Annalize, de dentro da carruagem, ouve um grito e se assusta em meio aos solavancos. Ela tem medo de estarem sendo perseguidos ou algo do tipo. Receosa e ainda tremendo um pouco, abre a pequena janela lateral e coloca a cabeça para fora. Apesar do vento contra seus olhos, ela consegue ver Lonan se aproximando sobre o cavalo, seu cabelo e corpo balançam com o galope. Annalize só consegue rir e derramar lágrimas. Ela não consegue desviar o olhar dele, que sorri para ela também.
Quando seu pescoço já está dolorido de ficar na mesma posição, e uma fina chuva começa a cair, Annalize tira a cabeça da janela, respirando fundo e tentando abaixar a adrenalina. Depois de um bom tempo e mais solavancos que indicavam uma estrada de terra, a carruagem para. Charlie ajuda Annalize a descer e ela o abraça agradecendo por tudo. Ela vê a cabana de madeira em meio às árvores. A mata mais fechada impediu a carruagem de se aproximar mais. Lonan chega logo em seguida, prendendo a corda do cavalo num tronco fino de árvore e se aproxima.
Os dois se olham um pouco como se não acreditassem que fosse real. Charlie pigarreia.
- Bom. Minha parte na missão foi cumprida, mas preciso voltar para não levantar suspeitas de minha participação. Você está bem Annalize? Machucou-se ou...
- Estou bem – ela o tranquiliza – obrigada mais uma vez Charlie eu... – Ela se emociona – jamais poderei agradecer... – ela funga.
- Ei, calma, já passou – ele diz – e eu só fui o pajem. O que você fez naquele lugar... – ele assobia – não era exatamente o plano não é senhorita Vanklein?
Ela sorri.
- Eu não podia sair e deixa-las presas...
- Nós sabemos. Agora descanse, e deixe-me ir antes que você se resfrie com essa garoa e Lonan me exploda.
Eles se abraçam em despedida. Charlie aperta a mão de Lonan de modo firme e um sorriso de lado.
- Obrigado Charlie – Lonan diz.
- Eu agradeço a confiança – ele responde, sobe na carruagem e parte.
Lonan estende a mão para Annalize que a aceita. Ele a guia para a cabana com cuidado. Ao abrir a fechadura um pouco enferrujada o jovem dá passagem para a moça. Ela surpreende-se com o que vê. A cabana simples está muito bem arrumada. Há uma lareira, uma mesa com cadeiras, e mobílias da cozinha junto à sala. Lonan abre uma porta indicando onde Anna irá dormir e outra mostrando o lavabo.
A cama de solteiro no pequeno quarto tem uma trouxa e uma caixa. Annalize observa.
- Sua mãe pediu para trazer coisas suas – Lonan explica – e a caixa foi um pedido de Beth.
Annalize desfaz o nó da trouxa e passa a mão em suas roupas. Ao abrir a caixa de Beth, ela ri e mostra para Lonan.
- Doces! – seus olhos brilham. Lonan sorri com essa visão.
Ela pega um e come, revirando os olhos em satisfação.
- Oh meu Deus... – Diz ainda de boca cheia – parece que não como isso há anos.
Lonan ri. Annalize tira os sapatos ao sentar e demonstra alívio.
- Você quer tomar um banho ou... Eu vou esquentar a água... – Lonan diz fazendo menção de sair.
- Lonan – ela o chama ficando de pé – você ainda não me deu um abraço.
- Perdoe-me – ele aproxima-se – é que... Parece que você pode desaparecer a qualquer momento... Foi tão difícil voltar e não poder te ver, e imaginar seu sofrimento.
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Pedra Negra
RomanceNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...