Capítulo 67 - Ervas Daninhas

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- Eu estava cumprindo meu papel. Era um flagrante! Tive que leva-lo – o delegado Stein falava, andando de um lado para o outro. Edmund, após bocejar, acende seu charuto.

- Stein. Acalme-se. Ninguém vai acusa-lo de prender um inocente. Você prendeu o principal suspeito naquele momento. A investigação cresceu e não estava mais em suas mãos.

- Mas... O acidente... Eram meus homens naquela carruagem... – Stein parou de andar por um momento e encarou o inspetor sentado à sua frente – Passaram-se muitas semanas Edmund. Dois mortos. E nada de Thomas e do Vanklein...

O delegado controlou-se para não se emocionar ao pronunciar o nome do filho, de quem tinha tanto orgulho. Quando soube da notícia do acidente, sentiu-se muito culpado por delegar a Thomas aquela missão.

- Você mesmo disse que Thomas não acreditava na culpa de Luke Vanklein. Talvez, e essa é minha aposta, sobreviveram ao acidente, já que seus corpos não foram encontrados, e estão escondidos.

Stein finalmente senta-se e apoia os cotovelos sobre sua mesa.

- Ele podia ter procurado minha ajuda...

- Quem?

- Thomas.

- Você é um homem da lei, poderia prendê-lo também, não sei, ter desconfiado. E Londres não é aqui do lado...

- Você está certo.

Alguém bate a porta.

- Entre – diz Stein.

- Senhor – um soldado adentra o recinto um pouco receoso.

- Diga.

- O senhor já leu o jornal de hoje?

- Se é sobre o caso Vanklein, poupe-me. Já recebi essa notícia.

- Não senhor – o soldado aproxima-se com um jornal na mão – é sobre a Casa de Recuperação Solar.

O delegado engole em seco e pega o jornal. Todos sabiam que a esposa de Stein estava lá e o soldado Nicholas foi o único que teve coragem de dar a notícia à ele, depois de uma discussão entre os soldados ao lerem o jornal da manhã. Todos eles gostavam muito de Stein.

- Pode sair – ele diz e o rapaz caminha para a saída – Nicholas – o soldado para perto da porta – Obrigado.

Nicholas assente e sai fechando a porta. Edmund apenas observa a expressão do colega ir se transformando enquanto lê. O coração de Stein, já cheio de culpas e amarguras, afunda-se em um abismo de dor, com a possibilidade de Cecily estar machucada ou ter fugido para longe, sem estar dentro de suas razões. Para ele, sua esposa estava realmente doente. Ele pagava um valor a mais à Casa de Recuperação, para que ela fosse muito bem tratada, apesar dela não querer mais vê-lo em suas visitas.

Stein aperta as têmporas e respira fundo ao terminar e ler. Olha para Edmund.

- Já chega por hoje – ele diz cansado.

- Está... Tudo bem? Precisa de ajuda?

- Não. Para as duas perguntas. Vou resolver questões familiares. Fique a vontade – Stein aponta para a sala ao redor. Pega seu chapéu e sai.

Edmund pega o jornal e lê matéria sobre a fuga da Casa de Recuperação.

"E eu pensando que essa cidadezinha seria um marasmo..." Ele pensou consigo.

- Ei você – Edmund diz ao sair da sala do delegado um tempo depois, dirigindo-se a Nicholas que organizava papeis em pastas – venha cá.

- Pois não senhor.

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