Capítulo 5 - Prisma

314 54 15
                                    

Depois que Dr. Hall foi embora Annalize continuou sentada fitando o vazio. Vendo que o natal de sua família se tornou um desastre. Ela secou as lágrimas e respirou fundo. "Ele vai ficar bem" pensou, "está tudo bem".

- Annalize - diz Luke que estava ao lado dela - vai descansar seu pai já está melhor.

- Não sei se vou conseguir.

- Se você se sentir melhor vá até ele, ele vai gostar - diz Luke com um sorriso tranquilizador.

- Vou fazer isso.

Annalize sobe as escadas para o quarto dos pais. Enquanto isso Daguerre se sentou a mesa e comia tranquilamente. Luke passa por ele e o observa com expressão indefinida.

- Oi filho, o que foi? - pergunta Daguerre olhando ao redor, como procurando o que afligia o filho, até olhar para seu prato - ele já está melhor, ouviu o Dr. Hall, não há motivo para jejum.

Luke assente com a cabeça, ainda inexpressivo e vai para o quarto.

- Posso entrar? - pergunta Annalize na porta do quarto dos pais.

- Claro minha filha - diz George, Antonia estava ao seu lado.

Annalize se senta na beirada da cama.

- Como está se sentindo?

- Bem, foi só um susto, amanhã estarei ótimo, não se preocupe.

- Me assustou mesmo. Trate de descansar de verdade.

- Ah com certeza e terei pessoas que eu amo cuidado de mim. Agora vá dormir, amanhã abriremos os presentes.

- Tudo bem pai, boa noite - disse Annalize beijando a testa do pai e da mãe - boa noite mãe.

- boa noite querida.

Annalize foi se arrastando para o quarto já com sono e antes que fechasse a porta a mão de Luke a impediu.

- É... Algum problema? - perguntou ela curiosa.

- Sim, já passou da meia-noite e você não abriu meu presente - disse Luke com um sorriso, mas também cansado.

- Ah Luke, é melhor deixar pra amanhã.

- Mas até chegar à noite de amanhã vai demorar muito.

- Por que precisa esperar a noite? Olha, eu prometo que quando acordar abro seu presente - disse Annalize como se estivesse falando com uma criança.

- Por favor, Annalize, precisa ser à noite - disse Luke impaciente.

- Tá, tudo bem, já que insiste tanto!

- Você não vai se arrepender - disse Luke a puxando pela mão, conduzindo-a depressa.

- Devagar Luke, assim eu rolo escada abaixo!

Luke continua depressa, abafando sua risada, o resto da casa já dormia.

- Vamos, pegue a caixa.

- Tudo bem - diz Annalize bem devagar.

Ela pega e rasga o embrulho. É uma caixa de madeira simples com uma fechadura. Uma madeira de muita qualidade, diga-se de passagem, Annalize pôde sentir o cheiro amadeirado.

- É lindo, só que... Está trancado - diz ela.

- Vamos até a varanda que te darei uma das chaves.

- Uma das chaves? - diz Annalize franzindo a testa - Mas só tem uma fechadura.

- Vamos depressa - Diz Luke a puxando de novo em direção à varanda.

A lua estava cheia e brilhava forte, iluminando o lugar.

- Pronto. Aqui está a chave - diz ele entregando.

Annalize fez cara de desconfiada, mas pegou a chave. Apoiou a caixa sobre uma pilastra e a abriu. Nela havia embutido um espelho na parte interior da tampa. Muitos detalhes de desenhos de flores na madeira, como uma pintura rupestre, alguns compartimentos como pequenas gavetas forradas por um tecido azul bem escuro e um fundo falso com uma pequena fechadura.

- Nossa Luke... É perfeito - diz ela passando a mão nos detalhes, depois tenta enfiar a chave na pequena fechadura, percebendo que não cabia - E essa parte, como abre?

- Bom, esse é um presente dois em um, então abra a primeira gaveta.

Annalize podia ver satisfação no rosto de Luke. Ela abriu a pequena gaveta onde havia uma pedra negra. Quando a pegou, junto com ela veio uma corrente, percebendo que era um cordão, Annalize olhou surpresa para Luke. Abriu a boca para agradecer.

- Não me agradeça ainda, abra o pingente.

Ela abre e lá estava uma pequena chave. Rapidamente foi abrir o fundo falso, onde havia outro espelho, mas no meio dele estava acoplado um tipo de triângulo de vidro. Luke disse para ela segurar a caixa e virá-la para a luz da lua. Assim ela fez e algo muito mágico aconteceu. Aquele triângulo refletiu a luz em diversas cores de um espelho para o outro. Annalize passou a mão no ar pelas cores fascinada. Estava sem palavras. Seus olhos estavam um pouco marejados.

- Agora pode agradecer - diz Luke

- E... Eu... Não sei o que dizer, isso é mágica?

Luke ri.

- É ciência! E estou brincando, não precisa agradecer. Isso tudo é seu por direito.

Annalize franze a testa sem entender e Luke explica a origem da caixa e do colar. Daguerre o guardava em uma gaveta cheia de bugigangas já que descobriu que a pedra não era valiosa. Quando Luke foi para a Suíça pediu a ele uma foto e Daguerre lhe entregou tirando a foto de dentro do pingente. Luke ficou encantado ao saber que foi o avô que fez para a avó e pediu o colar também. Quanto a caixa, Luke explicou que George lhe deu e que conforme foi crescendo estava decidido a abrir a outra parte. Conheceu um chaveiro que com muito cuidado abriu o fundo falso e fez uma nova chave. Annalize estava admirada com toda história envolvendo os objetos, mas ela não sabia de tudo. Luke não contou que foi ele mesmo que abriu o fundo falso e o recolocou, apenas não fez a chave. Também não contou que largou o curso de economia pela metade e começou um de arquitetura, trabalhando nas horas vagas como aprendiz de artesão, Daguerre ficaria furioso se soubesse. "Em outra ocasião explico tudo a ela" pensou.

- Muito obrigada Luke, de verdade, já ouvi tanto sobre nossos avós. Isso tudo é muito lindo. Mas acredito que não seja só meu, vamos fazer assim, você fica com uma chave e eu com outra, o que acha? - pergunta Annalize lhe estendendo a chave do fundo falso.

- Uhn.... - Luke pensou um pouco - tudo bem.

Annalize deu um abraço apertado em Luke que retribuiu.

- Agora vamos dormir, foi um dia cansativo - disse ele guardando a chave no bolso.

Annalize já deitada em sua cama lembrou-se do dia que se passou e sentiu um grande aperto em seu coração. Mas adormeceu pensando nos presentes que ganhara e imaginando os avós com eles.

...

No dia seguinte, George ainda ficou na cama e Antonia passou o dia com ele. Annalize estava lendo na sala, quando reparou que a casa parecia estar vazia. Luke não saiu do quarto "grande preguiçoso" pensou, e não viu Daguerre em lugar nenhum. Ela estava feliz com o presente, o guardou na noite passada na cabeceira de seu quarto e estava usando o colar de pedra negra. Foi para a varanda levando o livro, mas começou a pensar novamente no que achou na gaveta do tio, se sentindo confusa, pois quem parece estar doente é seu pai.

Continua...
Não esqueça de clicar na estrelinha se gostar!
Ajuda bastante!
Abraço :)

Pedra NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora