Capítulo 62 - De Qualquer Forma

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Annalize, de dentro da carruagem, ouve um grito e se assusta em meio aos solavancos. Ela tem medo de estarem sendo perseguidos ou algo do tipo. Receosa e ainda tremendo um pouco, abre a pequena janela lateral e coloca a cabeça para fora. Apesar do vento contra seus olhos, ela consegue ver Lonan se aproximando sobre o cavalo, seu cabelo e corpo balançam com o galope. Annalize só consegue rir e derramar lágrimas. Ela não consegue desviar o olhar dele, que sorri para ela também.

Quando seu pescoço já está dolorido de ficar na mesma posição, e uma fina chuva começa a cair, Annalize tira a cabeça da janela, respirando fundo e tentando abaixar a adrenalina. Depois de um bom tempo e mais solavancos que indicavam uma estrada de terra, a carruagem para. Charlie ajuda Annalize a descer e ela o abraça agradecendo por tudo. Ela vê a cabana de madeira em meio às árvores. A mata mais fechada impediu a carruagem de se aproximar mais. Lonan chega logo em seguida, prendendo a corda do cavalo num tronco fino de árvore e se aproxima.

Os dois se olham um pouco como se não acreditassem que fosse real. Charlie pigarreia.

- Bom. Minha parte na missão foi cumprida, mas preciso voltar para não levantar suspeitas de minha participação. Você está bem Annalize? Machucou-se ou...

- Estou bem – ela o tranquiliza – obrigada mais uma vez Charlie eu... – Ela se emociona – jamais poderei agradecer... – ela funga.

- Ei, calma, já passou – ele diz – e eu só fui o pajem. O que você fez naquele lugar... – ele assobia – não era exatamente o plano não é senhorita Vanklein?

Ela sorri.

- Eu não podia sair e deixa-las presas...

- Nós sabemos. Agora descanse, e deixe-me ir antes que você se resfrie com essa garoa e Lonan me exploda.

Eles se abraçam em despedida. Charlie aperta a mão de Lonan de modo firme e um sorriso de lado.

- Obrigado Charlie – Lonan diz.

- Eu agradeço a confiança – ele responde, sobe na carruagem e parte.

Lonan estende a mão para Annalize que a aceita. Ele a guia para a cabana com cuidado. Ao abrir a fechadura um pouco enferrujada o jovem dá passagem para a moça. Ela surpreende-se com o que vê. A cabana simples está muito bem arrumada. Há uma lareira, uma mesa com cadeiras, e mobílias da cozinha junto à sala. Lonan abre uma porta indicando onde Anna irá dormir e outra mostrando o lavabo.

A cama de solteiro no pequeno quarto tem uma trouxa e uma caixa. Annalize observa.

- Sua mãe pediu para trazer coisas suas – Lonan explica – e a caixa foi um pedido de Beth.

Annalize desfaz o nó da trouxa e passa a mão em suas roupas. Ao abrir a caixa de Beth, ela ri e mostra para Lonan.

- Doces! – seus olhos brilham. Lonan sorri com essa visão.

Ela pega um e come, revirando os olhos em satisfação.

- Oh meu Deus... – Diz ainda de boca cheia – parece que não como isso há anos.

Lonan ri. Annalize tira os sapatos ao sentar e demonstra alívio.

- Você quer tomar um banho ou... Eu vou esquentar a água... – Lonan diz fazendo menção de sair.

- Lonan – ela o chama ficando de pé – você ainda não me deu um abraço.

- Perdoe-me – ele aproxima-se – é que... Parece que você pode desaparecer a qualquer momento... Foi tão difícil voltar e não poder te ver, e imaginar seu sofrimento.

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