No decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...
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O advogado de Daguerre toma a sua posição. Ganhou muito para estar disposto a tudo. Passou noites em claro montando sua estratégia diante do caso tão grave. Ele desabotoa os três botões de seu paletó e tenta passar tranquilidade em seus movimentos.
- Senhor Daguerre, conte-nos um pouco sobre os últimos dias de seu irmão George.
- Estávamos felizes... Luke havia voltado para casa. George sempre gostou muito dele. As festas de fim de ano se aproximando... Ele gostava de ver a família reunida – Daguerre lança um olhar falsamente dócil em direção aos Vanklein – sempre estávamos juntos durante as refeições.
- Viviam em harmonia? – Pergunta o advogado.
- Completamente.
- No trabalho também?
- Com toda certeza. Jamais levantamos a voz um para o outro em todos esses anos.
- Muito se foi falado esta manhã sobre possíveis dissenções e invejas de sua parte, senhor Daguerre, o que nos diz a respeito?
- Uma completa insanidade. Se eu fosse um completo miserável sem ter onde cair morto, até entenderia tal suspeita, mas eu sou rico. Posso não ter a mesma trajetória de meu irmão, mas tenho posses!
- Por que acha que há pessoas que te acusam do contrário?
- Honestamente, não compreendo. Sempre amei minha família e acreditava que ela me amava – um olhar amargurado é lançado ao público.
- O que o senhor acha que aconteceu com seu irmão?
Daguerre respira fundo.
- George já não estava bem há um tempo. Claro que não deixava transparecer para as pessoas para não preocupar ninguém. Mas eu percebia. O conheço desde o nascimento, algo estava errado. Suas tosses se agravaram...
- Falou com ele sobre isso?
- Sim! Ele dizia que estava bem, mas que procuraria o médico. Mas infelizmente ele só viu o médico depois que desmaiou no natal.
- Acredita que, o que o levou a morte foi a doença?
Daguerre olha para baixo, controlando com muito esforço o movimento dos pés.
- Fiz um juramento neste tribunal de dizer somente a verdade, então preciso ser honesto. Estou confuso quanto essa questão.
Há um baixo burburinho por entre os ouvintes.
- Poderia nos explicar melhor?
- Uma parte minha acredita que sua doença se agravou, a ponto de não haver tempo para um tratamento. Mas... O fato de acharem aquelas ervas, aquelas que podem gerar os mesmos efeitos de uma doença me deixam angustiado.
Annalize e Luke se olham aflitos, antes de voltarem a atenção a Daguerre.
- Seu filho poderia ter cometido este crime – o advogado é direto.
