Capítulo 46 - Noites Sem Estrelas

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Os cavalos relinchavam enquanto a carruagem ganhava velocidade. Frank balançava as rédeas com força e gritava com os animais. Will e Luke se entreolharam, interrompendo a conversa que estavam tendo em meio aos solavancos, estranhando aquela movimentação. O som alto das ferraduras encontrando o chão misturava-se com o das rodas de madeira, praticamente quicando sobre a superfície.

- Você quer nos matar! – Gritou Thomas, tentando tomar as rédeas e levar a carruagem o mais longe possível do barranco à esquerda.

Em meio a uma luta corporal, Thomas consegue pegar as rédeas e dar um soco em Frank, que cai para trás, mas se segura. Os cavalos escorregam entre as rochas empoçadas.

- O que está havendo?! – Luke grita do lado de dentro.

- Seus miseráveis! – Gritou Will, que caiu de onde estava sentado, quando a carruagem fez uma curva.

Neste momento, Frank ergueu-se e puxou sua arma em direção a Thomas.

- Largue as rédeas – ele disse entre dentes.

Thomas olhou-o rapidamente, surpreso e voltou-se para a estrada. Ele não compreendia por que Frank estava arriscando a vida de todos ali. Pensou em pegar sua arma, mas Frank poderia atirar nele antes. Enrolou uma rédea no pulso e com a mão livre, tentou tirar a arma da mão de Frank. Com um medindo forças contra o outro, a rédea se solta do pulso de Thomas e a carruagem corre desgovernada. A arma escapa das mãos de ambos e Frank consegue levantar a perna, chutando o peito de Thomas o jogando para trás. Este fica levemente tonto ao bater a cabeça.

Mais uma curva se aproximava, e era certo que a carruagem tombaria pelo vale a baixo. Frank se preparava para pular o mais distante possível, com a história pronta em sua cabeça, de que era o único sobrevivente de um terrível acidente com os prisioneiros e o bravo soldado Thomas.

Mas de repente, um som oco atravessa todos os outros e ele sente uma dor profunda no peito. Olha para baixo e vê seu uniforme começar a ser manchado de sangue. Vira-se para trás com um olhar aterrador. Thomas, ainda caído, havia pego sua Colt do coldre e atirado nas costas de Frank. A bala atravessou seu peito. Frank caiu da carruagem e as rodas traseiras, passaram sobre seu corpo.

Um Thomas cambaleante tenta recuperar as rédeas, mas é tarde de mais. A curva chega e o peso da carruagem arrasta as rodas derrapantes e os cavalos, que inutilmente tentavam correr contra a beira do desfiladeiro.

...

- Doutor, qual cela? – Dizia uma voz doce.

- Uhn, deixe-me ver... – Diz o médico, balançando os dedos sobre a testa enquanto pensava – a última do bloco três.

- Sim senhor, com licença - A enfermeira Jenna retira-se, para levar Annalize da enfermaria para seus novos aposentos. Em uma maca, Annalize ouve o som de ferro rangendo, murmúrios e gemidos.

- Jenna... Jenna... Quando será sua vez de ficar trancada aqui em?

- Meus... Meus ca...Cabelos...

- Cabelo cresce! Não aguento mais te ouvir. Que tal trocarem essa daí por essa infeliz?

- Deixe-a em paz Magnólia.

- Você também poderia ser trocada... Só faz chorar!

- Silêncio, por favor – diz a enfermeira.

- Pelo menos essa não chegou gritando... Nossa! Você é forte...

Depois de ter sido colocada sobre uma cama baixa por dois sentinelas, sob a supervisão de Jenna, Annalize pisca os olhos devagar. Só consegue enxergar o cinza a sua volta. Tenta erguer a cabeça, mas ela lateja. Os barulhos do ferro rangendo chamam sua atenção novamente.

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