Esperando Annalize do lado de fora, Lorenzo viu uma grande carruagem fechada encostar-se próxima aos portões. Ele passeava os olhos entre a grande casa e o céu, tentando imaginar o que a moça estaria fazendo. Ele estava a postos na carruagem, caso Annalize precisasse sair de lá depressa.
- Pode aproveitar essa festa o quanto quiser – dizia a jovem ao seu tio – mas quando a verdade vir à tona, essas pessoas que bajula cuspirão em você.
Daguerre soltou uma gargalhada e deu uma olhada para a janela.
- Eu sei aproveitar as oportunidades que a vida me dá – ele diz voltando-se para ela.
Annalize fez expressão chocada.
- A vida lhe dá? Ou você tira dela? Ou melhor, tira vidas?!
- Isso é uma acusação muito séria, não admitirei ser ofendido assim em minha própria casa – Daguerre disse indignado.
Os olhos de Annalize já estavam vermelhos de raiva, que só aumentava a cada palavra proferida, em cada tom dissimulado. Ela olhou ao seu redor procurando algum apoio, como Arthur, Cliver, ou o próprio delegado, mas os mesmos não haviam sido convidados.
- Essas pessoas não fazem ideia de quem você é – ela diz encarando o tio novamente, com asco – você vai cair... Nos seus próprios laços.
Daguerre sentiu um arrepio, mas não se deixou abalar com aquelas palavras. Algumas pessoas tinham suas atenções voltadas para aquele canto do salão, não era como se Annalize estivesse sendo discreta e silenciosa em seu tom de voz. Daguerre achou que aquele seria o momento certo.
Segurou uma mão de Annalize com força, a puxando para o centro do salão, como se fossem se juntar aos casais que dançavam. Annalize tentou soltar-se, mas era em vão. Daguerre parou a sua frente a aturdindo e aproximando-se um pouco, falou baixo.
- Você tem razão. Eles não sabem quem eu sou, mas eu vou lhe contar – ele para de falar por um momento para sorrir e acenar a alguém que passava por perto e volta a falar calmamente, para que somente ela ouça – Eu sou o homem que matou seu pai, que colocou a culpa em outra pessoa, que vai arrancar cada rosa desse jardim – ele pega uma taça e dá um pequeno gole diante de uma Annalize petrificada – eu vou possuir tudo o que era de George – ele parece saborear as palavras e afrouxa o aperto em sua mão – inclusive a sua mãe.
Annalize puxa a mão presa com força, esbarrando em alguém com o movimento e acaba derrubando a taça de Daguerre. Todos se voltam para a cena.
- Assassino! – ela diz entre dentes – você é um monstro! Monstro!
- Não fique assim, eu posso possuir você também – ele sussurra.
A música para fazendo com que o som do forte tapa que Annalize dá em Daguerre seja ouvido por todos. O prefeito e Dr. Hall se aproximam e Daguerre limpa o filete de sangue do canto dos lábios.
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Pedra Negra
RomantizmNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...