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Sexta-feira, 22 de Novembro de 2024, às 19:00.
Nunca imaginei que o dia do meu casamento chegaria tão rápido. Não desse jeito, com o coração batendo descompassado e a respiração curta como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Parada diante do espelho, ajeito meu cabelo pela terceira vez, tentando esconder o nervosismo por trás de um sorriso. Mas não é medo o que sinto. É uma alegria intensa, quase dolorosa, que ameaça transbordar.
Passando a mão carinhosamente sobre minha barriga comentei. - Hoje é o grande dia, vou me casa com o pai de vocês.
Sou interrompida com risadas abafadas do outro lado da porta, misturadas ao som suave de música e ao burburinho das conversas. Meus amigos e familiares estão ali, a poucos passos de mim, aguardando o momento em que vou cruzar aquela porta e dar início a um novo capítulo da minha vida. Tento me concentrar na imagem refletida à minha frente: O vestido preto caindo em ondas suaves, tem um decote em V profundo, adornado com renda delicada, que também cobre as mangas longas e semi-transparentes.
Os olhos brilhando de expectativa, e as mãos trêmulas segurando um pequeno buquê de rosas brancas que parece mais um amuleto do que um acessório. Fecho os olhos e respiro fundo, absorvendo cada som, cada cheiro, cada detalhe. Penso em Robson, esperando do outro lado. Sei que ele está tão nervoso quanto eu, mas quando penso em seus olhos fixos nos meus, a inquietação desaparece, substituída por uma sensação de paz que só ele consegue me trazer. De repente, o tempo parece desacelerar, e tudo o que importa é o que está prestes a acontecer.
Abro os olhos e ouço um leve bater à porta. É meu pai. Ele entra devagar, com um sorriso emocionado que espelha o que eu sinto.
- Está na hora, minha filha. - Diz ele, sua voz suave, mas firme.
Faço que sim com a cabeça e respiro fundo uma última vez. Seguro o braço dele e saímos juntos.
O corredor parece mais longo do que o normal, e, com cada passo, sinto o peso da ocasião. Meu coração acelera, e minha mente, por um instante, se perde em memórias.
"Os primeiros encontros, as conversas à meia-noite, os dias bons e claro os difíceis, cada momento que nos trouxe até aqui."
Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, mas não é tristeza; é um misto de gratidão e felicidade. Ao dobrar a esquina, vejo a porta que leva ao salão. Ouço a música mudar para nossa canção, e o som das conversas diminui até se transformar num sussurro de expectativa. O salão está à nossa frente, e ali, no final do corredor, está ele. Robson. De pé, com um terno que nunca imaginei que o veria usando. Ele está elegante, com um sorriso suave que quase me faz chorar de novo. Mas o que realmente me desarma é o olhar em seus olhos, aquele olhar que diz tudo sem precisar de palavras.
Dou o primeiro passo para dentro do salão, e todas as cabeças se voltam para mim. Mas, naquele momento, tudo o que vejo é Robson. O resto parece desaparecer. Caminho em sua direção, cada passo mais leve do que o anterior. As luzes ao redor parecem brilhar com mais intensidade, e é como se o universo inteiro estivesse conspirando para tornar esse momento perfeito. Quando finalmente chego até ele, ele estende a mão e segura a minha.
