Capítulo 2 - Na Gaveta

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O tempo foi passando e Annalize crescia e ficava tão bela quanto a mãe, que adorava fazer tranças em seus longos cabelos negros. Passou por seu debuté, pelas formalidades da época, até aquelas de que ela não gostava para alegrar os pais, como fazer visitas a damas da sociedade. Apesar disso, Annalize não mudava a personalidade forte que contruiu, com um jeito a frente de seu tempo, não entendia as muitas injustiças que observava ou as guerras de lugares aparentemente distantes. Conhecia o mundo pela biblioteca de seu pai. Ela não tolerava o modo que Daguerre tratava os empregados, mas também não o enfrentava em consideração a seu pai.

Neste momento Annalise está na varanda sozinha, tomando um ar, uma forma educada de dizer que está fugindo da festa que está acontecendo no salão de sua casa em comemoração ao aniversário de Daguerre. Às vezes ela se lembra de como Daguerre pareceu piorar depois que o filho foi para a Suíça e imagina que Luke deve estar igualzinho ao pai e não sente a menor vontade de reencontrá-lo. Hoje ela recebeu a notícia de que ele terminou todos os seus estudos e vai chegar em uma semana para as comemorações de fim de ano. Agora, ela observa uma libélula pairando sobre o pequeno lago perto da casa e a luz que reflete da lua.

- Nossa, a festa aqui está mais bonita do que a do salão - Annalize se vira, é sua amiga Joana.

- Está mesmo - responde com um sorriso.

- Você está tão linda, por que não está lá dentro aproveitando a festa? A música está muito boa... - diz Joana.

Annalize agradece o elogio mas diz que não está com muita vontade de celebração. Joana entende, na verdade ela também não está ligando para o aniversário, mas quer mesmo aproveitar a festa, ela ama festas. Joana e Annalize são muito amigas, mas não confidentes, pelo menos da parte de Joana. Daguerre se aproxima abrindo a porta e pode se ouvir o som de dentro, Joana se despede da amiga e entra rapidamente.

- Vamos Annalize, vai ficar aí a noite toda? O que vão pensar os convidados? - Pergunta Daguerre sorrindo.

Annalize sentiu muita vontade de mandar ele e seus convidados para o inferno. Mas suspira.

- Sabe tio, estou com um pouco de dor de cabeça.

- Ah mas que pena - diz Daguerre com expressão de lamentação - esta festa que fizeram pra mim está maravilhosa, é claro que tiveram alguns probleminhas, como os fogos, eu queria tanto os fogos, mas sua mãe não consentiu. Você sabe por que?

- Não, não senhor - responde Annalize entediada.

- Bom - ele muda de assunto - se está mesmo com dor de cabeça é melhor ir para o quarto.

Daguerre não quer que os outros vejam alguém aborrecido em sua festa. Annalize sobe para o quarto. No caminho tem que atravessar o salão e para seu pesar encontra Elizabeth e Charlie. Eles são irmãos, Beth, como gosta de ser chamada, tem a mesma idade de Annalize, é baixa, cabelos curtos e loiros e tem um ego diríamos... maior que ela. Gosta muito de se exaltar pelos vestidos, jóias e sapatos que seus pais compram para ela. Seu grande objetivo é se casar com um homem muito rico. Charlie tem 20 anos, é pouco forte, cabelo ondulado e castanho claro. Muito ambicioso, vive como um cachorrinho atrás de George para conseguir uma vaga nos negócios Vanklein, cujo pai é sócio.

- Olá Annalize! Já está fugindo da festa? Fique mais um pouco - diz Beth com um sorriso exagerado e uma taça na mão.

- É que estou com dor de cabeça.

- Você irá amanhã ao clube? - pergunta Charlie, ignorando totalmente a dor de cabeça de Annalise.

- Não sei, talvez, se eu melhorar. Então... Boa noite.

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