Capítulo 4 - Feliz Natal

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Daguerre continuava mudando um pouco a cada dia. O natal estava chegando e Annalize e Antonia faziam os preparativos. Com a correria Annalize não conseguiu falar com senhor Tatsuo sobre o acônito. George o liberou para dias de folga que passaria com a família de Lorenzo. Ela resolveu parar de pensar tanto nisso e aproveitar seu tempo com outras coisas.

Numa tarde, quando Luke saiu com George e Daguerre para conhecer a empresa Vanklein, Annalize passava pelos corredores quando parou e voltou atrás, pensou ter visto alguém no quarto de Daguerre, a porta entreaberta. Quando ela abriu bem devagar viu Nina meio deitada na cama, mas com os pés para o chão e o espanador na mão.

- Nina?

- Ah! Senhorita! Me desculpe - disse Nina num susto levantando-se rapidamente e passando as mãos no uniforme e arrumando o amassado da cama.

- Tudo bem Nina, acalme-se, está se sentindo bem? - perguntou Annalize preocupada.

- Sim... É... Na verdade não, me senti muito cansada e por isso deitei um instante, mas me perdoe senhorita, isso não irá se repetir! - disse Nina de cabeça baixa.

- Você não parece bem mesmo, por que não tira o resto do dia para descansar. Mas no seu quarto porque acho que tio Daguerre não reagiria muito bem, sabe como ele é - disse Annalize rindo e fazendo Nina rir também.

- Ah senhorita, muito obrigada e mais uma vez me perdoe.

- Ora Nina vai logo guardar esse espanador - disse Annalize a empurrando pelos ombros em direção às escadas - e descanse mesmo.

- Sim senhora - disse Nina descendo as escadas.

Nina era uma moça, provavelmente mais nova que Antonia de cabelos castanhos, em cachinhos, mas sempre presos na touca do uniforme. Tinha os olhos grandes e azuis. Trabalhava na família Vanklein desde mais nova, era filha da antiga cozinheira, já falecida.

Annalize decidiu ir à parte próxima da floresta colher uma erva que senhor Tatsuo disse acalmar os nervos, ela não sabia por que Nina parecia estressada, mas um chá dessa erva lhe faria bem. Caminhou até a cerca que era rodeada por mato, puxou uma placa de madeira, e passou a passagem estreita que geralmente usavam. Atravessou mais um pouco de mato e começou a procurar a erva. Encontrou. Abaixou-se e enfiou a mão na terra. Ouviu um barulho e olhou para trás. Nada. "Deve ser o vento" pensou. Deu-se outro barulho, agora mais localizado atrás de uma moita. Annalize com uma mão segurando a erva pegou uma pedra com a outra e começou a se afastar devagar com medo. A moita começou a balançar e quando Annalize estava prestes a correr um cachorro pulou de trás do mato com um passarinho na boca. Ela suspirou e jogou a pedra no chão aliviada. O cachorro a olhou meio desconfiado e andou até ela entregando o passarinho morto aos seus pés. Annalize sorriu.

- Ah cachorrinho obrigada, mas não gosto de pássaros mortos - disse ela se curvando e fazendo carinho em sua cabeça. O cachorro sentou e pareceu gostar do carinho.

- Você está sozinho? Disse Annalize, agora já sentada no chão e esfregando a barriga do cachorro, que com as patas pra cima balançava o corpo feliz.

- Vou te chamar de Peter, você gosta? - disse ela ficando de pé, o cachorro latiu, corria envolta dela numa brincadeira e ela dava pequenas corridas também.

- Acho que sim! - Disse rindo

De repente se ouviu um assobio. O cachorro parou na hora e Annalize também. Ele correu para o mato, depois voltou, Annalize abriu os braços, mas ele pegou o passarinho e correu novamente sem olhar para trás.

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