Capítulo 57 - Esperança

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O resto da semana se deu de maneira tensa para Annalize. Ela não se separou da chave por nada e ficou com muito medo que alguém a descobrisse. Agradeceu a enfermeira quase que secretamente, quando esta passou próxima a ela. Liz lhe fez um pequeno sinal com a cabeça e deu um discreto sorriso.

Durante esses dias, antes de dormir, Annalize tem conversado com Debora que tem sua cama ao lado da dela, apesar da menina não responder com uma palavra se quer. Annalize se ofereceu para diferentes trabalhos, e observou que a área menos vigiada é a do jardim, próxima da entrada de familiares e da administração, e a mais vigiada, era a dos portões, do outro lado.

- O que ela está fazendo? – Annalize pergunta para Cecily ao seu lado, enquanto passam panos nos vitrais das grandes janelas, e observam Liz cochichar no ouvido de algumas moças que passam a segui-la.

- Ela faz isso às vezes – Cecily responde – Os médicos não se importam desde que não atrapalhe os trabalhos, e limpem a sujeira depois. Já participei uma vez.

Annalize a encara de cenho franzido.

- Já terminou seu lado? – A senhora Stein pergunta e Annalize confirma – então venha, vamos fingir que fomos chamadas também.

As duas começam a seguir um pouco de longe, a enfermeira e o pequeno grupo ao seu redor. Um sentinela as acompanha. Viram a esquerda do largo corredor, dando em outro, menor, onde haviam três portas. Liz pega uma chave de seu bolso e abre uma delas. Algumas das moças pareciam familiarizadas com a situação, outras se abraçavam um pouco assustadas.

Quando Annalize adentrou no espaço, não viu nada de mais. Encarou uma sala escura e praticamente vazia, apenas com um armário de madeira antigo e uma mesa num canto. Teias de aranha circundavam o teto.

Quando todos entram, Liz fecha a porta e pedi ajuda ao sentinela para abrir as pesadas cortinas de cor vinho. A luz do sol invade o lugar, e Annalize pode enxergar com mais clareza o chão de tacos de madeira, que rangia um pouco entre os passos.

- Muito bem – Liz parecia animada – meninas que já sabem como funciona, podem me ajudar.

A enfermeira abre o armário de madeira e algumas moças se aproximam, retirando de lá alguns tecidos brancos enrolados e grandes papéis. Outras pegavam pincéis e potes de tintas.

- Ora – Liz olha para Cecily e Annalize com olhar divertido e mãos na cintura – visitantes não convidadas...

- Quer que eu as retire senhorita? – Pergunta o sentinela.

- Por Deus Moe – Liz faz um gesto de desdém com a mão – não é possível. Não tem aprendido nada? – diz um pouco irritada.

O sentinela abaixa a cabeça um pouco envergonhado.

- Perdão... É que... Eu achei...

- Tudo bem. Tudo bem... – A enfermeira dá alguns tapinhas em seu ombro.

- A senhorita me perdoa? – ele a fita nos olhos e ela suspira.

- Perdoo, agora vá se divertir – ela aponta a movimentação atrás de si com a cabeça.

As moças – e o sentinela – começam a pintar os tecidos estendidos no chão, ou os papeis espalhados. Algumas, como Cecily e Annalize, permanecem de pé observando. Liz começa a falar que todas podem pintar o que quiserem, estavam livres para se expressar através da pintura, do modo que quisessem, com pinceis, sem pinceis, com os dedos...

- Estou feliz em vê-las – Liz diz para as duas – você já sabe como funciona Cecily – a enfermeira pisca.

Cecily olha para Annalize com um sorriso, pega um papel sentando-se no chão e começa a pintar. A jovem continua observando tudo admirada. Liz, também observando, começa a explicar para Annalize sobre aquela ideia.

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