatha, bem curiosa.

— Porque — respiro fundo e prossigo — Eu ainda tenho muita vergonha de conversar sobre esse assunto com seu pai.

  Agatha, ainda processando a revelação, se aproxima com empatia. — Cristina, entendo que seja difícil, mas esconder isso pode te prejudicar. O meu pai pode ser uma pessoa de apoio.

  Eu hesito, sentindo a vulnerabilidade. — Eu sei, Agatha, mas a vergonha ainda é avassaladora. E agora, com você sabendo…

  Ela aperta minha mão com ternura. — Saber que pode compartilhar com alguém de confiança pode ser o primeiro passo para superar isso. Você não está sozinha.

— Por favor... Eu te imploro. — supliquei chorando de soluça.

— Não vou contar, ta bom — ela me abraça forte — agora, vou cuidar do meu bebê e depois ajudar a bajuladora da Maria, afinal, é parte do meu trabalho. Até logo. — Agatha sorri gentilmente antes de se afastar, deixando-me imersa em meus pensamentos.

  Enquanto ela se encaminha para cuidar de seu bebê e cumprir suas responsabilidades, reflito sobre a importância da confiança e apoio nas dificuldades que enfrento.

"Ainda dói, e não consigo esquecer o cheiro da minha pele queimando, o whisky escorrendo pelas minhas feridas. Por culpa do maldito do meu pai, passei por isso."

Amor e Desejos {🖤Dark Romance🖤}Onde histórias criam vida. Descubra agora