Luke e Thomas chegaram molhados na pequena casa do velho que os ajudou com a carroça. Este se chamava Seth, e ajudou o soldado mancando a carregar Luke ainda desmaiado e deposita-lo sobre um sofá antigo.
- Vocês precisam de um médico. Urgente – Seth dizia.
- Senhor, além de sua ajuda precisarei de sua discrição – disse o soldado sentando-se no chão, próximo aos pés de Luke.
- Mas... – o velho olhava a situação dos rapazes a sua frente preocupado.
- Nos ajude a passar essa noite aqui e amanhã... Amanhã veremos – Thomas diz cansado.
Seth trás panos para secarem-se e cobertas. Thomas usa alguns tecidos para envolver a perna e o braço machucado de Luke. O velho o ajuda com sua perna. Luke começa a se mexer e gemer baixo, Thomas toca em sua testa e sente sua febre.
- Joana... Jo... Joana... – ele dizia.
Seth coloca uma toalha molhada sobre a testa de Luke e oferece uma sopa ao soldado que aceita agradecido. Thomas tenta dar um pouco a Luke, que toma um pouco, mas ainda muito aéreo, sem nem abrir os olhos direito.
Depois de um tempo velando Luke, Thomas consegue finalmente fechar os olhos. Ainda sentado e enrolado em uma coberta, ele pensa no que aconteceu. Foi uma questão pessoal ou um atentado? Frank e ele nunca se deram bem, mas tentativa de assassinato parecia algo grande de mais para um simples desafeto. Lembrou-se da situação estranha do outro soldado que não prosseguiu viajem com eles. Aquilo não lhe parecia ter sido em vão.
Thomas começava a pensar que se Frank obedecia a ordens de Daguerre, quem ele considerava seu principal suspeito, isso só comprovava que Luke era inocente e sua morte daria fim nas investigações, como o assassino que morreu em uma tentativa de fuga, ou algo assim. A quem ele pediria ajuda? Não sabia quem tinha ligações com Daguerre ou não. Ele não poderia levar Luke até a jurisdição londrina desta maneira. Thomas encontrava-se em um beco sem saída.
Então se lembrou das palavras febris de Luke.
Joana.
Joana estava em Londres. Samuel havia informado que estaria na residência de Joana caso precisasse ser solicitado, em alguma emergência no tribunal. E ele também ouviu Annalize contar a Luke que Joana iria para Londres. Eles já deviam ter chegado provavelmente.
"Se Luke é inocente, e Joana fará o que puder para ajuda-lo como li na carta, preciso encontra-la. Ela nos ajudará" – ele pensa.
Com este pensamento, Thomas cai em um sono profundo.
...
O sol nasceu e já não há mais chuva. Seth faz um chá de ervas verdes.
Luke abre os olhos devagar e os fecha novamente. Sente dores na perna e costelas. A boca seca. Abre mais uma vez e sente-se molhado de suor. Olha para baixo e vê Thomas dormindo no chão enrolado em uma coberta.
- Onde... Onde estou? – diz com dificuldade.
- Oh, acordou meu jovem. Que bom. Você está na minha casa, sou Seth – o velho diz aproximando-se com uma xícara na mão – beba, vai te fazer bem.
Luke não consegue levantar os braços direito, então Seth o ajuda a beber o chá.
- Obrigado – ele diz depois de tossir um pouco. E começa a lembra da noite passada. Thomas acorda.
- Não morremos – ele diz ao olhar para Luke.
- O que... Aconteceu Thomas? – ele pergunta ainda fraco.
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Pedra Negra
RomanceNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...