Capítulo 7 - Guerra Fria

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Para a surpresa de Annalize e Luke, Joana aparece para visita-los no dia seguinte e lhes trazer presentes atrasados de natal.

Os dois conversavam na cozinha sobre seus planos e Annalize contou sobre a carta que enviou. Luke perguntou se Joana era assim tão confiável. Annalize confirmou com veemência. Luke ainda tinha a impressão arrogante dela, mas percebeu que ela era uma pessoa boa, talvez só não com ele.

- Srt. Annalize, sua amiga Joana lhe espera na sala de estar – avisou Nina.

Luke e Annalize se olharam surpresos e foram apressados para a sala.

- Joana! Que bom que você está aqui! – diz Annalize com alívio.

- Minha amiga, eu sabia que você gostava de mim, mas nem tanto. É por que eu trouxe presentes? – diz Joana colocando caixas sobre a mesinha central.

Annalize ri e lhe dá um abraço.

Joana é 10 anos mais velha que Annalize, mas mesmo com a diferença de idade as duas sempre se deram muito bem. A mãe de Joana, Louise, se tornou amiga de Antonia, quando Annalize tinha uns 4 anos. Antonia começou a acompanhar George em eventos. Ela não estava acostumada com as festas de negócios em que tinha que acompanhar o marido, novo empreendedor industrial. Num desses encontros Louise puxou conversa percebendo a timidez de Antonia. Sabia que as outras mulheres podiam se aproveitar e trata-la mal. Louise resolveu lhe dar conselhos sobre todo aquele jogo burguês e daí começou a amizade. Tornaram-se famílias amigas.

Joana é uma mulher bonita e engraçada e só não se casou por ter, digamos, um gênio forte. Ela é um pouco alta, pele clara, cabelos ondulados e ruivos. Seu jeito envolvente trás o melhor das pessoas e esconde muito de suas tristezas. Ela adora cavalgar e já se cansou de chamar Annalize para ir com ela. Uma coisa que nem Annalize sabe é que ela faz aulas de tiro ao alvo, mas Joana é muito discreta sobre tudo. Foi ficando assim com o tempo. Ela é independente, seus pais morreram em um acidente terrível quando ela tinha 18 anos e como não tinha irmãos, somente parentes distantes, teve que cuidar de tudo sozinha, inclusive dos negócios de sua família que tem um ateliê para roupas masculinas, o famoso Burton Ateliê, que veste os homens mais ricos da cidade. Não ficou totalmente sozinha, pois teve o apoio de Samuel, que era como um guardião que fazia de tudo um pouco pela família Burton. Ele é advogado e padrinho de Joana, que carinhosamente o chama de Sam, ele é um homem bondoso na faixa dos 50 anos de olhar apaziguador, a ajudou muito nas partes jurídicas, das quais ela não entendia. Também teve ajuda de Sofia a empregada da família que não a abandonou em nenhum momento, mas cuidou dela e até a aproximou de sua própria família. Antonia e George também a apoiaram muito no período de luto, Antonia que era tão próxima de Louise chegou a ficar uns dias na casa de Joana cuidando dela com Ananalize, deixando-as mais próximas. Às vezes, Joana se arrisca a fazer alguns desenhos, mas não se sente segura para materializa-los. Seu pai era um grande alfaiate e sua mãe uma estilista francesa, ela não se sente a altura deles.

Joana Burton, com tantas qualidades e defesas acabava se tornando intimidadora e só poucas pessoas conseguiam encara-la. Annalize a admira por ter tanta força e coragem, pensa que não aguentaria isso tudo se estivesse no lugar dela.

- Mas me diga – diz Joana depois do abraço – foram mesmo os presentes, olha que estou atrasada.

- Não Joana – diz Annalize ainda com um sorriso – você sabe que não.

- Eu sei – diz num tom mais baixo – recebi sua carta, precisamos conversar não é mesmo?

Annalize assente.

- Mas antes abra seu presente, eu sei que não se compara ao que o senhor talentoso ali te deu, mas...

Luke que estava distante observando tudo se surpreende ao perceber que foi mencionado. Estava se sentindo invisível, mas finge não se afetar. Annalize pega o embrulho e começa a abrir.

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