Às 19h30...
Entrei no quarto das meninas e encontrei Cristina organizando a bolsa de maternidade. Ela estava concentrada, retirando as roupinhas delicadas do armário e dobrando cada peça com um cuidado especial. Um leve aperto no coração me lembrou o quão próxima estava a chegada das gêmeas.
- O que você está fazendo? - perguntei, aproximando-me. Ela olhou para mim e pude ver um misto de empolgação e apreensão em seus olhos.
- Estou arrumando a bolsa de maternidade - respondeu, com um sorriso nervoso nos lábios. - Quero que tudo esteja pronto.
Fiquei observando enquanto ela escolhia os body de algodão, suas mãos ágeis dobrando cada peça e colocando-a na bolsa. A dedicação dela a cada detalhe só aumentava minha admiração por ela.
A cada gesto simples, como escolher a roupinha perfeita para nossas filhas, ela me mostrava uma força que transcendia palavras. Cada pequeno cuidado revelava o quanto estava disposta a se dedicar por nossa família, e isso me fazia querer ser alguém melhor, alguém digno de estar ao seu lado.- Tem certeza de que precisamos de tudo isso? - comentei, tentando quebrar o clima tenso.
Cristina riu levemente. - São duas crianças, Robson. Não estou exagerando. - E logo voltou à sua tarefa, pegando um pacote de fraldas e começando a colocá-las na bolsa.
Sentei-me na poltrona, observando-a. Eu adorava vê-la feliz e animada. É claro que havia dias em que ela não estava bem, mas sempre fazia o possível para distraí-la.
Então, ela se sentou no meu colo, sorrindo. - Prontinho, organizei tudo! - disse, colocando minha mão em sua barriga. - Agora é só esperar nossas princesas.
- Eu tenho algo para você - disse baixinho, abrindo uma caixinha de veludo preta.
Dentro, brilhava uma delicada pulseira de ouro com cinco pequenos pingentes de crianças, cada um carregando um pedaço da sua história. Quando ela viu, seu rosto mudou; seus olhos se encheram de lágrimas silenciosas.
- Esses dois - comecei, tocando os primeiros pingentes, - são Helena e Sofia, nossas meninas. - Vi seu olhar suavizar um pouco, um sorriso emocionado surgindo entre as lágrimas.
Então, passei os dedos sobre os outros três pingentes. - E esses... são pelos que você perdeu. - Minha voz vacilou, sentindo a dor do passado dela. - Os gêmeos que você perdeu quando aquele monstro te machucou... e o outro bebê... quando você passou por algo que ninguém deveria suportar. - Eu a observei, vendo as memórias pesadas refletirem em seus olhos, e senti meu coração apertar.
Aqueles filhos não eram meus, mas a dor dela também era minha agora. Ela sorriu, passando delicadamente as pontas dos dedos sobre cada pingente.
- Eu sei que nada do que eu fizer vai apagar o que você passou - sussurrei, segurando sua mão com firmeza, - mas quero que saiba que estou aqui. Sempre estarei. Essas crianças fazem parte de você, da sua força, e eu as honro assim como honro você.
Ela se jogou em meus braços, soluçando. Nesse abraço, senti todo o peso do seu passado - as dores, as perdas - mas também a promessa de que, juntos, poderíamos encontrar a paz necessária para seguir em frente.
- Muito obrigada! Significa tanto para mim, e achei que você tinha esquecido sobre esses três bebês.
- De jeito nenhum. Eu não esqueci, e sei que esse arco-íris na parede carrega um significado especial.
Enquanto eu colocava a pulseira em seu pulso, perguntei: - Quer assistir a um anime?
Ela limpou as lágrimas e, surpresa, respondeu: - Você me convidando para assistir anime? Será que você está bem? - Ela colocou a mão na minha testa, como se estivesse medindo a febre.
- E também podemos pedir algo para comer. O que acha? - sugeri.
Cristina, com seu jeito engraçado, respondeu: - Vamos pedir pizza, tá?
- Combinado, então. Vamos descer! - concordei, sorrindo.
Cristina saiu do meu colo, cheia de energia, e começou a andar em direção à porta. Eu a segui, admirando como sua animação iluminava o ambiente. Assim que chegamos à cozinha, peguei meu celular para ver as opções de pizzarias.
Enquanto ela se acomodava em um banquinho, olhei para ela e disse: - Que sabores você quer?
- Humm... que tal uma margherita e uma quattro stagioni? - sugeriu, os olhos brilhando de empolgação. - Ah, e não esquece do refrigerante!
- Perfeito! Vou fazer o pedido. - Enquanto digitava, notei Cristina pensativa. - Está tudo bem?
Cristina ficou em silêncio por alguns segundos, depois soltou uma risada nervosa. - Robson... você já se deu conta de que vão sair duas crianças da minha...?
Eu não consegui segurar a risada e respondi: - Do mesmo jeito que elas entraram, agora têm que sair, né?
Ela me olhou, fingindo indignação, mas logo riu também. - Não é tão simples assim!
- Sei, sei... - brinquei, colocando a mão sobre a barriga dela. - Mas tenho certeza de que você vai ser incrível, e vai se sair muito bem.
Cristina sorriu, e eu a puxei suavemente para mais perto, aproveitando o momento. Depois de alguns instantes em silêncio, perguntei: - Pronta para a nossa noite de anime e pizza?
- Sempre! - respondeu, animada. - Mas só se você prometer que não vai dormir no meio do episódio!
- Eu? Dormir? Jamais! - garanti, mesmo sabendo que provavelmente seria ela a adormecer antes.
Assim, nos acomodamos no sofá, com as pizzas recém-chegadas na mesa de centro e o anime pronto para rodar. Entre uma fatia de pizza e outra, provocávamos um ao outro, rindo de coisas bobas. Ficamos assim por alguns minutos, abraçados no silêncio confortável do nosso lar. O anime continuava tocando ao fundo, mas nossas mentes estavam bem longe dali.
De repente, Cristina colocou a mão na barriga e fez uma careta. Meu coração acelerou por um momento.
- O que foi? Está tudo bem? - perguntei, alarmado.
Ela riu, balançando a cabeça. - Calma, Robson. Elas só estão se mexendo... acho que estão animadas com a pizza também.
Soltei a respiração que nem percebi que estava prendendo. - Ah, bom... já estava quase correndo para pegar a bolsa de maternidade.
Ela riu mais alto dessa vez e me deu um leve tapa no braço. - Ainda não, ansioso. Mas falta pouco.
E assim, voltamos ao nosso momento, sem pressa, aproveitando o tempo que tínhamos só nós dois, sabendo que logo, muito em breve, nosso mundo mudaria para sempre. Naquela noite, não importava o que estivesse por vir, nem as preocupações que inevitavelmente nos aguardavam. Só importava estar ali, com ela, aproveitando a calmaria antes da chegada das nossas pequenas princesas.
Dias depois...
Exemplo:
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Amor e Desejos {🖤Dark Romance🖤}
Romance⚠️OBRA COMPLETA⚠️ Diante da oportunidade de trabalhar com um chefe de personalidade difícil, você optaria por aceitar o desafio ou permanecer em sua zona de conforto? Cristina, após um doloroso divórcio, busca cura e recomeço, mas as cicatrizes f...