Capítulo 9 - Nocturne

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Luke, chocado e surpreso, inclinou-se mais para frente.

- Por que mentiu? O que é acônito Joana?

Ela levanta com o rosto expressando medo e revolta, de costas para Luke enxuga algumas lágrimas. Virando-se de volta senta-se ao seu lado e busca coragem. Luke vê em Joana o sentimento de medo que nunca tinha visto nela.

- Joana acalme-se, respire fundo - ele diz respirando fundo também para incentivá-la. Ela respira.

- Agora me diga, o que é acônito?

Olhando fundo para ele, ela responde.

- Acônito é uma planta. Uma planta venenosa com flores azuis. Ela causa asfixia, uma vez que provoca uma arritmia cardíaca que leva à sufocação. É extremamente difícil de identificar... Muito usada em... Crimes anônimos. - Silêncio - Faça as contas Luke.

Luke passa a mão no rosto para refletir e empurra os cabelos para trás. Seu rosto se transfigura gradualmente e a expressão que tinha de curiosidade se transforma em ódio. Ele se levanta bruscamente, anda de um lado para o outro até dar um murro na parede. Se vira pra Joana.

- Meu pai tentou matar o tio George? - diz ele com a voz em fiapos - O próprio irmão?

- Tentou não Luke, parece que está tentando.

Luke ainda nervoso começa a respirar fundo várias vezes, tentando recobrar a consciência e voltar a si. Senta-se novamente. Ele sabia que agir irracionalmente agora não ajudaria, precisava ser frio por aqueles que ele amava. Joana vendo seu estado, impulsivamente lhe dá um abraço. Nesse instante ele desaba por completo e chora amargamente. Joana que há muito tempo não derramava uma lágrima resistiu firme pra não chorar até sentir o aperto de Luke e com ele a sua dor, ela soluçava.

Depois desse momento um pouco descontrolado os dois levantaram os rostos do ombro um do outro, percebendo que o pior ainda não tinha acontecido. Talvez, todo esse descontrole se deva ao fato de duas pessoas com tantos segredos e mágoas, por um instante cederem e saírem do casulo de gelo em que se protegem das emoções. Estavam no mesmo barco e colocaram pra fora de uma vez o que tinham pra colocar. Não se espera outro momento assim tão cedo.

Mas, o pior não tinha acontecido, voltaram a si e secaram o rosto, Joana com um lenço, Luke com a manga da camisa. Luke se afasta e senta na poltrona a frente e dá o primeiro passo na tentativa de descobrir um modo de resolver tudo.

- Precisamos falar com Annalize.

- Eu sei, tenho medo de como ela irá reagir - diz Joana preocupada.

- Bem é que não vai, é da vida do pai dela que estamos falando.

- Você tem toda razão Luke, mas acredito ser melhor falarmos amanhã bem cedo e juntos tomarmos as providências devidas.

- Ah sim, com certeza providências serão tomadas - disse Luke com raiva na voz, mas controlado.

- Sim. E hoje mesmo você pode ir ao quarto do seu pai e procurar por qualquer tipo de vidro ou caixa suspeita que haja por lá, procure por cada canto, e claro, faça de tudo para não ser visto. Daguerre é amigo do delegado Stein. Não podemos acusar sem provas. Ah! e veja o que George está tomando. Luke assenti determinado.

- E a nossa ida até a tal rua?

- Está de pé, talvez lá encontremos algo que possa nos ajudar.

- Certo...

Silêncio. Elaboraram aquilo tudo por alguns minutos. Luke se levanta.

- Então... Até amanhã Joana.

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