Passaram-se dois dias, neles, Daguerre continuava prestativo e George teve uma leve melhora, mas ainda precisava de repouso. Orientou o irmão a ficar no comando da indústria nesse tempo de descanso. Quando Annalize o visitou no quarto ele teve uma grande surpresa ao ver o colar em seu pescoço e se emocionou quando ela contou sobre o presente e os dois ficaram conversando por horas. Joana passou para visita-los rapidamente, ficou preocupada com George, o considerava muito. Prometeu a Annalize que traria seu presente de natal atrasado quando voltasse de sua pequena viajem a cidade próxima para visitar parentes, ela parecia feliz com isso e Annalize decidiu não comentar sobre suas preocupações, mas mostrou os presentes que ganhara. Joana ficou fascinada, pois realmente gostava desse universo de criações, isso tinha muito haver com sua história, que conheceremos mais tarde. Nesses dias Annalize foi a parte próxima da floresta outra vez pegar flores para seu pai, não queria as do jardim, mas as amarelas que só encontrava naquela parte. Encontrou novamente com o cachorro, que chamou de Peter, amarrou uma fita azul de seu vestido no pescoço dele depois de umas brincadeiras. Dessa vez foram precisos dois assovios para que o cachorro saísse correndo.
Mais alguns dias chegaria o réveillon e Annalize decidiu contar o que descobriu para Luke, podia não ser nada de mais, mas afinal o dono do envelope era o pai dele. Luke desce as escadas e encontra Annalize na sala.
- Bom dia - diz ele.
- Bom dia, eu preciso falar com você.
- Já está falando - diz Luke com seu jeito sarcástico e seguro de sempre.
- É sério Luke - diz Annalize com um tom de repreensão.
Ele franze o cenho e se senta.
- Tudo bem, o que foi agora?
Annalize toma fôlego.
- Um dia antes de você chegar eu fui até o quarto do seu pai peg...
- Estava bisbilhotando o quarto dele? - Luke a interrompe com o olhar divertido.
- Não estava bisbilhotando nada, fui pegar um livro - responde impaciente - posso continuar?
- Claro, desculpe - diz Luke percebendo que o assunto deveria ser realmente sério.
- Como eu estava dizendo, fui pegar um livro que estava na gaveta e quando o peguei havia um envelope pardo em baixo. Eu juro que não queria abrir mas...
- Sua curiosidade não aguentou, certo?
- Certo.
- E o que tinha no envelope?
- Um endereço e o nome de um remédio. Quer dizer, eu acho que é o nome de um remédio... E logo depois disso, depois de você chegar, seu pai mudou.
- Como assim mudou?
- Ah... É... - Annalize hesita na resposta.
- Seja sincera - diz Luke com olhos compreensivos.
- Luke, seu pai é um ignorante, me desculpe falar assim, há momentos em que ele é completamente frio e outros em que está feliz e sorridente, mas só com ele mesmo.
- Não se desculpe, sei como ele é apesar dele ter me visitado pouco no tempo que passei fora. Também reparei uma mudança - Luke diz reflexivo - mas você acabou convivendo mais com ele do que eu.
Annalize assentiu. Luke passa a mão na cabeça empurrando os cabelos para trás.
- Mas o que você está achando disso tudo? - ele continua.
- Eu achei que seu pai estava com alguma doença grave, só que vejo que ele está perfeitamente bem e quem está doente é meu pai.
Annalize passa as mãos sobre o rosto e pões mexas de cabelo para trás das orelhas. Luke põe a mão sobre seu ombro percebendo sua aflição.
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Pedra Negra
RomantikNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...