Capítulo 66 - Fugitivo

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Do mesmo modo que Luke explicou a Annalize sobre suas aventuras, assim fez com Joana, tentando contextualizar com bom humor e deixando claro que ela não fazia parte dessa lista de aventuras, pois acreditava que ela era de fato a mulher de sua vida e não uma aventura.

- Agora entendo todas as risadas de Annalize sobre bibliotecas – Joana lembra olhando ao longe – confesso estar um pouco desconfortável com toda essa história.

- Minha querida – Luke pega sua mão – isso tudo é passado. Você também deve ter um não é? E é isso. Passado.

O coração de Joana gela. Ela esquecera completamente que Daguerre estava em seu passado. "Meu Deus, onde estou com a cabeça? Preciso encarar os fatos, tirar os pés das nuvens... Luke pode me odiar...".

- Você é meu presente – Luke interrompe seu pensamento.

- Eu... O meu... Passado...

- Não precisa falar – Luke toma um gole de chá que ainda estava sobre a bandeja, demonstrando-se descontraído.

- Preciso – Ela respira fundo – já fui cortejada por muitos homens, principalmente durante a época em que herdei a fortuna de meus pais. E... Um desses homens, eu permiti que me visitasse, pois me sentia muito sozinha e conhecia sua família muito bem. Além dele aparentar, apenas aparentar, ser uma boa pessoa, eu era jovem e ingênua... – Ela faz silêncio por alguns segundos.

- Por Deus Joana, o que está querendo dizer?

- Bem, descobri que esse homem era uma pessoa terrível, graças a Lonan e sua irmã Sihu. Ele os maltratou uma vez e eu o peguei no flagra, sem sua máscara.

Pelo cuidado com que Joana falava e seu modo de olhar, Luke já começava a imaginar quem era, mas torcia para estar enganado.

- Era seu pai Luke.

Ao apertar a xícara que tinha em uma das mãos, forma uma rachadura na porcelana. Ele engole em seco antes de perguntar.

- Ele te tocou?

- NÃO. – Joana é enfática – Nunca! O máximo foi beijar minha mão, e eu usava luvas!

Há silêncio por um tempo. Joana decide retirar a bandeja da cama quando Luke deposita a xícara ao seu lugar.

- Eu... Vou levar isso para a cozinha. Vou te deixar um pouco sozinho.

- Joana – Luke a chama antes que atravesse a porta.

- Sim?

- Volte logo. Não me deixe sozinho – ela assente.

- Vinte e um! – Joana ouve Thomas bradar quando entra na cozinha e se depara com Kate, Samuel e o soldado jogando cartas sobre a mesa. Estão tão concentrados que nem reparam na entrada e saída de Joana do local.

- Estou apenas começando, embaralhe isso de novo – ela pode ouvir Kate dizer enquanto voltava para o quarto.

Ela senta-se na cama, ao lado de Luke, meio sem jeito e cruza as mãos sobre as pernas.

- Acabo de pensar uma coisa – Luke quebra o silêncio e Joana apenas vira o rosto para olhá-lo – Se você não descobrisse a verdade sobre Daguerre, tudo poderia ser diferente, mas – ele faz uma pausa – eu acabaria como um fugitivo de qualquer maneira...

- Por quê? – Joana franze o cenho.

- Porque... Com certeza eu teria fugido com minha madrasta – dá um sorriso de lado e Joana abre a boca em surpresa. – Você está em meu destino senhorita Burton.

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